AB InBev, Alphabet, Microsoft, Melexis
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
 
                    Microsoft aumenta os seus investimentos em 74%
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
 
                    Microsoft aumenta os seus investimentos em 74%
AB InBev 
Manter
No terceiro trimestre, o lucro operacional (EBITDA) aumentou 3,3% em termos comparáveis, superando as previsões. O fabricante de cervejas belga-brasileiro continua, assim, a evidenciar resiliência numa conjuntura comercial difícil. 
A estratégia centrada nas cervejas premium permitiu um crescimento orgânico do volume de negócios de 0,9%, apesar de uma queda global dos volumes de 3,7%. Embora esta estratégia melhore as margens, o aumento dos preços reduziu a procura por parte dos consumidores mais sensíveis. 
Os mercados emergentes (nomeadamente China e Brasil) permaneceram frágeis, com uma procura inferior ao esperado que continuou a penalizar os volumes globais. Apenas a região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) registou uma ligeira subida dos volumes (+0,1%), em particular graças ao dinamismo do mercado sul-africano. 
A deceção nos volumes foi compensada pela disciplina na gestão das margens. Além disso, com o lançamento de um novo programa de compra de ações próprias no montante de 6 mil milhões de dólares e o adiantamento de um dividendo de 0,15 euro por ação, a AB InBev demonstra rigor na gestão da tesouraria e na redução do endividamento. 
Apesar das dificuldades persistentes ao nível dos volumes, a AB InBev continua a demonstrar uma gestão eficiente das margens graças à sua estratégia de “subida de gama”. Além disso, o anúncio de uma nova compra de ações próprias reforça a confiança na solidez financeira e no compromisso com os acionistas. A cotação parece corretamente avaliada. 
Alphabet 
Manter
O gigante da pesquisa online apresentou resultados trimestrais acima do esperado. O crescimento do volume de negócios acelerou para 16%, o ritmo mais elevado desde o primeiro trimestre de 2022. 
Na Publicidade (73% das receitas), a progressão foi de 12,6%, o que dissipa os receios sobre o impacto da inteligência artificial generativa nas receitas publicitárias.
As ferramentas AI Overviews e AI Mode, integradas no motor de pesquisa Google e baseadas na tecnologia Gemini, formulam respostas diretas às perguntas dos utilizadores e registam um elevado nível de satisfação. Na divisão Cloud, (15% das receitas), o volume de negócios aumentou 34% no trimestre, com uma margem operacional de 24% (17% há um ano).
Grande parte dos investimentos previstos para este ano (+75%) destina-se precisamente a esta área, cuja expansão reduz a dependência das receitas publicitárias, mais expostas aos riscos regulatórios. Revemos em alta as estimativas de lucro por ação: 10,7 dólares em 2025 e 11,3 dólares em 2026. 
Os resultados trimestrais confirmam a capacidade da Alphabet para manter as suas posições dominantes na publicidade e na pesquisa online, apesar da IA generativa. As ferramentas de IA da Google demonstram boa aceitação por parte dos utilizadores e a divisão Cloud continua a reforçar o peso no grupo. 
Microsoft 
Comprar
A Microsoft apresentou resultados do primeiro trimestre do exercício 2025/26 (encerra a 30 de junho) em linha com expectativas. A dinâmica positiva mantém-se: volume de negócios +18% e o lucro por ação +23% em termos comparáveis. 
Para o trimestre atual, prevê +15% de receitas, impulsionada pela plataforma de cloud computing Azure, cujas receitas deverão crescer 37% (+40% no primeiro trimestre), um ritmo superior ao dos concorrentes que confirma o ganho de quota de mercado. A administração salientou que, sem limitações de capacidade, o crescimento teria sido ainda mais forte.
Assim, justifica o aumento de 74% dos investimentos. O objetivo é reforçar a infraestrutura para se manter na vanguarda da inteligência artificial. Neste domínio, a Microsoft clarificou a relação com a OpenAI (ChatGPT), da qual detém 27% do capital, avaliado em cerca de 135 mil milhões de dólares.
A ligação operacional entre as duas empresas será menos estreita no futuro, o que poderá libertar capacidade nos centros de dados para clientes mais rentáveis. Mantemos as previsões de lucro por ação: 15,6 dólares para 2025/26 e 17,9 dólares para 2026/27. 
Os investimentos nos centros de dados continuarão a aumentar significativamente, garantindo à Microsoft uma posição de liderança na Inteligência Artificial. 
Melexis 
Comprar
No terceiro trimestre, face ao mesmo período do ano anterior, o volume de negócios da Melexis recuou 13,1%, a margem operacional desceu de 25,9% para 17,6% e o resultado líquido caiu 46,2%. Estes valores estão, contudo, em linha com as estimativas dos analistas e ligeiramente acima das previsões da própria empresa. 
A Melexis continuou a expandir o seu portefólio de produtos, com três novos lançamentos no terceiro trimestre, totalizando nove nos primeiros nove meses do ano. 
Paralelamente, a Melexis reduziu a dependência do setor automóvel, que representa agora 88% do volume de negócios, face a 90% em 2024, reforçando a presença em aplicações industriais, nomeadamente na robótica. 
Para o conjunto de 2025, a Melexis estima agora um volume de negócios entre 840 e 845 milhões de euros, ligeiramente acima da previsão anterior (835 a 845 milhões), apesar de uma conjuntura marcada pela fraqueza do dólar e pelos problemas de abastecimento relacionados com a Nexperia, fabricante de chips automóveis de gama inferior, cujas dificuldades poderão afetar a produção automóvel e, consequentemente, a atividade da Melexis. 
Mantemos uma postura mais prudente e revemos em baixa as estimativas de lucro por ação para 2,95 euros em 2025 (antes 3), 3,65 euros em 2026 (antes 4) e 4,15 euros em 2027 (antes 4,35). Ainda assim, continuamos confiantes. O curto prazo poderá continuar exigente, mas as perspetivas de longo prazo permanecem sólidas.