Desde o início deste ano, e até maio, que o montante aplicado em depósitos estava em queda e algumas vozes da banca vieram a público pedir que se alterassem as regras dos Certificados de Aforro, o principal concorrente, que rendiam bastante mais do que os depósitos.
Como pode ver no gráfico, os Certificados de Aforro “ressuscitaram” ao longo de 2022, com a subida das taxas Euribor. Depois de quase dois anos a renderem taxas próximas de zero, atingiram em abril deste ano a taxa máxima de 3,5% bruta e tornaram-se na melhor aplicação de poupança.
Subscrições de Certificados de Aforro encolhem em junho (milhões de euros)
Fonte: IGCP
Infelizmente, o cenário mudou em junho deste ano, com a suspensão da série E e o lançamento da nova série (F), com rendimento máximo de 2,5% bruto. Relembramos que, desde o início de 2023 e até final de maio, terão saído dos depósitos bancários cerca de 9 mil milhões de euros em direção aos Certificados de Aforro.
E assim foi: no início de junho, o Governo mudou as regras e diminuiu o rendimento base dos Certificados de Aforro, que passou de 3,5% para 2,5%, justificando essa alteração como forma a diminuir o custo da dívida pública.
Certificados de Aforro caem 70%
O que se verificou nos meses de junho e julho deste ano foi uma diminuição das subscrições dos Certificados de Aforro e um regresso aos depósitos a prazo pela primeira vez no ano.
Até parece que a alteração da série dos Certificados de Aforro e consequente diminuição do rendimento foi um pequeno favor concedido à banca.
Em maio, foram aplicados 2406 milhões de euros em Certificados de Aforro; mas, em junho, o montante aplicado foi apenas de 811 milhões e resgatados 141 milhões. Ou seja, as subscrições caíram 70% se tivermos em conta as subscrições líquidas, ou seja, deduzidas dos resgates.
Em julho, o montante aplicado foi ainda menor: 555 milhões, uma queda de quase 83% face ao valor de maio.
Outro aspeto que pode ter contribuído para esta diminuição da procura de Certificados de Aforro (e aumento do montante em depósitos) é uma oferta cada vez maior de depósitos com taxa de juro igual ou mesmo superior à da nova série de Certificados de Aforro.
Há já 60 as contas que oferecem 2,5% ou mais de rendimento bruto. Até mesmo os grandes bancos, como a Caixa Geral de Depósitos, já apresentam taxas brutas até 2,75%.
No final de julho, o montante de depósitos de particulares nos bancos residentes totalizava 176,2 mil milhões de euros, mais 1,3 mil milhões de euros do que em junho, como se pode ver no gráfico. Os depósitos de particulares já tinham aumentado no mês anterior, após reduções mensais nos primeiros cinco meses do corrente ano.
Depósitos (e equiparados) de particulares em milhões de euros
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