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Quedas nas criptomoedas: qual a razão?

Publicado em:  08 agosto 2024
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Na semana passada, a Bitcoin caiu 20% e o Ether, a criptomoeda nativa da blockchain Ethereum, afundou 42%. Saiba porquê. 
O mercado de criptomoedas sofreu uma queda significativa na semana passada (29 de julho a 5 de agosto). Esta descida drástica foi liderada por uma queda de 20% na Bitcoin e um mergulho de 42% no Ether, e seguiu a tendência dos ativos de risco.

O que se passou ao certo? 


O valor da Bitcoin atingiu o seu nível mais baixo desde fevereiro, caindo brevemente abaixo do limiar dos 50 mil euros, antes de estabilizar em torno dos 52 mil. Por outro lado, o Ether, a criptomoeda nativa da blockchain Ethereum, caiu para cerca de 2,2 mil euros e não mais saiu desse nível, eliminando grande parte dos ganhos acumulados ao longo de 2024. Outras criptomoedas, como o token BNB da Binance e Solana, também sofreram perdas significativas. 

Longe vai o tempo em que as criptomoedas apresentavam o comportamento contrário aos mercados acionistas. Sendo vistas por muitos como uma forma eficaz de diversificação, ativos que poderiam valorizar em sentido oposto às eventuais desvalorizações das ações de uma carteira.
Em vez disso as criptomoedas com maior quota de mercado parecem mover-se agora cada vez mais em linha com os principais índices bolsistas, em especial os americanos. Mantendo, no entanto, uma volatilidade muito superior. Enquanto o S&P 500 e o Nasdaq caíram entre 3 e 4 por cento respetivamente. No mesmo período, as principais criptomoedas tiveram tombos pelo menos 5 vezes superiores. 

Porque caíram estes ativos? 


Sobretudo devido à divulgação de dados económicos dececionantes, incluindo resultados abaixo do esperado de várias grandes empresas, um relatório de emprego mais fraco do que o previsto e um aumento do desemprego nos Estados Unidos. A Reserva Federal dos EUA decidiu manter a sua taxa de juro de referência estável, sem prometer uma redução em setembro, contrariando as expectativas de muitos especialistas do mercado.  

As taxas de juro de referência dos bancos centrais influenciam fortemente os mercados financeiros. Não só afetam o custo dos empréstimos e consequentemente, do investimento, como alteram o comportamento dos investidores, tornando ativos de juro fixo (títulos de dívida nacional ou obrigações) mais ou menos atraentes face a ativos mais arriscados. Taxas de referência mais elevadas tornam os ativos de juro fixo mais atrativos e taxas de referência mais baixas têm o efeito contrário. 

Uma vez que tanto as ações como as criptomoedas se enquadram na categoria de ativos de risco, a notícia de que a FED americana provavelmente não baixará já as taxas de juro, ao contrário do que era a expectativa de parte do mercado, levou a uma queda nas cotações. 

Em sentido inverso, neste contexto de aversão ao risco, os valores refúgio, nomeadamente o ouro (+1,7%) são mais procurados pelos investidores. 

Assim, apesar de muitos apelidarem a Bitcoin de “ouro digital” e de ser inegável que há algumas características comuns (escassez, durabilidade, divisibilidade). Também é inegável que o comportamento das cotações dos dois tem sido completamente contrários, e enquanto o ouro continua a ser uma reserva de valor, a Bitcoin mantém-se como um ativo especulativo.

Deve investir? 


Os investidores estão agora atentos aos próximos dados comerciais da China e de Taiwan, bem como às decisões dos bancos centrais da Índia e da Austrália. A mais recente queda das criptomoedas será sentida por uma base mais ampla de investidores após a SEC ter aprovado este ano novos fundos cotados em bolsa de Bitcoin e Ether, que atraíram centenas de milhões de dólares. 

Continuamos a não recomendar o investimento em criptoativos. Lembre-se que continuam a ser instrumentos especulativos de elevada volatilidade. Se ainda assim quiser arriscar, limite o valor a 5% da sua carteira de investimentos e escolha cuidadosamente o intermediário que vai usar. Veja o nosso artigo de análise às plataformas cripto

Pode ver também as cotações das principais criptomoedas em euros

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