Diz a sabedoria popular que quem não arrisca não petisca. Com o dinheiro passa-se o mesmo. Poupar e investir são condições essenciais para fazer crescer o património. Um exemplo: se tiver um rendimento mensal de 1500 euros e poupar 10%, amealhará 45 000 euros ao fim de 25 anos. Mas se investir essas poupanças a uma taxa de 3%, conseguirá 66 688 euros, quase 50% a mais. Se aplicar a uma taxa de 7,5%, que só pode ser obtida de forma consistente e duradoura através do investimento em ações, alcançará 127 276 euros, quase o triplo do que poupou. Bons motivos para não ficar impávido à espera que o bolo das suas poupanças suba.
Disciplina financeira e mental
Pôr de lado todos os meses uma percentagem, maior ou menor, do rendimento é o primeiro passo. Essa percentagem pode variar ao longo do tempo, consoante o seu rendimento e nível de vida, mas sem poupança não há investimento. Como já percebeu, manter as poupanças à ordem, ou num produto a render menos do que a inflação, significa perder dinheiro.
Supondo uma taxa de inflação anual de 2%, objetivo definido por alguns dos principais bancos centrais mundiais, as suas poupanças daqui a 25 anos já só valerão, em termos reais, 35 300 euros e não os 45 000 que poupou. Ou seja, se não puser as suas poupanças a render mais do que a inflação, ficará, na prática, mais pobre. Como o investimento sem risco (depósitos, produtos do Estado, etc.) ou com pouco risco (obrigações) tem, no longo prazo, rendimentos mais baixos, para fazer a diferença, precisa de incluir ações na sua carteira, apesar de o risco ser mais elevado.
Comprar ações sem perceber os conceitos básicos de como funciona a bolsa é, no entanto, meio caminho para o desastre. Saiba como ser bem-sucedido.
Pré-requisitos
Criar um fundo de emergência e uma carteira diversificada
Antes de se aventurar na bolsa, deve poupar o equivalente a vários meses de salário (pelos menos seis) e investir em produtos financeiros sem risco e com uma liquidez imediata, como os depósitos. Só desta forma conseguirá ficar preparado para qualquer imprevisto que possa surgir: desemprego, doença súbita ou uma grande despesa inesperada. É o chamado fundo de emergência. Nunca se mexe nele, mas está sempre disponível.
Só depois de constituir este “pé-de-meia” deverá considerar a hipótese de comprar ações individuais, utilizando apenas uma parte do seu património e sempre como complemento de um portefólio mais diversificado, que deve incluir fundos de ações (compostos por títulos de diferentes países e setores) e fundos de obrigações (em diferentes moedas, de emissores públicos e privados). Também pode dedicar uma parte da sua carteira de investimento a produtos de dívida pública, PPR, seguros, etc.
Aceitar o risco elevado
De todos os produtos de investimento clássicos, as ações são as que sofrem maiores oscilações de preço. Em termos financeiros, significa que têm maior “volatilidade”. Por isso, para criar uma carteira de ações é preciso estar disposto a aceitar essa volatilidade e a possibilidade de, em certas alturas,ter a sua carteira a desvalorizar.
Se é totalmente “alérgico” a perdas potenciais, mesmo que momentâneas, e sabendo que, no longo prazo, os ganhos serão significativos, talvez seja melhor não investir em ações. Se aceitar o risco, deverá, ainda assim, tomar algumas medidas de precaução para minimizar perdas potenciais. Como verá a seguir, as principais são diversificar e investir numa ótica de longo prazo.
Gostar de investir e ter tempo disponível
Investir em ações requer um certo grau de envolvimento. Não adianta ficar cinco dias por semana e 24 horas por dia atrás do computador, mas é importante manter-se informado sobre os títulos em que investiu. Também deve estar atento à atualidade dos mercados acionistas e de outras empresas, que possam ser interessantes para investir no futuro.
Se está a começar e não tem conhecimentos técnicos, não recomendamos que embarque nesta aventura sozinho. Assine uma ou mais revistas especializadas, como a PROTESTE INVESTE, leia notícias financeiras em jornais, procure informações adicionais das empresas na internet, avaliando sempre a credibilidade e a expertise das fontes que consulta.
Gestão do risco
Um dos aspetos fundamentais na criação de uma carteira de ações é uma boa gestão do risco, um dos aspetos mais vezes negligenciado. Como referimos, há duas estratégias: uma boa diversificação por vários mercados geográficos e setores de atividade, e investir numa perspetiva de longo prazo.
Diversificação
Uma carteira de dez ações é, claramente, menos arriscada do que investir em apenas um ou dois títulos. A razão é simples: se estiver a perder em algumas ações, poderá compensar as perdas com retornos potencialmente positivos noutras, porque nem todos os mercados e setores são afetados da mesma maneira pela conjuntura económica. Logo, uma carteira de, pelo menos, 10 ações é uma das melhores formas de reduzir o risco. Não é uma garantia absoluta, mas é essencial.
Aplicar com eficácia a regra da diversificação implica um montante mínimo de investimento de 10 000 euros. De facto, se investir menos de 1000 euros em cada empresa, o peso dos custos de transação cobrados pelo seu intermediário financeiro acabará por “engolir” uma parte significativa da possível rentabilidade. Razão pela qual aconselhamos aplicar um mínimo de 1000 euros por cada título. Este é o minimo recomendável para investir diretamente em ações. Se quiser aplicar montantes bem mais reduzidos, opte por investir indiretamente através de fundos e de ETF.
Investir no longo prazo
Quanto mais curto é o seu horizonte temporal, mais especulativo é o investimento em ações. Ninguém consegue prever, com o mínimo de rigor, o que acontecerá a curto prazo. Por isso, nenhuma estratégia de investimento em ações funciona bem em todos os momentos. Há sempre alturas em que o investidor tem de aceitar um desempenho inferior, pelo menos em algumas ações.
Para “suavizar” as consequências dos eventos de curto prazo e permitir que a sua estratégia dê frutos, o horizonte de investimento deve ser suficientemente longo. O mínimo são cinco anos, mas o ideal é que sejam mais de dez. Logo, apenas deve aplicar diretamente em ações o dinheiro que tem a certeza que não lhe fará falta a curto prazo. Ter paciência e saber esperar são qualidades fundamentais num investidor. Se anseia ficar rico depressa, é melhor não investir na bolsa. Mais facilmente perderá o seu dinheiro do que o fará crescer.
Escolher as ações
O primeiro grande desafio para criar uma carteira de ações é escolher as empresas. Por norma, deve escolher companhias financeiramente sólidas, pouco endividadas, líderes nos mercados e setores em que operam e com boas perspetivas de crescimento. É também importante que tenham uma boa remuneração acionista, quer através de dividendos quer através da compra de ações próprias. Contudo, é preciso ter em conta o preço a que estão cotadas. Comprar uma boa empresa a um preço elevado pode ser um mau investimento, embora seja sempre preferível a adquirir uma má empresa a um preço baixo.
Para identificar as melhores ações, deve avaliar a cotação e as perspetivas de crescimento e de resultados da empresa, utilizando indicadores que comparam o preço do título com o seu desempenho económico-financeiro. Consulte a metodologia desenvolvida pela PROTESTE INVESTE, e utilize o comparador de ações para identificar as ações mais interessantes.
Selecionar
Mesmo depois de ter uma lista das ações mais atrativas, terá de fazer escolhas. Como vimos, o critério primordial que deve usar é o da diversificação. O ideal é ter uma carteira com 20 a 30 ações, mas como a sua gestão é muito difícil, adquira 10 a 15 ações de empresas ativas em diferentes países e setores. Se, ainda assim, tiver dúvidas sobre que títulos escolher, siga a carteira de ações da PROTESTE INVESTE, ou as nossas carteiras temáticas: americanas, europeias e com bom dividendo. Ao aderir ao protocolo com o Banco Carregosa, pode replicar a nossa carteira sem qualquer esforço adicional, uma vez que a gestão do portefólio (escolha dos títulos e momentos de compra e venda) fica exclusivamente a cargo da PROTESTE INVESTE, sendo a execução das ordens da responsabilidade do banco.
Em 2023, até ao final de novembro, a carteira de ações da PROTESTE INVESTE rendeu mais de 20%, um valor acima dos principais índices bolsistas. Depois de ter um bom leque de ações individuais, é essencial acompanhar a sua evolução. Caso o preço suba muito (situação ideal) ou as perspetivas da empresa se degradem, entre outras razões, deverá vendê-la e, eventualmente, comprar outra(s) para substituí-la. Outro aspeto importante é manter cerca de 10% do valor da carteira em liquidez, para poder aproveitar boas oportunidades de investimento que possam surgir sem ter de vender algum título.
O intermediário financeiro certo
Para ter uma carteira de títulos, comprar e vender ações, é necessário utilizar os serviços de um banco ou corretora autorizados. Terá de abrir uma conta de valores mobiliários junto da instituição que escolher, na qual as suas ações serão depositadas. O preçário dos serviços de negociação em bolsa pode variar bastante de instituição para instituição. Mais do que parece à primeira vista, estes custos têm uma influência significativa na rentabilidade global da sua carteira.
Descubra, no dossiê de corretagem da PROTESTE INVESTE, os bancos e corretoras que aplicam as taxas mais vantajosas. Por norma, as corretoras online têm comissões mais baixas e são, por isso, mais vantajosas. De qualquer forma, é quase sempre preferível optar por uma estratégia de buy and hold, isto é, comprar as ações e mantê-las por muito tempo, a não ser que haja desenvolvimentos na empresa que justifiquem a sua venda. Ao comprar e vender ações com frequência suportará muito mais custos e, sobretudo, tenderá a tomar muitas decisões erradas e emocionais. A estabilidade na gestão de uma carteira de ações é um fator importante para obter uma boa rentabilidade.
Por sua conta
Investir diretamente em ações uma parte das suas poupanças (o limite para um investidor prudente é não colocar mais de 25% do património) é quase sempre uma boa decisão, porque permite fazer crescer o seu dinheiro muito mais rapidamente. Contudo, é preciso adotar uma estratégia bem diversificada e um horizonte temporal de investimento suficientemente longo, para ser bem-sucedido.
Se já tem alguma experiência em investimento de ações, talvez consiga fazê-lo sozinho. Nesse caso, escolha uma estratégia que seja adequada à sua situação e capacidades. Dependendo dos objetivos, é útil levar em consideração a idade, bem como a sua situação financeira, social e profissional. Uma pessoa de 50 anos, com um emprego estável, sem filhos dependentes ou hipoteca da casa, terá, em princípio, maior disponibilidade para investir em ações do que uma pessoa de 25 anos, que ainda está no início da vida ativa.
Como referimos, gerir ativamente uma carteira de ações pode muito rapidamente implicar despender algumas horas por semana. Uma boa alternativa à criação da sua própria carteira de ações é investir num ETF de ações mundiais. Exige montantes mais pequenos de investimento e proporciona uma muito boa diversificação.
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