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Obrigações Benfica SAD 2020-2023: boa altura para investir?
Há 2 anos - 30 de junho de 2020
A pandemia de Covid-19 deverá ter um impacto bastante negativo nas contas da Benfica SAD.
Apesar da volatilidade dos mercados e da recessão provocada pela pandemia de Covid-19 e as correspondentes medidas de confinamento, a Benfica SAD decidiu avançar com uma nova emissão de obrigações, no valor de 35 milhões de euros. As Obrigações Benfica SAD 2020-2023 prometem um rendimento de 4% brutos.
A nova emissão (ISIN PTSLBBOM0019) tem um prazo de 3 anos (reembolso em 2023). O mínimo de subscrição passou de 100 euros (20 títulos) para 1500 euros (300 títulos). Uma alteração que não prejudica os investidores, pois investimentos de baixo valor eram pouco rentáveis – era possível até perder dinheiro devido ao impacto das comissões. O período de subscrição começa a 29 de junho, e as ordens podem ser modificadas ou canceladas durante todo o período, até ao dia 10 de julho. Ao contrário de emissões anteriores, estas obrigações não têm opção de reembolso antecipado.
Radiografia das Obrigações Benfica SAD 2020-2023 4%
- Data de Emissão: 15/07/2020
- Data de reembolso (maturidade): 17/07/2023
- Taxa Anual Nominal Bruta (Taxa de cupão): 4,00%
- Taxa Anual Efetiva Líquida (após impostos): 2,90%
- Valor Nominal de 1 obrigação: 5 euros
- Mínimo a subscrever (300 obrigações): 1500 euros
- Pagamento dos juros: semestral, a 15 de janeiro e 15 de julho
- Juro bruto (por cada obrigação): 0,10 euros
- Juro líquido (deduzido de impostos, por cada obrigação): 0,07 euros
- ISIN PTSLBBOM0019
Taxa de juro sobe para 4%
Por comparação com a última emissão de obrigações da Benfica SAD 2019-2022, a taxa bruta subiu de 3,75% para 4%. A Taxa Anual Efetiva Líquida (após imposto) é de 2,9%, supondo que a obrigação é detida até à maturidade.
É preciso ainda levar em conta os custos de transação, que dependem bastante do montante investido. O melhor é pedir ao seu intermediário financeiro uma simulação da TAEL (líquida de custos e impostos) para o valor exato que pondera investir.
Para referência, com um investimento de 5 mil euros, ao abrigo da parceria de corretagem entre a Proteste Investe e o Banco Carregosa teria uma TAEL de 2,67%. Se investir apenas o mínimo de 1500 euros, o rendimento desce para 2,34%.
Impacto da pandemia nas contas do Benfica por apurar
Os últimos dados contabilísticos disponíveis são relativos a 31 de dezembro de 2019 (dados semestrais, pois a Benfica SAD fecha as contas em junho). No último semestre, a consolidação da posição financeira continuou. O enorme endividamento de há alguns anos vem sendo progressivamente reduzido, e neste momento a autonomia financeira da Benfica SAD está dentro dos valores recomendados (37%, quando se recomenda habitualmente acima de 35%), mesmo incluindo no endividamento uma grande operação de cedência de créditos, realizada em 2018.
Do ponto de vista da liquidez também não havia sinais de stress, com um rácio de liquidez corrente de 1,03 e o EBITDA (sem passes de jogadores) a cobrir 3,05 vezes os encargos com a dívida (os valores mínimos habitualmente recomendados são de 1 para a liquidez corrente e de 3 para o rácio de EBITDA/encargos com a dívida. Contudo, estes dados são de 31 de dezembro de 2019 e a pandemia do coronavírus deverá ter um impacto bastante negativo nas contas da Benfica SAD.
Como termos de comparação, os índices de obrigações Euro de alto risco com rating BB a B estão atualmente com um rendimento próximo de 4%, enquanto os índices de obrigações exclusivamente BB estão com uma yield de 3,4%.
Não invista
Se olhássemos apenas para o passado, perante uma melhor posição financeira e um aumento da taxa de juro oferecida, que é competitiva no contexto de obrigações comparáveis, daríamos o mesmo conselho de compra (condicional) que já demos na emissão anterior da Benfica SAD.
Contudo, a pandemia mudou tudo, e o negócio do futebol está entre os mais atingidos. Mesmo com o retomar das competições, os efeitos poderão continuar a fazer-se sentir. Desde logo com a realização de jogos à porta fechada e a correspondente perda de receitas de bilheteira, mas também é possível a redução nos valores movimentados pelo futebol europeu no futuro próximo, nomeadamente nas transferências de jogadores e nos prémios das competições europeias. Não somos apenas nós a dizê-lo: é a Benfica SAD que o coloca como principal risco à sua atividade, no prospeto da operação.
Se o negócio do futebol já era volátil, pela dependência dos resultados desportivos que condicionam quase todas as fontes de receita (bilheteiras, merchandising, prémios de competições e valorização dos passes dos jogadores), o risco adicional introduzido pelo coronavírus leva-nos a desaconselhar o investimento em obrigações de alto risco de clubes de futebol, apesar dos progressos registados pela Benfica SAD na frente financeira.
Por agora, há demasiadas incógnitas. Será aliás interessante verificar a apetência do público por esta emissão, já que as SAD dos “três grandes” dependem do refinanciamento contínuo das emissões obrigacionistas para o seu equilíbrio financeiro. Não recomendamos, mas se ainda assim quiser investir, não arrisque mais do que 5% do seu património.
Por enquanto, é melhor investir de forma mais diversificada. As obrigações high yield em euros estão presentes nas nossas carteiras recomendadas, num máximo de 5%. O fundo com melhor classificação é o Candriam Bonds Euro High Yield.
Datas chave das Obrigações Benfica SAD 2020-2023
- 29 de junho: início do período de subscrição.
- 8 de julho: data-limite para o aumento do volume de obrigações a emitir pela Benfica SAD.
- 10 de julho: final do período de subscrição.
- 13 de julho: apuramento dos resultados e divulgação do número de obrigações a atribuir.
- 15 de jullho: subscrição e admissão à negociação na Euronext Lisboa.
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