A força da bolsa alemã em 2025 e o impacto dos investimentos públicos
Em março, o acordo para abandonar a disciplina orçamental, que limitava a capacidade de investimento da Alemanha, foi amplamente celebrado pelos mercados.
A vaga de capitais antecipada para as infraestruturas e a defesa deu confiança e contribuiu para o disparo do índice DAX da bolsa alemã (+18,5% em 2025). É certo que o impacto destes investimentos apenas começou, mas crescem as dúvidas quanto à capacidade de Berlim para relançar a economia.
Logo à partida, as pensões de reforma, apoios às famílias e os subsídios ao preço da eletricidade para as empresas poderão absorver uma parte do capital. Além disso, o seu impacto na economia será reduzido e não contribuem para devolver competitividade à Alemanha.
Na realidade, as empresas enfrentam um enquadramento pouco favorável (regulamentação, constrangimentos ambientais, dificuldades de recrutamento, fiscalidade pouco atrativa). Muitas poderão ser tentadas em mudar para os EUA ou China, onde estão agora a maioria dos seus clientes.
As famílias também percecionam uma economia frágil e limitam o consumo.
Em suma, o reforço das despesas públicas permitirá superar a estagnação dos últimos anos, mas dificilmente pouco mais do que isso.
Fragilidades estruturais da economia alemã que continuam por resolver
Na Europa, a economia alemã sofre mais devido ao peso da indústria e das exportações. No final da década de 1990, optou por moderar os salários para reforçar a competitividade. Esta estratégia impulsionou as exportações, mas penalizou a procura das famílias, que nunca recuperou. Ao mesmo tempo, parte crescente das exportações dirige-se para os EUA e para a China, com mercados internos mais dinâmicos.
Agora, as exportadoras alemãs enfrentam as crescentes tensões comerciais e a concorrência de produtos chineses, enquanto o fim do gás russo fez disparar os preços da energia.
Por fim, o perfil da indústria alemã sobrepõe-se ao da China. Ambos os países especializam-se nos mesmos setores, como o automóvel, pelo que a concorrência chinesa afeta, de forma particularmente intensa, a Alemanha.
Claro que a Alemanha não é apenas indústria e conseguiu desenvolver empresas competitivas noutros setores, como a Deutsche Post (logística), a SAP (tecnologia) e a Allianz (seguros). Mesmo no domínio industrial, algumas empresas mantiveram a competitividade, como a Siemens e a Rheinmetall (defesa), mas a Alemanha terá de diversificar efetivamente a economia e a tarefa não será exigente.
Onde investir: ações alemãs com potencial e papel dos ETF dedicados à Alemanha
Para o investimento direto em ações na bolsa de Frankfurt, identificamos atualmente algumas oportunidades de compra.
Em geral, a bolsa negoceia a um rácio cotação/lucros esperados de 14,3, em linha com a sua média histórica e abaixo dos 17,7 da média do mercado acionista global. Ou seja, o mercado germânico não está particularmente caro.
Tendo em conta o prognóstico reservado da economia alemã, este nível é insuficientemente apelativo para recomendarmos uma aposta mais abrangente, através de fundos e ETF dedicados à bolsa de Frankfurt.
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