Auxílio financeiro salva obrigações TAP?
Autor: André Gouveia, CFA

A maioria da frota da TAP está em terra devido à pandemia.
Recordemos o que estava em causa. Após a aprovação pela Comissão Europeia da intervenção do Estado na TAP, faltava a aprovação do conselho de administração da empresa. Contudo, ao que se sabe, David Neeleman não terá concordado com as condições propostas. Os pontos da discórdia seriam os empréstimos feitos pelos sócios privados à TAP desde a privatização (cerca de 217 milhões de euros), que o Estado pretendia que fossem convertidos em ações da transportadora aérea. Além disso, existia também um empréstimo de 90 milhões de euros da Azul (detida por Neeleman). Perante a resposta negativa do acionista privado, o Governo ameaçava com a nacionalização da companhia aérea, um cenário que poderia ter consequências imprevisíveis.
De acordo com informação veiculada pelos meios de comunicação social, David Neeleman sairá da Atlantic Gateway, vendendo a sua posição, abrindo assim caminho a um acordo.
Contudo, o nosso conselho não se altera, pois este acordo apenas recoloca a situação no ponto em que estava a 10 de junho, quando a Comissão Europeia deu o OK ao empréstimo do Estado . Pelo contrário, este “calafrio” que os investidores sentiram (as obrigações recuaram até 84% do valor nominal, a 23 de junho) apenas realça os riscos de deter estas obrigações.