Seguros de capitalização de taxa fixa: quanto rendem?

Os produtos para aplicar as poupanças a médio e longo prazo, com capital garantido, são escassos. Praticamente, não existem depósitos com prazos superiores a 5 anos. Os planos mutualistas do Montepio, nomeadamente os das séries Capital Certo, emitidos todos os meses, são a 3 e 5 anos. 

Quanto aos títulos do Estado, os Certificados do Tesouro Poupança Valor estendem-se até aos 7 anos, ao passo que a série F dos Certificados de Aforro tem um prazo máximo de 15 anos. Sobram os seguros de capitalização a 3, 5 e 8 anos.

Não é fácil para a maioria dos aforradores entender a diferença entre eles. Veja o que os distingue. 

Depósitos a longo prazo 

Cada vez menos bancos arriscam taxas de juro para períodos longos. Nos prazos de 3 e 5 anos, a melhor taxa do mercado é 3,1% bruta (2,2% líquida), do Banco BAI. Segue-se a oferta do Banco BNI Europa (2,5% brutos).

Todavia, não permite a mobilização antecipada, um aspeto importante que deve ter em atenção quando escolhe um depósito a prazo. Se surgir algum gasto imprevisto, fica impedido de resgatar as poupanças. Por último, há apenas um depósito a 8 anos, no Crédito Agrícola, que proporciona 1,25% brutos (0,9% líquidos).

Títulos do Estado menos atrativos 

Até há pouco tempo, os Certificados de Aforro eram a melhor opção a médio e longo prazo para quem queria aplicar as poupanças sem arriscar. Com o surgimento da série F, em junho de 2023, o seu interesse diminuiu.

A taxa-base, que varia em função da Euribor a 3 meses, mantém-se em 2,5% desde o lançamento. Embora tenha um prémio de permanência, que varia entre 0,25% (segundo ao quinto ano) e 1,75%, nos últimos dois anos, as perspetivas são de descida da Euribor nos próximos tempos, pelo que o rendimento a curto e médio prazo poderá ser inferior.

Neste momento, se aplicar, por exemplo, pelo prazo de três ou cinco anos, supondo que a taxa-base dos Certificados não se altera, a taxa anual efetiva líquida (TAEL) é de 2 por cento.

Já os Certificados do Tesouro Poupança Valor são ainda menos interessantes. As taxas fixas, crescentes, variam entre 0,7% e 1,6% brutas. A partir do terceiro ano acresce um prémio em função da taxa de crescimento real do PIB (limitado a um máximo de 1,50% em cada ano).

Se aplicar por 3 anos, conseguirá uma TAEL de apenas 0,5% (0,6% a 5 anos). Se levantar apenas no final do prazo de 7 anos, garante 0,7% líquidos ao ano. Poderão acrescer alguns pozinhos em função do PIB, mas não acreditamos que rendam mais de 0,9 por cento.

Cinco seguros em comercialização 

Pontualmente, vão surgindo alguns produtos sob a forma de seguro de capitalização, com taxa fixa. Isto é, no momento da subscrição, a remuneração está definida. Como referimos, este tipo de seguros, que garante o capital e o rendimento, escasseia.

A Lusitania Vida tem em subscrição, desde setembro, três seguros de capitalização, mas apenas um deles tem taxa fixa definida para todos os anos. Trata-se do Lusitania Investimento Taxa Fixa 2024. O prazo é de 3 anos e o rendimento 2,2% bruto ao ano durante todo o prazo. Em termos líquidos, proporciona 1,6%, ficando abaixo dos melhores depósitos nesse prazo (2,2%) e até dos Certificados de Aforro (2%), como pode confirmar em baixo.

Por ser difícil prever a evolução das taxas a longo prazo, é cada vez mais frequente as seguradoras definirem uma taxa fixa apenas para o primeiro ano e, nos seguintes, o rendimento variar em função de uma taxa de referência, como a Euribor. Esta é a forma que encontraram para evitar que os seguros de capitalização proporcionem um rendimento muito desfasado da realidade.

Veja-se o exemplo dos dois produtos da Lusitania Vida (Lusitania Investimento 2024 – 1.ª série e 2.ª série, a 5 e 8 anos, respetivamente). É apenas conhecido o rendimento do primeiro ano (2,8% brutos). Nos anos seguintes, corresponde a 70% da média da Euribor a 12 meses, e está limitado entre 0,25 e 5 por cento.

Também o Real Vida Super Rendimento (Série 10), com o prazo de 8 anos e um dia, apresenta um rendimento anual que corresponde a 70% da média mensal da Euribor a 12 meses, do penúltimo mês anterior à data de vencimento anual do contrato. Na prática, terá sempre uma taxa inferior à Euribor, o que é pouco interessante, já que, certamente, encontrará no mercado depósitos com melhor remuneração.

Por fim, o Aforro 4, comercializado no Banco Best, rendeu 0,4% brutos ao ano, nos últimos três anos. Será preciso dizer mais? A taxa é fixada no final de cada ano para o ano seguinte. Um dos aspetos menos positivos dos seguros de capitalização (e também dos planos mutualistas, que veremos a seguir) são as penalizações em caso de resgate antecipado. Apesar de serem produtos de capital garantido e de baixo risco, corre o risco de receber menos do que aplicou, se resgatar logo nos primeiros anos.

  Seguros de capitalização com taxas e prazo fixo

Planos do Montepio 

Anteriormente analisámos os planos mutualistas, referindo como exemplo o Poupança Expresso Net 2024-2027 (3 anos), que rende 1,8% líquidos ao ano, e o Poupança Mutualista Prazo 5.1 2024-202 (5 anos e um dia), que rende 2,2 por cento.

Apesar de terem uma remuneração interessante, carecem de um mecanismo externo de proteção aos investidores. Ainda assim, têm a vantagem de, à semelhança dos seguros de capitalização, terem uma menor taxa de imposto sobre o rendimento: 22,4%, se aplicar entre cinco e oito anos; e 11,2% acima de oito anos.

Abaixo de cinco anos, paga os mesmos 28% que os restantes produtos de poupança (depósitos, Certificados de Aforro ou do Tesouro). Para ter o benefício fiscal, as entregas na primeira metade do contrato devem representar, pelo menos, 35% da totalidade da aplicação.

Em resumo, como pode ver no quadro abaixo, os melhores depósitos batem os restantes produtos de capital garantido nos prazos até 5 anos. Apesar de os planos mutualistas proporcionarem, neste prazo, a mesma taxa, são penalizados pelo resgate antecipado. Acima de 8 anos, ganham os Certificados de Aforro. Têm a vantagem de permitirem reforços a partir de 10 euros. Todavia, a taxa-base deverá cair no futuro.