Energia: como investir em ETF de renováveis e nuclear

Os investidores devem considerar uma exposição limitada e diversificada aos ETF do setor energético
Os investidores devem considerar uma exposição limitada e diversificada aos ETF do setor energético
Sim, mas com cautela. Apesar do potencial de crescimento, o setor das energias alternativas enfrenta dificuldades acentuadas devido à pressão política nos EUA, rendibilidade limitada e concorrência elevada.
Investidores devem considerar exposição limitada e diversificada, usando ETF focados em energia limpa ou nuclear, e sempre numa ótica de longo prazo.
As energias renováveis e o nuclear estão no centro do debate global sobre o futuro energético. A maior parte dos países aposta fortemente nesta transição, quer por razões ambientais, quer por questões de segurança energética. A procura global por eletricidade continua a aumentar, e fontes com baixas emissões são fundamentais.
Mas nem todos seguem o mesmo caminho. A administração Trump, nos Estados Unidos, reverteu políticas de incentivo às renováveis e promove os combustíveis fósseis, travando o avanço da transição energética no maior mercado mundial de capitais. Este fator tem impacto direto no desempenho das ações e ETF do setor.
Desempenho negativo nos últimos anos:
O setor da transição energética atravessa, há anos, um período bastante difícil em bolsa. O índice MSCI para as Energias Alternativas perdeu metade do valor nos últimos três anos. Um desempenho abismal e ainda pior tendo em conta que mercado acionista global acumula um ganho de 39% no mesmo período.
Muitas das empresas que produzem equipamentos são pouco rentáveis, face aos elevados investimentos. Além disso, o setor das energias renováveis continua a ser altamente fragmentado (muitas empresas), o que aumenta a concorrência e não promove a rentabilidade.
A única vantagem deste panorama desolador é que o nível de cotações apresenta rácios de valorização mais razoáveis. O rácio PER (cotação/lucros esperados) está agora em apenas 21 contra 20 da média histórica. Chegou a superar a fasquia dos 40 no início de 2021 quando a euforia em torno do setor era claramente excessiva.
No entanto, há apenas um ano, este indicador rondava os 17. Ou seja, apesar da queda das cotações, as perspetivas de lucros pioraram ainda mais.
É um setor com uma das maiores taxas de crescimento médio das vendas nos últimos cinco anos, mas não se tem traduzido numa evolução favorável das cotações lucros a problemas, como a elevada concorrência (sobretudo da China), juros ainda altos, encarecimento das matérias-primas e agora a hostilidade da administração Trump.
Sim. Existem ETF e fundos mais diversificados que investem não só em empresas de equipamentos para produção de energia, mas também em tecnologia, distribuição, armazenamento e infraestruturas.
ETF e fundos com melhor posicionamento:
DWS Invest ESG Climate Opportunities (LU1885667581)
Neste momento, apesar de as cotações estarem em níveis mais razoáveis, não são visíveis catalisadores para a atividade a médio prazo. Não aconselhamos uma aposta centrada no setor das energias renováveis.
Os produtos mais centrados em empresas que produzem equipamentos para a geração de energia renovável são de evitar, dado que a atividade é menos rentável e mais afetada pela concorrência.
Outros fundos incluem ações de empresas que oferecem soluções tecnológicas, infraestruturas e materiais necessários para a produção, armazenamento e distribuição de energia. Este mix de atividades aumenta a diversificação desses fundos e reduz o risco associado a negócios mais específicos.
Porém, estas estratégias que oferecem potencial de valorização são muito genéricas e estão algo afastadas das energias renováveis.
VanEck Uranium and Nuclear Tech UCITS ETF (IE000M7V94E1); ticker: NUKL
Ao contrário da alergia às renováveis, Donald Trump é fortemente favorável à energia nuclear, considerando-a essencial para garantir a independência energética dos EUA .
Em maio, assinou ordens executivas que visam acelerar o desenvolvimento da energia nuclear civil, diminuindo a regulamentação. Em destaque, os pequenos reatores modulares (SMR), considerados ideais para fornecer energia constante a setores como os centros de dados e de inteligência artificial.
A capacidade de potência vai até aos 300 MW, menos de um terço da capacidade de geração dos reatores tradicionais, mas podem ser construídos numa fábrica, transportados facilmente para o local de instalação e montados.
O objetivo de Trump é reforçar a autossuficiência dos Estados Unidos no abastecimento de combustível nuclear, promovendo a extração e o enriquecimento de urânio no território norte-americano.
A crescente necessidade de eletricidade, aliada à procura por fontes com baixas emissões é inquestionável, e a energia nuclear pode ser uma solução ambientalmente viável.
O Japão alterou a sua estratégia e reativou vários reatores. Espanha e Alemanha também podem reconsiderar os planos de encerramento de centrais nucleares. A China lidera e será responsável por metade de toda a expansão da capacidade até 2050. O tamanho da frota de reatores nucleares deste país ultrapassará a dos EUA até 2030.
Sim, mas com prudência. O setor enfrenta desafios, mas mantém relevância estratégica. Prefira fundos com diversificação geográfica e em atividades correlacionadas.
São voláteis. O capital não está garantido. A sua rentabilidade depende de políticas públicas, preços das matérias-primas e taxas de juro.
Está a ganhar espaço. Trump apoia fortemente, a China lidera globalmente, e até a Europa reconsidera o nuclear como fonte viável.