Artigos

Dez dicas financeiras para gerir bem o dinheiro

financas pessoais

Os portugueses estão a poupar mais e a aproximar se da média da zona euro.

Publicado em: 29 outubro 2025
Tempo estimado de leitura: ##TIME## min.

Partilhe este artigo

financas pessoais

Os portugueses estão a poupar mais e a aproximar se da média da zona euro.

Reunimos 10 conselhos práticos para criar poupança, evitar dívidas e fazer crescer as suas aplicações.

A 31 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Poupança, instituído em 1924, para incentivar as pessoas a poupar, sobretudo depois das dificuldades económicas da Primeira Guerra Mundial.

Os últimos dados revelam que os portugueses estão a poupar mais e a aproximar se da média da zona euro (12% versus 15 por cento). No entanto, devido ao excesso de conservadorismo, aplicam mal as poupanças, em produtos de baixo risco e rendimento miserável, abaixo da inflação.

Este comportamento repete se ano após ano, o que leva as poupanças a perder valor, em termos reais. Siga as 10 recomendações seguintes para ser bem sucedido na gestão do seu dinheiro.

1. Elabore um orçamento mensal, com receitas e despesas

Elaborar um orçamento familiar é fundamental para bem gerir o dinheiro. Só assim tem noção do peso de despesas não essenciais, como jogos da sorte, nos quais se aposta semanalmente, ou o pequeno almoço tomado diariamente fora de casa.

Pequenos hábitos que pode cortar, para aumentar a poupança. Se somar todas essas despesas e aplicar, por exemplo, 140 euros mensais durante 10 anos a uma taxa de 5%, acumulará quase 22 mil euros!

2. Elimine dívidas de curto prazo

Os créditos podem abalar qualquer orçamento. A taxa de esforço de um agregado familiar não deve superar 35 por cento. Esta taxa traduz, em percentagem, o rendimento destinado ao pagamento das prestações em dívida.

Há quem contrate créditos para pagar outros créditos, mas quando se chega a esse ponto de sobre endividamento, dificilmente se consegue gerar poupança e riqueza. Por isso, pense bem antes de adquirir algo a crédito.

3. Crie um fundo de emergência

Antecipar imprevistos é uma forma de planear o futuro e acautelar as finanças. Conservar um montante de lado tem a vantagem de não o fazer mexer noutras poupanças, que estão destinadas a outros fins e aplicadas com um horizonte temporal diferente.

Reserve entre quatro e seis salários e aplique uma parte em Certificados de Aforro e o restante em depósitos de curto prazo (até 1 ano), de preferência com as melhores taxas do mercado. Não aplique em produtos sem capital garantido ou depósitos não mobilizáveis.

4. Escolha produtos de curto prazo que rendam acima da inflação

Se as poupanças não valorizarem tanto ou mais do que a inflação, o valor do seu dinheiro irá, ano após ano, degradar se. Ou seja, o que receber de juros do banco não será suficiente para fazer face à subida do preço dos produtos que compra.

O Banco de Portugal prevê uma inflação de 1,8%, para 2026, o que significa que terá de procurar aplicações financeiras com rendimento acima de 1,8% líquidos, ou seja, 2,5% brutos. Se as houver, não se esqueça de contabilizar as comissões que a instituição cobrar.

5. Subscreva um PPR o mais cedo possível

A esperança de vida aos 65 anos é, atualmente, de 20 anos, o que significa que poderá usufruir de mais anos de reforma. A Comissão Europeia prevê, no entanto, perdas de 60% de rendimento na pensão de velhice a partir da década de 50. Razão pela qual criar uma poupança de longo prazo o mais cedo possível é essencial.

Uma das grandes vantagens de subscrever um PPR é o efeito de capitalização que serve de fermento à poupança, permitindo ter um complemento de reforma mais generoso.

Por exemplo, se começar um PPR aos 27 anos, e aplicar 50 euros mensalmente durante 40 anos, estará a colocar de parte 24 mil euros. Se este PPR render anualmente 5%, consegue mais de 74 mil euros.

6. Aproveite o benefício máximo dos PPR

Além de permitirem criar uma poupança a partir de pequenos montantes mensais, os PPR têm dois tipos de benefícios fiscais, que os tornam ainda muito interessantes.

Há o chamado benefício à entrada, de acordo com o qual 20% das entregas líquidas, após deduzidos os custos de subscrição, podem ser deduzidas, anualmente, ao imposto a pagar em sede de IRS – os montantes variam entre 300 e 400 euros, consoante a idade.

E há o benefício à saída, no momento do resgate do PPR. Quando são respeitadas as condições de reembolso estipuladas na lei, beneficia de uma taxa de imposto sobre o rendimento de apenas 8%, bem mais baixo do que os 28% aplicados na maior parte dos produtos de poupança e investimento.

7. Diversifique as poupanças por diferentes produtos

A diversificação é uma das regras mais importantes para o investidor. Não aplique todo o seu dinheiro num único instrumento financeiro. A razão é simples: se o desempenho dessa aplicação não correr bem, todo o seu património é afetado.

Para ser bem-sucedido na repartição das poupanças por diferentes ativos financeiros, deve ter em conta vários níveis de risco, diferentes horizontes temporais e mercados.

Além de depósitos a prazo, opte, por exemplo, por Certificados de Aforro ou do Tesouro, Obrigações, fundos de investimento ou ETF e, eventualmente, ações. Claro que a diversificação exige mais tempo no acompanhamento do património. Porém, esse esforço é compensado pela redução do risco da sua carteira.

8. Com mais de 100 mil euros em depósitos, aumente o número de titulares da conta

O conceito de diversificação é também importante nos produtos tradicionalmente seguros, como depósitos a prazo, caso o banco entre em falência, como aconteceu com alguns bancos nacionais nas últimas décadas. É um cenário pouco frequente, mas pode acontecer.

Para proteger os depositantes, existe o Fundo de Garantia de Depósitos. Todavia, só assegura 100 mil euros a cada titular de conta bancária. Por essa razão, se tiver um montante superior, é aconselhável adicionar titulares na conta ou espalhar esse valor por diferentes depósitos. 

9. Não invista em produtos complexos

O setor financeiro tem vindo, nos últimos anos, a disponibilizar aos clientes produtos de investimento cada vez mais sofisticados. É o caso dos produtos estruturados, como depósitos a prazo com rendimento que depende do desempenho de um conjunto de ações.

Se não compreende um investimento ou o negócio por trás dele, é melhor não investir. Pode gerar ansiedade e perdas financeiras. É crucial estudar e pesquisar antes de investir, usando fontes oficiais, analisar as fichas informativas dos produtos e aconselhar se com quem realmente entende. 

10. Cuidado com os conselhos dos influenciadores digitais

Seguir conselhos de amigos ou fontes menos isentas é umas das causas de muitos dissabores financeiros.

Os influenciadores digitais que, hoje, inundam as redes sociais de recomendações e promovem produtos, sem serem especialistas, são um perigo, sobretudo para as novas gerações, seduzidas por promessas de ganhos fáceis e rápidos.

Procure sempre fontes credíveis, como a DECO PROteste Investe, que tem analistas credenciados.

7 medidas para estimular a poupança 

A DECO PROteste Investe continua a reivindicar melhores benefícios para os consumidores em matéria de aplicação das poupanças e tributação. Destacamos sete medidas urgentes.

1. Diminuir a taxa de imposto dos produtos de poupança. Os depósitos e outros rendimentos, como dividendos de ações, pagam uma taxa demasiado elevada. É urgente baixar.

2. Fundo de emergência isento de imposto. É essencial incentivar a criação de uma almofada financeira através de uma conta poupança isenta de imposto até certo montante, como já existe noutros países.

3. Aumentar benefícios fiscais dos PPR. Para incentivar os contribuintes a poupar a longo prazo e aproveitar o benefício fiscal dos PPR, este deve ser autonomizado das restantes deduções à coleta.

4. Reorganização dos produtos de aforro do Estado. Os títulos da dívida devem proporcionar um rendimento mais interessante e adaptado ao risco e liquidez de cada um dos produtos, e criados Certificados de Aforro com prazos mais longos, dirigidos aos jovens.

5. Eliminar comissão de transferência nos PPR e fundos de pensões de capital garantido. A comissão de 0,5% sobre a transferência de seguros PPR e fundos de pensões carece de justiça fiscal e é um encargo que desincentiva os consumidores a procurar produtos mais rentáveis.

6. Promover a portabilidade de ativos. Um investidor que decida alocar as poupanças de um fundo noutro fundo não deveria ter de o vender e recomprar, pagando mais-valias. A transferência de um fundo para outro não deveria ser tributada, para facilitar a portabilidade.

7. Literacia financeira nas empresas e universidades. A maior parte dos trabalhadores e universitários carecem de conhecimentos na gestão e aplicação do seu dinheiro. É, por isso, essencial sensibilizar universidades e empresas a facultar formação em literacia financeira.

 

O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.