MTU Aero Engines: perfil
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Os fundamentais do grupo são sólidos e a avaliação é atrativa.
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Os fundamentais do grupo são sólidos e a avaliação é atrativa.
Num setor dominado por gigantes como a Safran ou a Rolls-Royce, a MTU Aero Engines tem origem nos grupos BMW e Daimler-Benz. O grupo estrutura a sua atividade em torno de duas áreas principais:
- A primeira é a produção de motores civis (26% da receita), que se baseia em programas de grande escala, como o Geared Turbofan (GTF), desenvolvido em parceria com a Pratt & Whitney e que equipa a família de aviões mais vendida da Airbus, o A320NEO.
A MTU detém uma quota de 18% neste programa e de aproximadamente 16% no consórcio de motores V2500, o que lhe confere uma forte presença no mercado de aeronaves monomotor.
A sua expertise estende-se também aos motores militares (8% da receita), através de projetos estratégicos europeus, como o FCAS e o EURA.
- A segunda é a manutenção de motores (66% da receita), que é o grande polo de crescimento do grupo. Como fornecedor independente, a MTU realiza anualmente a revisão de mais de 1 300 motores diferentes, gerindo também a reparação, peças de substituição e aluguer de motores.
A MTU beneficia de um mercado de MRO (manutenção, reparação e revisão) em rápido crescimento, impulsionado por atrasos nas entregas de novas aeronaves e por frotas envelhecidas.
A manutenção de aeronaves tornou-se, por isso, um mercado dinâmico, estimado em 119 mil MD em 2025, que deverá manter-se dinâmico até ao final da década, uma vez que, embora a Boeing e a Airbus tenham planos ambiciosos para aumentar as entregas, o tráfego aéreo continua a crescer.
Graças à sua ampla cobertura em diversas gamas de motores, a MTU está a capitalizar plenamente este ciclo de crescimento, renovando contratos e aumentando a sua quota de mercado na reparação e leasing, o que mais do que compensa as flutuações da produção.
Os resultados realçam o crescimento da MTU: entre 2020 e 2024, a receita aumentou de 4,2 mil milhões de euros (ME) para 7,4 mil ME (+76%) e o lucro líquido progrediu 350%.
Este ritmo reflete a forte procura e a execução bem-sucedida da estratégia do grupo, apesar do impacto financeiro dos problemas técnicos relativos ao GTF em 2023. Para 2025, a empresa projeta uma receita entre 8,6 mil ME e 8,8 mil ME, confirmando a toada ascendente.
A MTU foca-se também na inovação e investe em tecnologias sustentáveis, exemplificadas pelo desenvolvimento do Turbofan Revolucionário e da Célula de Combustível Voadora, projetos concebidos para reduzir a pegada de carbono e antecipar os futuros padrões ambientais.
Este esforço reforça a sua posição como fabricante líder de motores na transição energética do setor aeronáutico.
A curto prazo, os principais riscos são a gestão do programa GTF, cujos custos de garantia terão impacto no cash flow até ao final de 2026.
Além disso, a MTU está exposta ao risco cambial euro/dólar: um aumento de 5 cêntimos no euro representa uma perda de 30 ME no lucro operacional. A longo prazo, a empresa é sensível à natureza cíclica do transporte aéreo e às suas exigências ambientais.
Com um PER (rácio Cotação / Lucro) de 19 para 2026, a MTU está razoavelmente avaliada, abaixo da Safran ou da Rolls-Royce, devido ao impacto do GTF. A empresa quer ter um crescimento do lucro de pelo menos 25% e uma liquidez entre 350 e 400 ME (183 ME em 2024), metas que confirmam o seu bom momento.
Além disso, prevemos um crescimento sustentado do lucro por ação para lá de 2026. O programa GTF está a sair da sua fase inicial e a MTU está bem posicionada para continuar a ganhar quota no crescente mercado de manutenção.
Além disso, como mais de 70% dos equipamentos vendidos estão associados a contratos de manutenção, a receita recorrente está garantida durante muitos anos. Esta visibilidade, reforçada por uma carteira de encomendas substancial de 24 mil ME, deverá ajudar a sustentar a valorização das ações. Pode comprar.