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Foi enganado ou burlado em plataformas de criptomoedas? O que deve fazer

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Nos ataques de phishing, os utilizadores recebem e-mails ou mensagens que imitam plataformas legítimas, pedindo que insiram as suas chaves privadas ou credenciais.

Publicado em: 11 junho 2025
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Nos ataques de phishing, os utilizadores recebem e-mails ou mensagens que imitam plataformas legítimas, pedindo que insiram as suas chaves privadas ou credenciais.

Conheça as principais burlas que acontecem sistematicamente no mercado de criptomoedas e como se deve proteger.

Por que motivo é que o mercado de criptomoedas tem tantas burlas?

No mercado de criptomoedas, a ausência de regulamentação clara, aliada à natureza descentralizada e ao entusiasmo em torno de projetos inovadores, tem contribuído para a proliferação de vários tipos de burlas. 

Quais os tipos de burla mais praticados neste mercado?

Ponzi

Esquema piramidal ou também conhecido por esquema Ponzi (Charles Ponzi foi o criador deste esquema no início do século XX) caracteriza-se por um suposto produto financeiro, com promessa de rentabilidades anormalmente elevadas. O pagamento do rendimento é feito à custa das entradas dos novos investidores, sem ter por detrás nenhum negócio real que sustente os rendimentos.

Ao não existir atividade real, os pagamentos dependem do recrutamento de novos investidores, o que faz com que o nível de responsabilidades aumente, de tal forma, que a um determinado momento o promotor deixa de cumprir com os compromissos assumidos fazendo com que os investidores tenham elevadas perdas.  

Rug pull

Outro tipo frequente de burla é o chamado “rug pull” (literalmente, puxar o tapete). Neste caso, os criadores de um novo projeto - muitas vezes uma criptomoeda (memecoin) ou um NFT - angariam grandes quantidades de capital junto de investidores, apenas para desaparecerem repentinamente, deixando os investidores com ativos sem qualquer valor.

Estes esquemas são comuns em plataformas DeFi (finanças descentralizadas), onde qualquer pessoa pode criar um token e promovê-lo com promessas exageradas.

Muitas vezes, estes esquemas são publicitados por celebridades ou até políticos, de uma forma fraudulenta e sem muitas vezes, terem a autorização dos mesmos, tudo para demonstrarem mais credibilidade. No entanto, é só uma questão de tempo até que essas criptomoedas e ditos projetos valham zero. 

No último ano, Trump e Milei, ambos estiveram envolvidos em polémicas em torno de criptomoedas.

Primeiro Trump, a janeiro de 2025, criou o TRUMP token, próximo à sua posse presidencial. Esta memecoin teve uma grande volatilidade inicial. Contudo, como as memecoins são extremamente especulativas, muitos investidores perderam dinheiro com as flutuações bruscas de preço. Segundo um estudo, das 764 058 carteiras que adquiriram a criptomoeda TRUMP, 58 ganharam milhões, e as restantes 764 mil perderam dinheiro. 

A 14 de fevereiro de 2025, Javier Milei publicou em suas redes sociais a promoção da criptomoeda $LIBRA, na blockchain SOLANA, associando-a a um projeto chamado "Viva la Libertad", que visava impulsionar a economia argentina através de investimentos privados.

Após a promoção, o valor do $LIBRA disparou de US$ 0,000001 para cerca de US$ 5,20 em menos de uma hora. No entanto, os fundadores, que detinham 70% do fornecimento total, venderam as suas participações rapidamente, causando uma queda abrupta de 85% no valor da moeda. 

As informações indicam que aproximadamente 74 mil investidores foram afetados, com perdas totais estimadas em cerca de US$ 286 milhões. Os fundadores e associados teriam lucrado aproximadamente US$ 87 milhões com a operação.

“Finfluencers” que trazem prejuízo

Também se encontram burlas através de falsos investimentos geridos. Os burlões apresentam-se como traders profissionais ou consultores financeiros, oferecendo serviços de gestão de portefólio. Muitas vezes utilizam perfis falsos em redes sociais e aplicações de mensagens privadas para convencer vítimas a transferir fundos, que depois são desviados, ou perdidos.

As falsas ICOs (ofertas iniciais de moedas) foram especialmente populares em 2017 e 2018, onde empresas inexistentes prometiam lançar projetos revolucionários, solicitando investimentos em criptomoedas. Na prática, tratavam-se de fraudes, e os responsáveis desapareciam com os fundos.

Phishing e outros tipos de hacks

Outro risco crescente são os ataques de phishing, nos quais os utilizadores recebem e-mails ou mensagens que imitam plataformas legítimas, pedindo que insiram as suas chaves privadas ou credenciais. Uma vez fornecidas essas informações, os burlões ganham acesso direto às carteiras e roubam os ativos.

Burlas com plataformas falsas

Existem ainda aplicações e plataformas falsas de negociação que simulam a compra de criptomoedas, mas na realidade não efetuam qualquer transação. As vítimas acreditam que estão a investir e até veem lucros simulados, mas ao tentarem levantar os fundos, descobrem que o dinheiro desapareceu.

PERIGO IMINENTE EM PORTUGAL – Várias pessoas têm recebido chamadas de vários países internacionais, alegando que têm bitcoins para poderem levantar, no entanto são-lhes pedidos de seguida, dados importantes como o IBAN (nunca divulgue essa informação a desconhecidos). Ou mesmo até é pedido para depositarem certa quantia para poderem levantar o suposto dinheiro que têm em criptomoedas. No entanto, o mesmo não passa de um esquema para levar as pessoas a enviarem dinheiro. Lembre-se, se nunca investiu em criptomoedas, é normal que não tenha criptomoedas. 

No geral, o mercado de criptomoedas oferece oportunidades legítimas, mas também exige uma vigilância extrema. É fundamental investigar bem cada projeto, desconfiar de promessas de lucros rápidos e nunca partilhar chaves privadas ou credenciais com terceiros.

Como se pode proteger de burlas com criptomoedas?

  • Desconfie de retornos “milagrosos”. Se soa bom demais para ser verdade, provavelmente não é. Não existem rendimentos elevados sem risco.
  • Verifique sempre a empresa ou projeto. Procure em fontes confiáveis: CoinMarketCap, SEC.gov, Banco de Portugal, entre outros.
  • Não siga conselhos de influencers sem verificar. Muitos foram pagos para promover esquemas sem saber (ou fingem não saber).
  • Nunca revele a tua seed phrase: é como a chave do cofre, quem tiver acesso a isso pode roubar tudo.
  • Use carteiras e apps oficiais. Só instale de fontes verificadas (sites oficiais ou lojas com verificação).
  • Verifique o endereço da carteira para onde envia fundos. Confirme em mais de uma fonte. Um único erro e o dinheiro desaparece.
  • Confirme a segurança do site, certifique-se de que o URL começa por https://
  • Não clique em links enviados por email ou SMS, nem utilize endereços gravados nos favoritos, opte por escrever sempre o endereço da instituição na barra de endereço.
  • Não siga instruções dadas por chamadas telefónicas recebidas que não solicitou. 

 

Sinal de Alerta Descrição / Porquê Desconfiar
Promessas de lucros garantidos Nenhum investimento em cripto é 100% seguro. Ganhos garantidos são um forte sinal de fraude.
Pressão para investir rapidamente Frases como “última chance” ou “não vais querer perder” visam criar urgência e evitar reflexão.
Falta de transparência Empresas ou indivíduos que não explicam claramente como funciona o negócio.
Pedido da tua seed phrase ou chave A sua chave privada NUNCA deve ser partilhada. Quem a tiver pode roubar tudo.
Aceitam só criptomoeda como pagamento Criptomoedas não têm reversão de transações — se enviar, dificilmente consegue reaver.
Perfis falsos nas redes sociais Influencers ou famosos falsificados, especialmente em anúncios a "dar dinheiro".
Uso excessivo de jargão técnico Linguagem complexa para intimidar ou esconder um esquema. Se não percebe, não invista.
Sites ou apps parecidas com os reais Sites falsos imitam exchanges reais para levar ao login e roubar os seus dados.
Sem contacto direto com pessoas reais Projetos sérios têm equipa visível, canais oficiais, suporte acessível.

 

Para que a possível burla seja investigada, é necessário que apresente queixa às autoridades. Ainda que se trate apenas de uma tentativa de burla, deve participá-la. Faça queixa à Guarda Nacional Republicana, Polícia Judiciária ou Polícia de Segurança Pública. Pode também utilizar o portal Sistema Queixa Eletrónica e apresentar queixa eletrónica. 

Conheça em maior detalhe os sinais de alerta.

Texto com a colaboração de Margarida Zacarias.

 
 

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