Análise

Como gerar rendimentos com fundos de obrigações

Publicado em:  01 julho 2022
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Esclareça as dúvidas sobre escolher e comprar, os riscos associados e os ganhos proporcionados por fundos de obrigações que distribuem rendimentos.

Há cada vez mais “classes” de fundos de investimento e ETF que distribuem rendimentos de forma regular (mensal, semestral, anual ou outra). Podem ser fundos de ações ou fundos de obrigações. As vantagens, os riscos e as características associados à preferência por fundos de distribuição são idênticos, quer se trate de ações, quer se trate de obrigações.

Vejamos como escolher e comprar fundos de obrigações que distribuem rendimentos.

Estes produtos de distribuição são para mim?

Se é um investidor que aplica a longo prazo nos mercados financeiros, mas quer receber algum dinheiro ao longo do tempo sem ter de vender os ativos que tem em carteira, a resposta é sim. 

Estou a correr riscos?

Como em qualquer investimento com potencial de rendimento, o capital não está garantido. Ainda que um fundo tenha a vantagem de ser diversificado, não escapará à volatilidade dos mercados. O valor do seu património oscilará, pelo que deve estar preparado para manter o capital aplicado durante vários anos (recomendamos um mínimo de cinco). 

O facto de o produto distribuir rendimentos periodicamente não invalida estes pressupostos de prudência. É claro que pode fazer resgates parciais ou desinvestir todo o capital a qualquer momento. Contudo, quanto mais curto for o prazo, maiores serão as hipóteses de perdas, mesmo considerando os rendimentos que, entretanto, tenham sido distribuídos. 

Que ETF devo escolher?

É importante optar por fundos e ETF bem geridos. O indicador de avaliação atribuído pela PROTESTE INVESTE (0 a 100 pontos), baseado em rentabilidade, consistência, risco e custos, não é afetado pelo facto de o fundo/ETF distribuir rendimentos. 

Deverá optar pelos mais bem avaliados, mas que prevejam a distribuição regular de rendimentos. Além disso, deve preferir aqueles cujas políticas de investimento sejam atrativas. Assim, destacamos quatro categorias de obrigações que, atualmente, estão presentes nas estratégias de investimento recomendadas pela PROTESTE INVESTE. Estes fundos/ETF devem ser subscritos no âmbito de uma carteira diversificada (incluindo fundos de ações) e numa ótica de longo prazo.

ETF e fundos de distribuição: quanto pode render um investimento de 10 mil euros

fundos obrigacoes

Onde posso comprar?

Os fundos são comercializados pelos bancos que tenham solicitado autorização para os respetivos fundos. Os ETF são negociados em bolsa. 

Podem ser adquiridos junto de qualquer banco que ofereça esse segmento de mercado. Encontrará uma vasta seleção de fundos e ETF de diversas entidades gestoras nos bancos mais vocacionados para o online, como ActivoBank, BiG, Best, Carregosa, Banco Invest, entre outros. 

Nas instituições mais tradicionais, a oferta tende a ser menor. No quadro incluímos somente ETF com passaporte europeu (diretiva UCITS). Os restantes estão disponíveis num número reduzido de bancos e corretoras e, por essa razão, podem ser mais difíceis de negociar. Consulte toda a informação sobre 1577 fundos e ETF de distribuição no comparador de fundos.

Quanto posso receber?

Ao contrário do que acontece nas aplicações tradicionais, como os depósitos a prazo, o fluxo de rendimentos nos fundos e ETF é menos constante e não é obrigatório. Por exemplo, os fundos de obrigações recebem juros e reembolsos dos títulos detidos em carteira que usam para distribuir sem terem de vender as posições da carteira, mas esses valores não estão garantidos.

No quadro, a penúltima coluna apresenta uma estimativa do valor anual que pode receber através da distribuição de rendimentos. Essa previsão assume que investe dez mil euros e que os valores serão idênticos aos últimos distribuídos pelo produto. Por exemplo, se a previsão é de 100 euros/ano, terá um rendimento de 1 por cento. 

Dado o cariz mais vocacionado para o longo prazo dos fundos, não espere uma percentagem muito elevada de distribuição. Apesar da possibilidade de distribuírem rendimentos, o objetivo é a rentabilidade a longo prazo.

Será o meu ganho 1%?

Não. Essa é uma ilusão comum para muitos que pretendem aplicar nestes produtos. O dividendo é apenas uma parcela do total a considerar para conhecer a efetiva rentabilidade gerada pelo fundo ou ETF. 

Ao subscrever um fundo ou comprar um ETF de distribuição irá receber, na sua conta, os rendimentos atribuídos pela respetiva sociedade gestora. Não se esqueça, porém, de que este “rendimento” é retirado do património do fundo/ETF. Ou seja, está a receber uma parte do “bolo”, a consumir uma parte da sua riqueza.

Além disso, o cálculo do ganho (ou da perda) efetivo para o investidor considera dois elementos: os rendimentos pagos e a valorização (ou queda) da unidade de participação. Por exemplo, imaginemos que, no início do ano, aplicou dez mil euros e que recebeu ao longo desse ano 100 euros. Ficou “mais rico”? Depende do valor da carteira. Se os mercados tiveram um mau desempenho e a carteira caiu para 9 mil euros, está “mais pobre”, apesar de o rendimento recebido (9000 + 100 < 10 000 euros). 

Um fundo de distribuição pode parecer mais rentável e oferecer um ganho fixo, mas é ilusório. Um valor distribuído mais elevado não significa que o fundo seja mais rentável. Apenas quer dizer que extrai uma maior percentagem do seu património para entregar aos participantes. 

Na última coluna pode ver a rentabilidade do fundo/ETF. O último ano foi desfavorável para os fundos de obrigações em euros devido à subida dos juros. Como constata, mesmo com o rendimento distribuído, registam, de momento, perdas nesse período. 

Quanto pago de imposto?

O rendimento distribuído dos fundos é tributado à taxa de 28 por cento. Ou seja, por cada 100 euros, o Estado fica com 28, recebendo o investidor 72 euros. Esta retenção é realizada pelo banco nacional onde subscreveu o fundo e, por isso, não precisa de declarar o rendimento no IRS

Com os ETF, é mais complexo. Como são geridos por entidades estrangeiras e negociados em bolsas também estrangeiras, o investidor sofre uma dupla tributação. Ou seja, à semelhança do que acontece com ações estrangeiras, há retenção na fonte no país onde o ETF é negociado e, simultaneamente, pelo intermediário nacional (banco ou corretora) onde é pago o rendimento. Somando as duas retenções, o mais provável é que veja na sua conta apenas metade do rendimento efetivamente distribuído. 

O acréscimo provocado pela dupla tributação pode, contudo, ser recuperado quando entregar a declaração de IRS através do crédito de imposto, mas será apenas posteriormente, pelo que penaliza a vantagem dos rendimentos periódicos. 

Existem convenções para evitar a dupla tributação, mas, por norma, são muito onerosas e complexas para os pequenos investidores. 

Devo preferir fundos de distribuição ou de capitalização?

Se obter rendimentos regulares não é essencial para si, prefira os fundos ou ETF de capitalização. Fiscalmente, são mais eficientes. Em vez de pagar 28% de imposto de cada vez que recebe rendimentos, o encontro de contas com o Fisco ocorre apenas no resgate final. Como o valor é capitalizado, pode ter um ganho maior.

No caso dos ETF, optar pelas versões de capitalização implica também suportar menos custos. No caso dos rendimentos distribuídos, o banco (ou a corretora) cobra uma comissão pelos rendimentos distribuídos.

 

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