A contrapartida oferecida pelo Benfica é de 5 euros por ação, o mesmo valor a que as ações foram oferecidas à subscrição em 2001. O que representa um impressionante prémio de 81% face à cotação de fecho de dia 18 - a sessão de bolsa anterior ao anúncio da OPA (2,76 euros).
O clube justifica este preço com a intenção de assegurar que os acionistas que adquiriram ações da SAD na subscrição, possam alienar as suas ações ao mesmo preço a que as subscreveram. Mas, na prática, qualquer acionista poderá aceitar a OPA, o que pode representar ganhos muito interessantes para quem tenha comprado as ações por valores mais baixos. As ações da Benfica SAD entraram em bolsa em 2007 e atingiram o seu mínimo histórico há cerca de 7 anos, a 12 de dezembro de 2012, fechando a negociação a 37 cêntimos.
O Benfica, esclarece em comunicado, alguns pontos de interesse: nomeadamente, que a Sport Lisboa e Benfica SGPS não irá retirar da bolsa a Benfica SAD, e que não haverá lugar a aquisição potestativa sobre as ações remanescentes (caso detenha mais de 90% do capital, o oferente pode obrigar os restantes acionistas a vender as suas ações, mediante o cumprimento de diversas regras, nomeadamente quanto ao preço a oferecer).
Estes dois dados sugerem que, caso a OPA seja aceite na totalidade, permanecerão em bolsa apenas 5% das ações da SAD “encarnada” (ou 8,3% se excluirmos da conta as ações da categoria A que apenas o clube detém).
Há alguns meses, tínhamos já argumentado que as ações das SAD, pela sua natureza, tinham um interesse limitado. Contemplámos, é certo, um cenário em que um investidor endinheirado viesse comprar os títulos, mas não desconfiávamos que esse investidor pudesse ser...o próprio clube.
Os acionistas da Benfica SAD têm portanto três possibilidades:
1) Não aceitar a oferta
2) Esperar pelo lançamento da OPA e aceitar a oferta
3) Vender já em bolsa
A 1ª opção parece-nos pouco aconselhável. Parece provável que a oferta tenha uma grande aceitação, tendo em conta o prémio oferecido, e assim sendo a liquidez do título irá praticamente desaparecer.
Quanto às restantes opções, vender já em bolsa ou esperar e aceitar a oferta, o dado essencial é a cotação da ação. Hipoteticamente, se conseguisse vender no imediato perto do valor da contrapartida (5 euros), não haveria razão para esperar pela oferta.
Contudo, à data em que escrevemos, a ação está a negociar a 4,65 euros, ou 7% abaixo do preço da oferta. É um diferencial ainda considerável.
Esperar pelo lançamento da OPA não é isento de riscos. Em teoria, pode acontecer algo que faça abortar a oferta, ou pode não conseguir alienar todas as ações. Mas estes riscos parecem reduzidos, considerando que é o próprio clube que está a avançar com a oferta, que não é necessário atingir um nível de aceitação mínimo para se concretizar, e que visa a maioria (85%) das ações que não estão nas mãos do clube.
Qualquer acionista que tenha urgência em garantir os seus ganhos pode, claro, tentar colocar uma ordem de venda perto do valor da oferta para tentar alienar mais cedo os títulos. Mas esperar pelo lançamento da OPA, que deve ocorrer nas próximas semanas, parece a melhor opção para quem pretende maximizar os seus ganhos.
Voltaremos a este assunto quando for divulgado o prospeto e forem conhecidos os restantes dados relativos à oferta.