Quando se investe na Bolsa, surge rapidamente uma dúvida: devo comprar ações individuais ou preferir fundos ou ETFs de ações? As duas abordagens são válidas, mas respondem a lógicas diferentes. Dependendo dos seus objetivos, do seu nível de envolvimento e da sua tolerância ao risco, uma pode ser mais adequada do que a outra — ou até pode combiná-las.
Nesta lição, vamos comparar as vantagens e desvantagens de cada abordagem para o ajudar a tomar uma decisão informada.
1. Ações individuais: para investidores ativos
Comprar ações individuais significa investir diretamente numa empresa. Escolhe as empresas que quer ter no seu portefólio.
Vantagens
- Controlo total: Escolhe as empresas, os setores e até os países onde investe. Decide quando comprar, vender e quanto investir. Esta liberdade agrada a quem gosta de acompanhar de perto os seus investimentos.
- Personalização: Pode construir um portefólio segundo as suas convicções, por exemplo, focando-se em empresas ligadas à transição energética, tecnologia e saúde, ou que paguem bons dividendos.
- Potencial de retorno elevado: Uma empresa bem escolhida pode gerar retornos excecionais. Os primeiros investidores em empresas como Apple, Amazon ou Nvidia viram o seu capital crescer muito.
- Rendimentos regulares: Se preferir ações que paguem dividendos altos, pode receber um rendimento regular além das mais-valias.
- Aprendizagem: Investir em ações obriga a seguir os mercados, analisar empresas e ler relatórios financeiros — uma ótima forma de desenvolver competências financeiras.
Desvantagens
- Risco elevado: Apostar numa empresa expõe-no ao seu desempenho específico. Más notícias (resultados fracos, mudanças regulamentares, escândalos) podem derrubar o preço rapidamente.
- Falta de diversificação: A menos que tenha umas 20 ações espalhadas por vários setores e países, o portefólio pode ficar desequilibrado. Diversificar muito também aumenta a complexidade e os custos de transação.
- Tempo e conhecimento necessários: Investir bem em ações individuais exige tempo e conhecimento. Tem de acompanhar notícias económicas, ler relatórios, comparar avaliações… Se não tem tempo ou interesse, isto pode ser um obstáculo. Boas newsletters como a da Deco Proteste Investe ajudam bastante.
2. ETFs ou fundos de ações: a solução mais simples e diversificada
Um ETF (Exchange-Traded Fund) de ações é um fundo negociado em bolsa que contém um conjunto de ações que replicam um índice (ex.: MSCI World ou Euro Stoxx 50).
Os fundos de investimento funcionam de modo semelhante, mas não estão cotados em bolsa e têm uma gestão ativa (o gestor escolhe ações) e não passiva (como os ETFs).
Vantagens
- Diversificação imediata: Ao comprar um ETF, tem dezenas ou centenas de ações numa única operação. É a forma mais simples de limitar o risco.
- Baixos custos: As taxas dos ETFs são muito baixas (geralmente abaixo de 0,5% ao ano), o que ajuda a maximizar o rendimento líquido.
- Gestão simples: Não precisa de analisar cada empresa; só tem de escolher um ou mais ETFs que se alinhem com os seus objetivos e investir regularmente. Ideal para principiantes ou para quem prefere gestão passiva.
- Menos stress: Os ETFs reduzem o impacto de más notícias numa empresa individual, pois cada ação representa uma pequena parte do índice.
Desvantagens
- Menos controlo: Não pode escolher as empresas do ETF. Algumas podem não se alinhar com as suas convicções.
- Retornos “médios”: O objetivo é replicar um índice, não superá-lo. Não vai ter os retornos de uma ação excecional, mas evita quedas muito fortes.
- Menos personalizado: Um ETF segue um índice padrão e não se adapta às suas preferências ou estratégias específicas.
3. Que estratégia escolher?
Depende do seu perfil:
- Iniciante: Comece pelos ETFs. Oferecem uma base diversificada, simples de gerir e de compreender.
- Investidor ativo: Se tem tempo e vontade, pode criar um portefólio de ações individuais.
- Perfil conservador: Mantenha-se nos ETFs, escolhendo índices amplos e geograficamente diversificados (ex.: MSCI World, S&P 500, Stoxx Europe 600).
Um bom compromisso é combinar os dois: um núcleo de ETFs diversificados, com uma parte mais dinâmica composta por algumas ações que acompanhe atentamente.
A reter
- Ações individuais têm potencial elevado, permitem personalização total, mas exigem tempo, conhecimento e têm risco elevado.
- ETFs oferecem ampla diversificação, baixas taxas, gestão fácil, mas com menos controlo individual.
- Para principiantes, os ETFs são uma excelente porta de entrada.
- É perfeitamente possível combinar as duas abordagens conforme os seus objetivos e envolvimento.