Como posso controlar as minhas despesas e ainda assim poupar dinheiro para os meus objetivos?
O segredo está em conhecer detalhadamente o seu orçamento, registar receitas e gastos por categoria e aplicar pequenas otimizações em áreas-chave — como habitação, alimentação, transportes e serviços essenciais.
Ajustar despesas ao rendimento, renegociar contratos e adotar hábitos de consumo mais conscientes permite alcançar poupanças reais sem comprometer o bem-estar familiar.
O impacto do consumo na felicidade e nas finanças pessoais
O ser humano, para garantir a sua sobrevivência, precisa de satisfazer aquilo que se designa por necessidades básicas: alimentação, habitação, vestuário, educação e saúde. Depois, existem outras que, não sendo imprescindíveis, são importantes para o nosso bem-estar, tais como, comprar roupa de uma determinada marca, subscrever um serviço de streaming, inscrever-se no ginásio, etc.
Assim sendo, o consumo, para além do estritamente necessário para sobreviver, está intimamente ligado à obtenção de satisfação ou felicidade. Adquirimos um determinado bem pelo prazer proporcionado pelo seu consumo, porque contribui para a nossa felicidade, porque queremos ter uma determinada experiência ou até para procurar aceitação social.
O marketing explora sabiamente estes sentimentos com vista a promover os produtos. A publicidade procura transmitir a ideia da obtenção de uma experiência única, agradável e que irá aumentar a nossa… felicidade.
Porém, existe um fator muito importante que pode comprometer este desígnio, podendo inclusive tornar o consumo contraproducente na procura da felicidade. Referimo-nos ao orçamento que cada um tem disponível para consumir.
O consumo descontrolado pode comprometer as finanças pessoais. Daí a importância de gerir bem as nossas despesas, para que a busca por felicidade não se transforme em infelicidade.
Como controlar as despesas sem abdicar dos seus objetivos
O primeiro passo para conseguir controlar as despesas é conhecê-las. Registar todas as saídas de dinheiro, bem como as respetivas entradas, por categorias, é a única forma de conhecer o seu perfil de gastos e a sua situação financeira exata. Ao distribuir os gastos pelas diversas categorias, torna-se mais fácil identificar eventuais problemas e onde poderá tomar medidas.
O objetivo deverá ser assegurar as necessidades básicas da família, mas conseguir também obter alguma poupança, de maneira a alcançar outros objetivos que exijam mais dinheiro.
Para isso, é preciso ajustar o montante das despesas ao nível de rendimento. Se este não for suficiente para garantir as despesas essenciais, é necessário procurar formas de aumentar os rendimentos. Porém, neste artigo, vamos focar-nos nas despesas, mostrando formas de as reduzir sem pôr em causa outros objetivos da família.
Para isso, é importante que comece a “pagar-se a si próprio primeiro”, isto é, que coloque de lado uma parte dos seus rendimentos logo no início e não no final do mês, como fazem inúmeras famílias portuguesas.
Por exemplo, se definir uma percentagem de poupança inicial de 10%, irá procurar ajustar as despesas do mês aos restantes 90%.
Embora pareça não ter ligação direta com o controlo das despesas, este simples gesto contribui para melhorar a gestão das despesas, já que ao colocar dinheiro de parte, sabe que o esforço de controlo dos gastos tem um propósito: conseguir poupar para concretizar alguns dos seus desejos/sonhos.
Estratégias eficazes para gerir bem as despesas
Quando elaboramos o orçamento, definimos rubricas principais, que são geralmente transversais a todas as famílias, a saber: habitação, alimentação, transportes, serviços essenciais, educação e saúde. Dentro de cada categoria, há várias despesas e cada uma delas pode ser otimizada.
De seguida, vamos passar pelas principais despesas das várias categorias, procurando fornecer formas de analisar se está a gastar o dinheiro de forma eficiente, avaliar alternativas e como pode reduzir o montante despendido.
Reduzir os custos com a habitação
Comecemos por aquela que é, normalmente, a principal despesa das famílias: a habitação. Infelizmente, são poucas as famílias que conseguem ter casa sem ter de suportar um encargo mensal, seja a prestação do crédito à habitação ou a renda.
E, segundo as estatísticas, mais de metade das famílias portuguesas sentem dificuldade em suportar os encargos com a habitação, excedendo os 40% do rendimento mensal, acima do limite máximo recomendado: a taxa de esforço com a habitação não deve exceder o limite máximo recomendável de 35%.
Mas, mesmo que não exceda o referido limite, esta é uma componente do orçamento familiar onde qualquer redução representa, geralmente, várias dezenas de euros de poupança mensal.
Comecemos pelo crédito, pois em Portugal, cerca de 3 em 4 famílias vivem em casa própria, valor bastante acima da média da União Europeia que ronda os 50%. Para além de aspetos culturais, a compra de uma casa tem sido vista como um investimento para as famílias, constituindo a sua maior riqueza patrimonial.
Os financiamentos para compra de casa em Portugal são, maioritariamente, feitos através de contratos de taxa variável. Apesar de, como resposta à subida das taxas de juro, terem surgido mais ofertas de taxa fixa e mista no mercado, o peso da taxa variável situa-se acima dos 60%.
Este tipo de contrato, como o nome indica, caracteriza-se por uma revisão periódica da taxa de juro cobrada, que resulta de duas componentes: o indexante e o spread.
Contratos de Taxa de Juro Variável:
Taxa de juro = Indexante (Euribor) + Spread
Normalmente, o indexante utilizado no nosso país, para estes efeitos, é a Euribor em uma das suas maturidades, a 3, 6 ou 12 meses. E o que é a Euribor? É um indicador que traduz a taxa de juro a que os bancos emprestam dinheiro entre si na zona euro.
Para efeitos dos contratos de crédito à habitação de taxa variável, o que conta para a determinação da taxa de juro, é a média mensal dos valores diários do mês anterior ao da assinatura do contrato de financiamento.
Por exemplo, se um contrato foi assinado em maio, será a média mensal do mês de abril. O valor aplicado ao contrato é revisto trimestral, semestral ou anualmente, em função do indexante escolhido.
Já o spread equivale à margem de lucro do banco nos contratos de crédito à habitação. Trata-se de um fator comparativo importante na escolha do crédito. Os bancos fazem variar o spread em função do montante do empréstimo, da percentagem de financiamento vs. garantia, do prazo e do perfil de risco do cliente.
Mas o envolvimento comercial deste com a instituição bancária, nomeadamente ao nível do património financeiro, domiciliação de vencimentos ou pensões e produtos contratados, assim como o nível de rendimentos auferidos e estabilidade dos mesmos, pode persuadir o banco a baixar esta margem.
Se a alteração do indexante poderá ser pouco significativa, a redução do spread pode trazer poupanças significativas a curto e longo prazo. Contudo, estes não são os únicos aspetos que se podem alterar num contrato de crédito à habitação.
Pode-se reduzir o montante em dívida fazendo amortizações antecipadas, alterar o prazo, solicitar um período de carência, estabelecer um valor residual ou mudar o tipo de taxa.
De entre as várias opções de renegociação, excetuando a amortização de capital, a redução do spread é a única inteiramente vantajosa, sem implicações indesejadas, como o aumento do custo total do crédito a longo prazo.
Veja um exemplo de quanto poderia baixar uma prestação de 577,91 euros, relativa a um empréstimo de 100 mil euros, com um prazo de 20 anos, indexado à Euribor a 6 meses e com um spread de 1 por cento.
Amortizar o Crédito
Se tem algumas poupanças, esta é a melhor solução para reduzir, de uma forma global, o peso do crédito da casa. Antes de avançar com a amortização, se tiver esse dinheiro aplicado, compare a taxa de juro do empréstimo com a taxa de rentabilidade líquida do produto em questão.
Se a taxa do crédito for superior, então, amortize. Ganha duplamente: não só reduz a prestação e o encargo global com os juros, como poupa no prémio do seguro de vida. A única desvantagem é que fica sem poupanças ou, pelo menos, sem uma parte.
Amortização: 15.000€
Prestação revista: 491,22€
Poupança mensal: 86,69€
Renegociar o Spread
Excluindo uma eventual amortização, esta é a única solução de renegociação que lhe permite baixar o custo total do financiamento. Se tem um spread superior a 1,2%, com facilidade encontrará melhores propostas. Faça simulações noutros bancos e confronte a sua instituição de crédito.
Caso o seu banco não queira acompanhar a melhor proposta da concorrência, pondere transferir o crédito para outra instituição. Se tem um spread abaixo dos 1,2%, também pode renegociálo, embora a poupança obtida seja menor.
Redução: de 1% para 0,75%
Prestação revista: 565,17€
Poupança mensal: 12,74&euro
Alargar o Prazo
Para aliviar o peso da prestação no orçamento mensal, pondere alargar o prazo para pagamento do empréstimo. Se optar por esta solução, logo que a sua situação financeira o permita, tente voltar a reduzir o prazo. Esta solução implica sempre um acréscimo de encargos com os juros. Neste caso, de mais 10 846,73 euros, até ao final do contrato.
Alargamento: de 20 anos para 25 anos
Prestação revista: 498,48€
Poupança mensal: 79,43&euro
Pedir um Período de Carência
A forma mais eficaz de reduzir significativamente a prestação, no imediato, é através de um período de carência, durante o qual pagará apenas juros. O alívio no encargo mensal é inegável, mas, em contrapartida, o crédito sofre um aumento de custos: como, durante o período de carência, o capital em dívida não sofre qualquer alteração, haverá mais juros a pagar – 6919,92 euros, neste exemplo.
Carência de capital: 2 anos
Prestação revista: 288,33€
Poupança mensal: 289,58&euro
Estabelecer um Valor Residual
Pode ainda transferir uma percentagem do capital em dívida para uma prestação única, no final do contrato, e assim reduzir o valor das prestações atuais. No entanto, assim que possível, tente ir amortizando o valor residual porque esta solução também resulta em mais dinheiro pago ao banco.
Além de a prestação final ser de montante muito elevado, o encargo global com os juros aumentará substancialmente em 17 299 euros.
Última prestação: 25.000€
Prestação revista: 433,43€
Poupança mensal: 144,48&euro
Mudar Para Taxa Mista
Durante o período de forte subida das taxas de juro nos mercados, e para tentar atenuar o impacto nas prestações, os bancos apresentaram propostas competitivas de taxa mista, com um período inicial de taxa fixa de até dois ou três anos, seguido de um regime de taxa variável.
Esta poderá ser uma boa solução para baixar a prestação da casa, se o valor proposto no período inicial for inferior às médias da Euribor. Mas, atenção, se, eventualmente, decidir amortizar o crédito no período de taxa fixa, terá a pagar uma comissão de 2% do valor amortizado.
Taxa fixa: de 2,25% durante 2 anos
Prestação revista: 517,81€
Poupança mensal: 60,10&euro
Trocar o Indexante
Como vimos, os contratos de taxa variável são compostos por um indexante de referência (Euribor a 3, 6 ou 12 meses) a que acresce um spread, em função do risco do cliente. Normalmente, quanto maior for a maturidade do indexante, maior é, geralmente, o seu valor.
Contudo, em períodos de descida das taxas de juro, pode ocorrer uma inversão neste princípio, tornando-se o indexante com maior maturidade aquele que apresenta o menor valor. Por isso, alterar o indexante para outros prazos gera uma poupança, no imediato.
Trocar a Euribor 6 meses pelo indexante a 12 meses
Prestação revista: 579,96€
Poupança mensal: 2,72€
Para além destes aspetos relacionados diretamente com o contrato de crédito, há outros aspetos passíveis de renegociar. Referimo-nos aos seguros de vida e multirriscos exigidos para a contratação de um crédito a habitação.
Se vai contratar um seguro de vida para o crédito à habitação, opte por um seguro temporário anual e renovável. É válido por um ano e renova-se automaticamente por iguais períodos até que uma das partes, seguradora ou consumidor, o termine.
Os prémios são calculados consoante o capital e a idade das pessoas seguras. Como a probabilidade de falecer aumenta com a idade, os prémios são crescentes: quanto mais velho ficar mais paga. No entanto, o capital em dívida é menor. A subida do prémio vai depender da tarifa da seguradora.
Para além da renegociação periódica dos prémios que deve efetuar, existe um outro aspeto a considerar e que lhe poderá permitir poupar várias dezenas de euros no prémio. Os bancos, ao conceder o crédito, propõe a subscrição destes seguros em seguradoras associadas a eles, em troco de uma redução do spread.
Contudo, é normal que os prémios praticados nestes casos sejam bastante superiores aos praticados em seguradoras fora da instituição bancária. A diferença no prémio pode ser de tal ordem que pode compensar a perda da bonificação no spread, justificando a subscrição dos seguros fora do banco.
O mesmo se pode passar no, também exigido, seguro multirriscos. Todavia, neste caso, a poupança obtida costuma ser menor e, por isso, pode não compensar a transferência para fora do banco. É uma questão de fazer contas e comparar propostas.
No site da Deco Proteste encontra simuladores, quer para o crédito à habitação, quer para os seguros, onde pode colocar os seus dados e verificar se existem propostas com melhores condições do que as suas. Se isso acontecer, não tenha pudor em contactar o seu banco ou seguradora e confrontá-los com as condições na concorrência.
Na larga maioria dos casos, as instituições aceitam rever as condições do cliente de modo a não perderem os contratos. Pode parecer, à partida algo complicado, mas normalmente o banco que pretende receber o financiamento trata do processo e suporta, muitas vezes, as despesas inerentes, nomeadamente de avaliação do imóvel, de estudo do processo e dos registos notariais. Se isso não acontecer, não se esqueça de avaliar estes custos para verificar a viabilidade da transferência.
Nesta área da habitação, uma nota final para as despesas com condomínio. Estas despesas são uma realidade para cerca de metade das famílias portuguesas que vivem em prédios.
Para estas, a quota do condomínio é uma realidade, cujo montante não depende de cada um dos proprietários, mas da gestão comum do condomínio. E é aqui que devem ser analisadas eventuais poupanças com as despesas comuns: eletricidade, água, despesas bancárias, manutenção e gestão do condomínio.
Para além de procurar as opções mais adequadas e/ou renegociar contratos para cada uma das rubricas anteriores, geralmente, é na gestão do condomínio que é mais fácil obter poupanças significativas.
Optar por uma gestão interna, através dos condóminos, em vez de entregar a uma empresa externa, normalmente significa poupar várias dezenas de euros todos os anos.
Dicas para poupar em alimentação e supermercado
Outra das despesas principais das famílias é a alimentação e outros bens essenciais para a nossa vida diária. Existem inúmeras dicas que são partilhadas nesta área. Começando, pela alimentação, o planeamento das refeições é a forma mais prática de conseguir ter uma alimentação saudável e mais económica, reduzindo o desperdício.
Este planeamento também permite preparar as compras que são necessárias e pesquisar as ofertas dos vários supermercados existentes na área de residência, aproveitando promoções ou descontos periódicos.
Outra estratégia passa por avaliar as vantagens de ter o cartão de cliente (se existir) das superfícies comerciais mais utilizadas e utilizar criteriosamente os descontos concedidos, optando sempre por cartões de fidelização que não tenham crédito associado, pois não corre o risco de ter custos acrescidos com juros se utilizar o plafond disponível e não fizer os pagamentos mensais na totalidade.
As refeições fora, incluindo os pequenos-almoços ou cafés, assim como os pedidos take-away, são muito cómodas, mas representam normalmente um custo adicional, quanto comparados com as refeições elaboradas em casa. Por isso, se precisa de reduzir as despesas, esta é uma das áreas onde poderá ser mais fácil cortar.
Reduzir o número de refeições fora, optar por alternativas mais em conta ou passar a beber o café em casa, pode representar uma poupança significativa ao final do mês e do ano.
Vejamos um exemplo simples: se tiver o hábito de beber o seu café matinal na pastelaria, desembolsando diariamente 0,60€, no final do ano terá gastado 219€ neste ritual diário.
O mesmo exercício pode ser feito em relação às refeições fora de casa. Se puder optar pela marmita, certamente irá colocar muitos euros no bolso ao final do ano. Muitas vezes é apenas uma questão de disciplina e organização.
Cortar despesas nos serviços essenciais sem perder qualidade
Esta é uma área com um peso crescente nas contas mensais das famílias e que ao longo dos anos tem assumido um caráter cada vez mais fixo. Falamos dos designados serviços essenciais: eletricidade, água, gás, telecomunicações e televisão.
Como dificilmente conseguimos abdicar deles, o segredo está em encontrar as opções mais ajustadas às nossas necessidades. Com exceção do fornecimento de água, que devido às suas características não tem ofertas alternativas, em todos os restantes casos existem vários operadores que podem apresentar propostas mais vantajosas.
O segredo principal para uma boa gestão destas faturas passa por, pelo menos uma vez por ano, analisá-las e comparar as nossas condições com as ofertas existentes no mercado.
Se todos os dias trabalha em troco de uma remuneração, porque não dedicar um dia por ano para “trabalhar para si” e fazer este estudo comparativo que lhe poderá render dezenas de euros ao final do ano? Na Deco Proteste disponibilizamos vários simuladores que lhe dão a melhor proposta em cada um dos serviços mencionados, em função do seu perfil de consumo.
Comece por analisar as suas reais necessidades em cada serviço. Será que precisa de 200 canais, se não vê mais do que uma dúzia deles ou passa o tempo ligado às plataformas de streaming? É apenas um exemplo das perguntas que deve colocar para verificar as suas reais necessidades.
Só desta forma poderá estabelecer o seu verdadeiro perfil de consumo, que irá utilizar na pesquisa das ofertas existentes no mercado. Após realizar a pesquisa de mercado, se encontrar soluções mais económicas para as suas necessidades, confronte o seu atual fornecedor com as propostas encontradas. Na larga maioria dos casos, as empresas tentam não perder o cliente, revendo as condições do contrato.
Se tiver de mudar de operador, verifique se não se está no período de fidelização, pois tal implica uma penalização financeira para o consumidor que dificilmente é compensada pela poupança gerada pela mudança.
Não existindo a referida penalização, o processo de transferência do contrato é relativamente simples e geralmente sem custos. A empresa para onde vai transferir o contrato normalmente trata de todo o processo, implicando pouco trabalho por parte do cliente.
Poupar nos transportes e avaliar alternativas ao automóvel
A mobilidade é essencial para todos nós, para nos deslocarmos para o trabalho, para levar as crianças à escola ou para fins de lazer. Numa família, geralmente todos os elementos têm necessidades diárias de deslocação que podem ser satisfeitas através de várias alternativas.
No nosso país, devido a problemas estruturais com as redes de transportes públicos, o automóvel tem sido o meio privilegiado de transporte. Mas, principalmente, nos centros urbanos existem alternativas como os transportes públicos ou partilha de bicicletas e trotinetes.
Comecemos por aquele que constitui o maior encargo das famílias nesta matéria: o automóvel. O primeiro custo com este meio de transporte dá-se logo na compra, que representa um montante significativo. Mas os custos com a propriedade do automóvel não se esgotam na sua aquisição.
A partir do momento que “dê à chave” à sua nova viatura passa a ter de contar com vários encargos periódicos. Para além do combustível, seja ele fóssil ou elétrico, conte ainda com o seguro e o imposto de circulação (IUC), para além daqueles já desembolsados na compra (Imposto Automóvel e IVA).
A esta fatura acrescente ainda a necessária manutenção e substituição de peças, como os pneus, baterias, etc. E isto sem contar com eventuais percalços, como avarias ou acidentes.
Junte ainda às contas, eventuais portagens que tenha de suportar nas suas deslocações e custos com estacionamento, se for o caso. Resumindo, a propriedade e utilização de um automóvel representa um encargo bastante significativo e não estamos a incluir aqui a desvalorização que o mesmo sofre com o passar dos anos. Por isso, deve ser uma aquisição muito ponderada.
A primeira grande decisão nesta área passa logo pela compra. Adquirir uma viatura nova ou usada? O custo mais elevado da opção por um carro novo poderá não compensar os custos com manutenção que tendem a aumentar com o passar dos anos.
É também nos primeiros anos de vida de um automóvel (geralmente até aos 4 a 5 anos) que a mesma sofre a maior desvalorização. O principal fator de decisão é o dinheiro que tem disponível para a aquisição.
Com base nisso, deverá procurar a viatura, que corresponda às suas necessidades, mas que tenha um valor adequado ao seu orçamento. É certo que existem financiamentos específicos para este tipo de aquisições, até com taxas de juro atrativas, mas só devem ser utilizados em último recurso, já que vai pagar muito mais por algo que, no fim, valerá muito menos.
Antes de avançar para um financiamento, há algumas recomendações que pode seguir.
- Pagar o carro a pronto sai mais barato, pois não pagará os custos associados ao crédito.
- Caso tenha de recorrer a algum tipo de financiamento, compare as condições do crédito automóvel e de leasing e ALD no seu banco e em outras instituições financeiras, optando pela que apresentar menor TAEG. Esta taxa inclui todas as despesas associadas ao crédito.
- Simule vários montantes e prazos para amortizar o empréstimo com o crédito automóvel ou leasing e ALD e fique a conhecer a sua escolha acertada no comparador de financiamento automóvel da DECO PROteste.
- Esteja atento a campanhas a decorrer em stands automóveis e compare a TAEG com as Escolhas Acertadas.
Opte pelo montante estritamente necessário para financiar a compra do seu carro e pelo prazo mais curto possível, até 48 meses, se possível, para amortizar o crédito. Caso tenha de pedir um prazo superior para suportar a prestação mensal, procure fazer amortizações antecipadas sempre que tiver algum dinheiro disponível.
Quanto às restantes despesas relacionadas com a utilização do automóvel, em relação aos impostos não existem muitas alternativas, tirando optar por um modelo que pague menos IUC. Mas pode procurar um seguro que tenha as coberturas pretendidas e com um prémio mais baixo.
As apólices de seguro automóvel incluem um conjunto alargado de coberturas. Além do seguro obrigatório, é possível subscrever coberturas extra, como a assistência em viagem, a proteção jurídica e os danos no próprio veículo originados por choque, colisão ou capotamento, queda de raio, incêndio ou explosão, furto ou roubo, fenómenos naturais (como tempestades ou inundações) ou vandalismo. A idade do veículo influencia a escolha das coberturas. Por exemplo, optar por danos próprios normalmente só se justifica nos primeiros 5 anos da viatura.
A manutenção é outra das áreas onde uma pesquisa pelas várias alternativas pode resultar em vários euros a mais na sua carteira. Atualmente, efetuar as revisões fora da marca não significa perder a garantia, desde que seja respeitado o plano oficial determinado pela marca.
Desta forma, pode pedir orçamentos em várias oficinas, que cumpram os planos de revisão oficiais, e procurar a solução mais em conta, não sendo obrigado a ir à própria marca.
Mas o encargo principal com a utilização de um automóvel passa pelo combustível. Optar pelos designados postos de combustível low-cost, aproveitar as promoções das marcas principais, utilizar cartões de fidelização, que permitem não só descontos no combustível, mas também noutras marcas associadas, tais como supermercados, são estratégias que permitem reduzir este encargo com a sua viatura.
É com alguma facilidade que consegue obter reduções nos preços dos combustíveis que podem rondar os 25%. As viaturas elétricas permitem um custo com a sua utilização menor do que as alternativas com motores a combustão, mas essa poupança só é garantida se optar por carregamentos em casa, em vez dos postos públicos, onde os preços são bastante superiores.
Como podemos constatar, a propriedade e utilização de um automóvel é sinónimo de um conjunto variado de encargos que pesam nas carteiras das famílias. Por isso, pondere bem as alternativas existentes, nomeadamente em termos de transportes públicos.
Para além do valor fixo com o passe mensal, que até pode ser gratuito em vários casos, não incorre em todas as despesas inerentes à utilização regular de uma viatura.
Gerir os custos com educação e material escolar
Outra das despesas que sobrecarrega as famílias, principalmente no final do verão, são os encargos com a educação das crianças. Apesar de a oferta pública ser vasta, quer no ensino escolar como pré-escolar, nos últimos anos o aumento da procura levou muitas famílias a optar pelo ensino privado, o que significa suportar uma mensalidade.
Esta última opção deve ser avaliada apenas se o orçamento familiar o permitir, pois frequentar um estabelecimento de ensino privado normalmente traduz-se num custo anual que ultrapassa facilmente os 5.000€.
A vida de estudante implica ainda outros encargos, como por exemplo, com manuais, caso não tenha acesso aos mesmos de forma gratuita. Se for o caso, aproveite campanhas de desconto que as editoras lançam para aquisições com antecedência.
Também no restante material escolar, planear as compras necessárias normalmente traduz-se em poupanças significativas que podem ajudar o orçamento familiar a superar este período difícil do ano. Se tiver várias crianças no ensino, aproveitar materiais de uns anos para os outros é mais uma forma de conseguir poupar, para além de dar um contributo positivo para o ambiente.
Muitas crianças têm atividades extracurriculares, que normalmente têm um custo associado, não só pela frequência, como pelos equipamentos necessários. Neste último caso, pondere a possibilidade de adquirir equipamento em segunda mão.
É com alguma facilidade que encontra ofertas nos sites especializados, em bom estado, e com um custo menor do que na loja. Avalie com cuidado a necessidade das mesmas, pois muitas vezes as próprias escolas já têm atividades integradas ou têm protocolos com associações que as disponibilizam a preços inferiores.
Pesquise também se a Câmara Municipal ou a Junta de Freguesia não tem oferta nesta área. Normalmente, os custos associados são mais reduzidos. Analise ainda se não está a sobrecarregar demasiado a agenda das crianças, pois também necessitam de tempo livre para simplesmente brincar ou descansar.
Reduzir despesas com saúde e seguros médicos
Outra componente a ter em conta na gestão do orçamento familiar consiste nas despesas com a saúde. Entre medicação, consultas de rotina e tratamentos, é com facilidade que se acrescentam vários euros aos encargos mensais da família.
Em termos de acesso aos cuidados de saúde, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua a ser a opção mais barata, podendo recorrer ao médico de família ou ao hospital, sem custos, para além das comparticipações nos medicamentos e tratamentos prescritos.
Contudo, são conhecidos os problemas crescentes de acesso ao SNS: ausência de médico de família, urgências fechadas e longas listas de espera para consultas da especialidade ou cirurgias.
A forma de atenuar os custos é através do recurso a um seguro ou a um plano de saúde, que a troco de um custo anual ou mensal, permitem diminuir a fatura com o acesso aos serviços privados. Mas são instrumentos diferentes que convém avaliar.
Os planos de saúde disponibilizam o acesso a redes convencionadas de clínicas e hospitais, com quem negociaram previamente uma tabela de descontos para cada serviço.
Muitos consumidores confundem-nos com seguros de saúde, mas, na verdade, são bem diferentes: não disponibilizam plafonds anuais, não impõem períodos de carência e não têm limites de idade para adesão ou permanência.
Qualquer consumidor adulto pode contratar um ou vários planos e começar a usá-los de imediato, beneficiando dos descontos que oferece nos estabelecimentos com os quais tem acordos.
Antes de contratar, convém verificar a rede de estabelecimentos na região, os descontos que oferecem e cruzar as áreas que abrangem (por exemplo, acesso a médico ao domicílio, medicina dentária, internamento ou consultas e exames) com as suas necessidades.
Ao contrário dos planos de saúde, os seguros disponibilizam um conjunto de coberturas, e a cada uma delas corresponde um plafond anual. Se o utilizador gastar mais do que o capital contratado, a seguradora não suporta qualquer comparticipação até à data de renovação da apólice.
Entre as coberturas mais procuradas estão hospitalização, ambulatório (que inclui consultas de especialidade, exames e tratamentos) e estomatologia. Mas as apólices mais completas podem incluir medicamentos, doenças graves e acesso a redes de bem-estar e lazer, entre outras.
Se o seguro de saúde não faz parte do seu pacote salarial, avalie as coberturas que necessita e simule os respetivos prémios de modo a encontrar a melhor oferta para si. Na Deco Proteste temos simuladores que o ajudam nesta tarefa, assim como protocolos nesta área.
No que diz respeito à medicação, a opção pelos genéricos revela-se normalmente a mais acertada, em termos financeiros. No caso de tomar medicações não sujeitas a receita médica, faça uma pesquisa em várias farmácias e para farmácias, incluindo através da internet, pois é comum conseguir encontrar diferenças de preço significativas para os mesmos artigos.
Algo parece consensual, as despesas de saúde podem representar um encargo elevado nos orçamentos familiares, principalmente em caso de necessidade de tratamentos ou intervenções inesperadas. Por isso, é de ponderar ter uma poupança à mão para estes imprevistos. Pode ser o fundo de emergência ou uma poupança específica para estes fins.
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