Os lucros dos primeiros 9 meses da Corticeira Amorim subiram 10,6% para 64,2 milhões de euros (0,482 euros por ação) comparativamente ao mesmo período do ano passado, e as vendas cresceram 24%, para 790,3 milhões de euros.
No entanto, o incremento dos custos de energia, de algumas matérias-primas não cortiça e com pessoal comprimiram as margens. O rácio EBITDA/vendas dos primeiros 3 trimestres do ano foi de 16,6% e desceu face ao semestral (18%) e também em relação ao período homólogo (17,3%).
Esta redução das margens e uma possível contração das vendas nos próximos períodos, devido às expectativas de recessa,o não são boas notícias para a Corticeira.
Para além disso, no final de setembro, a dívida remunerada líquida era de 113,5 milhões de euros, um aumento significativo quando comparado com os 29,9 milhões de euros um ano antes. Apesar do aumento parecer preocupante, este nível de dívida não é inédito na empresa, por exemplo no final de 2020 situava-se nos 110,7 milhões de euros.
A divida foi reduzida durante 2021, mas agora voltou a aumentar devido aos investimentos na Saci e Cold River's Homestead. Tendo em conta que a expectativa de retorno destes investimentos é elevada, o aumento de dívida não é preocupante. Ainda assim, neste contexto de aumento das taxas de juro, reduzir a divida será sempre uma prioridade.
Por estas razões, a cotação bolsista caiu 5% no dia seguinte à apresentação destes resultados.
Ainda assim, a empresa comunicou também que vai propor um dividendo extraordinário de 0,09 euros por ação à Assembleia Geral de Acionistas. A somar aos 0,2 euros por ação pagos em maio, o valor dos dividendos pagos em 2022 pode, assim, chegar aos 0,29 euros brutos por ação. Esta decisão está assente nos resultados de 2022 que serão inegavelmente robustos, mas as expectativas para os próximos meses começam a esbater-se.
O nosso conselho
Alguns sinais de abrandamento das vendas e a contração das margens levam-nos a rever ligeiramente em baixa as previsões de lucros por ação, esperando agora 0,65 euros (antes 0,67) em 2022 e 0,69 euros (antes, 0,71) em 2023. Mantenha o título em carteira.
Cotação à data da análise: 8,92 euros