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de segunda a sexta-feira das 9h às 18hA principal característica de uma ação é ser um título de copropriedade, e não um título de dívida, como as obrigações. Uma ação não tem data, nem preço de reembolso. Cada ação dá direito a receber uma parte do que restar da empresa, em caso de falência ou liquidação, pelo que pode perder todo o capital investido.
Mas a expectativa de um investidor quando adquire ações é de que a empresa registe um crescimento sustentado dos lucros, já que é essa progressão que permite à cotação subir. Assim, os sucessivos acionistas poderão realizar mais-valias na venda dos seus títulos.
Por exemplo, se o investidor A comprar uma ação por 5 euros e, mais tarde, vendê-la ao investidor B por 7 euros, que, por sua vez, vai aliená-la a C por 8,50 euros... Na teoria, todos os investidores poderiam obter ganhos com o mesmo título. Mas seria ingénuo pensar que as ações estão sempre a subir. Ninguém sabe ao certo se uma determinada ação vai subir ou descer. É esta incerteza, somada à inexistência de garantia do capital, que faz das ações uma aplicação de risco.
No entanto, nem todas as ações estão sujeitas ao mesmo grau de risco, porque a situação das empresas que as emitem é diferente.
A solidez financeira de cada empresa é um dos aspetos mais importantes e depende de vários fatores: qualidade da gestão, evolução do volume de vendas e dos resultados, montante de dívidas de curto e longo prazo, etc. Os analistas financeiros procuram avaliá-los e, depois, emitem recomendações sobre as empresas, que podem ser bastante úteis aos investidores.
Mas a solidez financeira da empresa emitente não é o único critério para avaliar a segurança de uma ação. O risco do negócio também varia consoante o ramo de atividade. Por exemplo, a eletricidade e a banca são negócios com uma procura mais ou menos estável. O mesmo não acontece com o setor da pasta de papel, com oscilações frequentes.
É necessário avaliar a evolução da cotação. Para tal, os analistas utilizam várias técnicas e indicadores como, por exemplo, os Betas. Quanto maiores forem as flutuações do preço de uma ação, maior é o risco que ela apresenta.
Quanto mais elevado o risco de uma aplicação, maior é o rendimento que se pode esperar. Vários estudos a nível mundial confirmam que as ações sofrem, ao longo dos anos, maiores variações de valor do que as obrigações, por exemplo. Assim, se num ano sobem muito, no seguinte podem ter resultados completamente desanimadores (e vice-versa).
A curto prazo, se o momento da compra for bem escolhido, os ganhos podem ser consideráveis, mas também as perdas podem ser significativas. Para minimizar o risco, deve avaliar durante quanto tempo pode pôr de parte o dinheiro que pretende aplicar em ações. Isto porque o risco diminui à medida que o período da aplicação aumenta.
Quanto maior for a duração do investimento, menos o rendimento se afastará da média estimada. No primeiro ano, a margem de flutuação é enorme, mas depois vai diminuindo progressivamente.
A longo prazo (dez ou 15 anos), o risco é muito menor. Por isso, se puder dispor de parte do seu dinheiro durante um período suficientemente longo, pode com toda a tranquilidade optar pelo investimento em ações. Mas se há forte probabilidade de necessitar do dinheiro dentro de um prazo relativamente curto (um ou dois anos), é preferível escolher algo menos arriscado.
A probabilidade de receber menos dinheiro do que o aplicado, ao investir em bolsa durante apenas um ano, é bastante elevada. Ao fim de cinco anos, esse risco torna-se substancialmente inferior e, ao fim de 20 anos, o risco de perder dinheiro é quase nulo.
Estes resultados variam de acordo com o mercado considerado. As conclusões são as mesmas: o risco do investimento em bolsa diminui com o prazo de aplicação, ou seja, a possibilidade de perder dinheiro, por vender os títulos abaixo do valor pago, reduz-se ao longo do tempo.
"Não coloque todos os ovos dentro do mesmo cesto", isto é, minimize o risco, repartindo o dinheiro por vários títulos. Investir numa única empresa, mesmo que promissora, é muito mais arriscado que o conjunto da bolsa, independentemente.
Assim, o risco diminui quando o investidor detém uma carteira composta por diversas ações. Mas mesmo a melhor diversificação não elimina o risco de investir em bolsa (risco de mercado). Quando esta está numa fase desfavorável, a generalidade dos títulos segue essa tendência. É claro que umas ações caem mais do que outras, consoante o grau de oscilação seja superior ou inferior ao da bolsa no seu conjunto.
O risco de mercado apenas pode ser atenuado se o investidor diversificar além das ações, através de outro tipo de ativos como obrigações, imobiliário, derivados, entre outros. Quanto maior for a diversificação, menor é o risco do investimento bolsista.
Vários estudos demonstram que só se consegue uma boa diversificação escolhendo, pelo menos, uma dezena de títulos diferentes. Para isso, é necessário uma quantia considerável (a partir de 20 mil euros), já que quanto menor for o montante da carteira, maior será o peso relativo dos custos que o investidor tem de suportar.
Para alguns investidores, a única possibilidade de conseguirem uma boa diversificação é o investimento em ações através de um fundo.
Uma ação diz-se muito ou pouco líquida consoante um investidor possa comprá-la/vendê-la com rapidez e sem influenciar significativamente a sua cotação. Essa possibilidade depende da quantidade de transações, ou seja, do número de ações compradas/vendidas durante um determinado período de tempo.
Duas das medidas de liquidez mais utilizadas são a quantidade e o volume (cotação x quantidade) médio de ações transacionadas diariamente: quanto mais elevadas, mais líquida é a ação.
Pode acontecer que nem todas as ações de uma empresa estejam admitidas em bolsa ou o free float da empresa seja reduzido. Este corresponde à percentagem do capital que se encontra disperso em bolsa e que não constitui participações estratégicas (posições detidas por determinados acionistas numa perspetiva de longo prazo).
Por vezes verifica-se que as empresas apenas têm uma pequena parte do capital disponível para negociação, sendo que a grande fatia está nas mãos de acionistas estratégicos, família do proprietário ou outra empresa do grupo (chamado "núcleo duro").
As grandes companhias têm, obviamente, mais ações e também maior visibilidade, pelo que atraem um maior número de investidores particulares e institucionais. É natural que este tipo de ações tenha maior liquidez.
Na Euronext Lisboa, por exemplo, as ações mais transacionadas habitualmente são a EDP e BCP, que também são as com maior dimensão.
A liquidez também pode variar com o tempo. Em períodos de queda bolsista, há muitos investidores que saem do mercado acionista, originando uma redução generalizada do número de transações. Nesses períodos, a liquidez é mais reduzida.
Apesar de não ser crucial, a liquidez de uma ação é muito importante para a decisão do investidor. Garante que a todo o momento existe um preço de compra (preço mais elevado a que existem investidores interessados em comprar o título) e de venda (preço mais baixo a que existem investidores interessados em vender o título) com um intervalo não muito grande, o que facilita as transações.
A compra e venda de ações pouco líquidas inclui um risco de liquidez. Por exemplo, se uma empresa tem mil ações cotadas, certamente uma venda de 100 títulos faz cair a cotação. É natural que a ordem não seja total ou parcialmente executada, ou que a sua execução ocorra repartida em vários negócios. Isto é, se, por exemplo, quiser comprar 100 ações da empresa X, pode acontecer que, numa primeira fase, apenas estejam a vender 60 títulos ao preço que deseja comprar, e que só mais tarde consiga adquirir os restantes 40.
Esta fragmentação também implica maiores custos de transação. Não basta que uma empresa seja atrativa em termos fundamentais. Mesmo que seja adquirida a um bom preço, pode existir muita dificuldade para a vender, por não haver investidores interessados em comprar ao preço pretendido. É até possível que, devido à escassa liquidez, a ação demore muito tempo a ajustar ao valor fundamental da empresa, o que pode ser desesperante.
Por isso, evite títulos de liquidez reduzida, sobretudo em carteiras pouco diversificadas.
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