Investir em ações pode oferecer bons rendimentos a longo prazo. Mas antes de começar, é fundamental analisar os seus objetivos, a sua situação pessoal, a sua tolerância ao risco e o seu nível de envolvimento.
Ao contrário de investimentos mais prudentes, as ações têm grandes oscilações de preço. Isto significa que o seu valor pode variar muito, por vezes de forma inesperada. Para tirar o máximo proveito, é preciso tempo, paciência e uma boa estabilidade emocional.
Aqui estão as principais perguntas que deve fazer a si próprio para perceber se as ações são adequadas para si.
1. Qual é a sua tolerância ao risco?
As ações estão entre os investimentos mais voláteis: podem subir ou descer muito. Se não se sente confortável com a possibilidade do seu portefólio perder 10%, 20% ou mais numa crise, talvez as ações não sejam para si.
Além da volatilidade, há outro risco: algumas empresas podem ter resultados negativos duradouros ou até desaparecer. Mesmo fazendo uma análise cuidada, nenhuma ação é completamente segura. Muitos investidores sentem o que se chama aversão à perda: perder dinheiro dói mais do que o prazer que dá ganhar a mesma quantia. Identifica-se com esta ideia?
Para reduzir riscos, só há uma solução: a diversificação. Ter várias ações (idealmente umas quinze a vinte, mas pelo menos umas dez) de setores e países diferentes ajuda a compensar eventuais perdas com ganhos noutros títulos.
No entanto, montar um portefólio diversificado sozinho pode ser difícil para um investidor particular. Por isso, é recomendável começar com fundos ou ETFs de ações, que oferecem diversificação automática e a baixo custo.
E sobretudo, só deve investir em ações dinheiro que possa deixar investido vários anos, mesmo sabendo que perdas totais são pouco prováveis se seguir algumas regras básicas.
2. Qual é o seu horizonte temporal?
As ações são para o longo prazo. Porquê? Porque no curto prazo os mercados são imprevisíveis. Ninguém sabe como uma ação vai reagir amanhã, daqui a uma semana ou seis meses. Além disso, todas as estratégias (crescimento, dividendos, “value”) têm fases de desempenho inferior.
Em caso de crise ou surpresa económica, até uma boa empresa pode ver o seu preço cair. Ter um horizonte longo permite aguentar essas turbulências de curto prazo, esperar a recuperação e dar tempo aos investimentos para crescer.
Recomendamos um horizonte de pelo menos 5 anos (idealmente 10) para investir em ações. Isto não quer dizer que não possa vender antes, mas não deve contar com esse dinheiro a curto prazo.
Pense também na sua idade e situação pessoal. Um investidor de 48 anos, com estabilidade profissional, poucas despesas e uma poupança de emergência, pode arriscar mais do que um reformado de 75 anos com rendimentos limitados e muitas despesas.
3. Qual é o seu nível de envolvimento?
Investir em ações requer algum tempo. Não precisa de estar colado ao ecrã o dia todo, mas deve acompanhar as notícias económicas, os resultados das empresas onde investe e estar atento a oportunidades.
Se é iniciante, aconselhamos a não investir sozinho. Procure informação, leia análises confiáveis, siga newsletters financeiras (como a da Deco Proteste Investe), e confirme a qualidade das fontes. A bolsa também atrai promessas falsas e “oportunidades” duvidosas.
Se já tem alguma experiência, pode construir um portefólio de ações individuais. Mas atenção, isso exige trabalho: analisar empresas, escolher os títulos, acompanhar o seu desempenho… Um portefólio de 10 ações gerido ativamente pode consumir algumas horas por semana.
A reter
- As ações podem trazer rendimentos elevados, mas têm risco mais alto do que outros investimentos.
- Este investimento é para dinheiro que não precisa a curto prazo; aconselha-se um horizonte de pelo menos 5 anos.
- Diversifique o máximo possível para reduzir o risco; se for iniciante, comece por fundos ou ETFs.
- Investir em ações exige algum envolvimento; não invista sozinho se não tem tempo ou interesse para acompanhar.