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OTRV Julho 2031: subscrições ficaram abaixo do objetivo

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A OTRV Julho 2031 tem um prazo de 6 anos

Publicado em: 18 julho 2025
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A OTRV Julho 2031 tem um prazo de 6 anos

Acaba de ser divulgado o resultado da mais recente emissão de obrigações do Tesouro de rendimento variável. O objetivo era chegar aos 1000 milhões de euros, mas apenas foram subscritos 612 milhões. 
 

Aplicar em produtos de baixo risco atualmente é sinonimo de perda de valor real, já que praticamente todos ficam abaixo da inflação esperada (1,9%, segunda a previsão mais recente do Banco de Portugal). Uma boa parte dos depósitos, Certificados de Aforro, do Tesouro e também estas OTRV apresentam um rendimento líquido abaixo da inflação. 

A OTRV Julho 2031 tem um prazo de 6 anos e paga juros semestrais em janeiro e julho de cada ano à taxa Euribor a 6 meses acrescida de um spread de 0,25%. 

Na análise detalhada que apresentámos no primeiro dia de subscrição, a DECO PROteste Investe foi bastante clara: não interessa, por três razões: rendimento baixo e penalizado pelas comissões, menor liquidez e sem garantia de capital antes dos 6 anos. 

Comparámos com os Certificados de Aforro e ficou a perder, pois apesar de terem rendimento semelhantes, às OTRV ainda são deduzidas as comissões por ordem de bolsa, custódia e pelo pagamento de juros. Além disso, os Certificados têm sempre o capital garantido e pode resgatar em qualquer altura, após os primeiros três meses.

Até as Obrigações do Tesouro de rendimento fixo, cotadas em bolsa, para prazos de 5 e 7 anos, apresentam yields superiores. Ou seja, se as adquirisse à cotação atual e mantiver até ao vencimento, teria um rendimento anual líquido superior. 

Assim, para quê investir num produto com perspetiva de rendimento inferior, com menor liquidez e sem garantia de capital se resgatar antes dos 6 anos? O prémio de risco não compensa. Consulte a análise detalhada.

Maior parte dos subscritores aplicou entre 11 a 30 mil euros 

Houve um total de 24 149 investidores neste emissão, dos quais 6414 (26,6%) aplicou até 10 mil euros e 60,1% aplicou entre 11 mil e 30 mil euros. Ou seja, a esmagadora maioria foram pequenos investidores: quase 87% aplicou até 30 mil euros. É precisamente nos pequenos montantes, que o efeito das comissões será mais penalizador.

OTRV JULHO 2031: MONTANTE APLICADO POR NÚMERO DE SUBSCRITORES

Montante  
(euros)

Oferta de subscrição  
(n.º de subscritores)

Oferta de troca  
(n.º de subscritores)

1000 a 10 000

2837

3577

11 000 a 30 000

6835

7673

31 000 a 50 000

1687

129

51 000 a 100 000

971

24

Mais de 101 000

402

14

Número total de investidores: 24149

Subscrições atingiram apenas 61% do objetivo

Ao contrário do que aconteceu nas emissões anteriores, em que se atingia sempre o objetivo estipulado, nesta emissão estava definido um objetivo de 1000 milhões de euros, mas foram apenas aplicados 612,2 milhões, dos quais 188,8 milhões vieram da troca da emissão anterior. 

Poderá consultar o apuramento de resultados na página da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).

OTRV JULHO 2031: RESULTADO DA SUBSCRIÇÃO (em milhões de euros)

Oferta por subscrição

423,4

Oferta por troca

188,8

Total:

612,2

Fonte: IGCP.

Conselho para emissões futuras 

Nas próximas emissões, o Estado deveria limitar as comissões e adicionar um spread que justifique e compense a menor liquidez e ausência de garantia de capital antes do vencimento. Tratando-se de um produto de aforro para os particulares, o rendimento deverá estar de acordo com a sua liquidez e risco e claramente não era o caso desta emissão.

Em quase nenhum cenário é mais vantajosa que os Certificados de Aforro; exceto se a Euribor subir muito nos próximos anos, que tornaria a OTRV mais rentável face aos Certificados de Aforro (porque a taxa base está limitada a 2,5% bruta), mas não é esse o cenário que se prevê para os próximos tempos. Além disso, se a Euribor subir muito, certamente existirão depósitos bem mais rentáveis do que o cupão desta OTRV. 

 

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