Fed e BCE entre inflação e taxas de juro: onde investir em 2025?

Obrigações em euros com mais potencial com a probabilidade de crédito mais barato na zona euro
Obrigações em euros com mais potencial com a probabilidade de crédito mais barato na zona euro
As políticas monetárias divergentes da Reserva Federal e do Banco Central Europeu afetam as oportunidades de investimento em 2025?
Nos EUA, a incerteza quanto à inflação e ao mercado de trabalho sugere prudência, mas não retira os trunfos a este mercado. Na zona euro a probabilidade de crédito mais barato abre espaço para oportunidades em obrigações em euros.
Os investidores acompanham atentamente a evolução dos preços nos Estados Unidos, onde as tarifas de Trump podem encarecer as importações e aumentar a inflação. O impacto é relevante porque o consumo representa cerca de 70% do PIB americano. Se os preços subirem demasiado e as famílias perderem poder de compra, a economia ressentir-se-á.
Além disso, a Reserva Federal deve assegurar a estabilidade dos preços e, em simultâneo, contribuir para o pleno emprego da economia norte-americana. O segundo objetivo pressupõe que a Fed desça as taxas de juro diretoras para tornar o crédito mais barato, suportando o consumo e o investimento.
Porém, só é uma opção se a evolução dos preços estiver sob controlo. Como a taxa de inflação tem preocupado, e ainda está em 2,7%, há vários meses que a Fed opta por manter as taxas diretoras.
Porém, após a quebra aparente do mercado de trabalho e as pressões de Trump sobre a Fed, a postura mudou e é agora provável, pelo menos, uma descida das taxas em setembro.
Recomendamos a compra de ETF dedicados aos mercados norte-americanos de ações e obrigações. Contudo, diversifique a carteira incluindo outros mercados com potencial.
Na zona euro, o cenário é diferente. Desde maio, a taxa de inflação ronda 2%, alinhada com os objetivos do Banco Central Europeu (BCE). A descida dos preços da energia, resultante da queda do petróleo e da valorização do euro face ao dólar, desempenhou um papel importante.
Mesmo o índice subjacente, que exclui energia e alimentos, regista apenas 2,4%, e os preços dos serviços, fonte relevante de inflação, estão a abrandar.
A principal explicação para esta moderação é a fraca procura privada. Ao mesmo tempo, com os Estados Unidos a restringirem importações, muitos produtos são desviados para outros mercados, sobretudo europeus.
Se a Europa não adotar medidas protecionistas, a concorrência poderá intensificar-se e exercer pressão em baixa sobre os preços. Neste momento, vários membros do comité de política monetária do BCE receiam não um aumento da inflação, mas um crescimento demasiado fraco dos preços ou mesmo deflação.
Com um débil crescimento económico no segundo trimestre (+0,1% face ao trimestre anterior) e a inflação dentro da meta, o BCE pode aguardar para avaliar o impacto das tarifas americanas no comércio mundial antes de alterar as taxas de juro. Mas justificar uma nova descida será mais fácil para o BCE do que para a Reserva Federal.
Para economias muito endividadas, a perspetiva de crédito mais barato agrada claramente aos investidores.
A existência de crédito mais barato suporta a atividade económica na zona euro, sobretudo onde as famílias recorrem amplamente ao financiamento. No entanto, há fatores estruturais que travam o potencial da Europa: enquadramento regulatório, fiscalidade pouco competitiva e energia mais cara do que noutras regiões.
O relatório Draghi recordou que o mercado único continua incompleto em vários setores. Soma-se a perda de liderança em setores onde a Europa dominava, infraestruturas envelhecidas e insuficiente capacidade de inovação face a concorrentes da América ou da Ásia.
No campo das novas tecnologias e da transição energética, a Europa é dominada por gigantes americanos e chineses, respetivamente.
No curto prazo, a situação é menos preocupante. O crédito mais barato e um mercado de trabalho dinâmico, com carência de mão-de-obra em vários setores, devem sustentar a atividade. A longo prazo, a Europa está a perder competitividade e terá mais dificuldades para crescer.
No curto prazo, o crédito mais barato constitui uma boa notícia para a zona euro. Porém, no médio e longo prazo, os desafios estruturais permanecem relevantes, limitando o potencial de crescimento económico na zona euro.
Há oportunidades de compra nos mercados acionistas europeus, mas preferimos a seleção e o investimento direto em empresas específicas.
Não recomendamos fundos e aos ETF dedicados às ações europeias em geral. No entanto, aconselhamos que inclua fundos/ETF especializados em obrigações denominadas em euros.