O reforço das restrições na Europa ameaça as previsões de crescimento económico que têm suportado a subida das bolsas nos últimos meses.
Depois de um bom início de ano, as bolsas parecem não querer assumir mais riscos. O reforço das restrições na Europa ameaça as previsões de crescimento económico que têm suportado a subida das cotações bolsistas nos últimos meses. A saída da crise está a tornar-se mais evidente mas o caminho para lá chegar é íngreme. A queda do índice Stoxx Europe 50 foi de apenas 0,2% na semana passada.
Nos Estados Unidos, os mercados também encerraram no vermelho. O S&P 500 e o Nasdaq recuaram 1,5% cada um. Este último continua a ser afetado pelas questões relativas à regulamentação da atividade dos GAFA (Google, Amazon, Facebook e Apple).
Os investidores estão divididos entre um regresso ao crescimento e um aumento da inflação, apesar da subida dos preços não parecer ser um grande risco nos próximos trimestres. Por outro lado, os mercados já tinham descontado os benefícios do novo pacote de estímulos de 1,9 mil milhões de dólares anunciado pelo presidente eleito Joe Biden e adotaram a velha máxima bolsista “comprar no rumor e vender na notícia”. Além disso, teme-se que este plano possa envolver um aumento de impostos, o que desanima as bolsas.
A nível setorial, destaque para o ganho de 2,3% do setor de semicondutores, que tem estado muito dinâmico (+8% desde o início de 2021). A Intel (+11,5%) dispensou o seu diretor geral e, tal como nós, os investidores esperam que seja o início de uma mudança de estratégia.
Pela positiva, realce ainda para o setor farmacêutico, que valorizou em média 3%.
Lisboa liderou as perdas
Depois de ter estado em destaque na primeira semana do ano, a bolsa de Lisboa evidenciou-se, desta vez, pela negativa. O PSI-20 liderou as perdas da semana, com uma queda de 4%.
O grupo EDP e o BCP evidenciaram-se pela negativa. A
EDP Renováveis (-10%) liderou as perdas e corrigiu dos fortes ganhos recentes, após uma descida de recomendação de investimento. A casa-mãe
EDP (-5%) seguiu-lhe as pisadas, depois da chinesa CTG ter reduzido a posição na elétrica para 19%. Por sua vez, depois das valorizações significativas das últimas semanas, o
BCP corrigiu 8,3%.
Pelo contrário, o setor da distribuição liderou aos ganhos e impediu uma queda maior do PSI-20. A
Sonae ganhou 5,8% depois de anunciar a venda e o fecho de várias lojas da Worten em Espanha, e a
Jerónimo Martins subiu 4,4%, após ter divulgado um crescimento de 3,5% das vendas em 2020, graças à Polónia e à Colômbia.
Notas finais para a
Galp (-3,9%) que, de forma algo surpreendente, anunciou a substituição do seu CEO. E para a construtora
Mota-Engil (-1,5%) que conseguiu no mercado africano o seu maior contrato de sempre.
A semana em números
+3,5%
Crescimento das vendas da Jerónimo Martins em 2020, graças ao bom desempenho do mercado polaco que já representa mais de 70% das vendas do grupo.
1500 milhões de euros
Valor do maior contrato de sempre assinado pela Mota-Engil, que visa a construção e financiamento de uma linha ferroviária na Nigéria e no Níger de 378 Km.
19,5%
Subida da cotação da americana Applied Materials em 2021, a beneficiar da esperada forte procura de semicondutores nos próximos anos.
Principais Bolsas |
Lisboa |
-4,0% |
Frankfurt |
-1,9% |
Londres |
-2,0% |
Madrid |
-2,1% |
Milão |
-1,8% |
Nasdaq |
-1,5% |
Nova Iorque |
-1,5% |
Paris |
-1,7% |
Tóquio |
+1,4% |
Zurique |
+0,7% |
Variação das cotações entre 08/01/20 e 15/01/20, em moeda local.