Investir num ou dois ETF já é um bom começo. Mas, para gerir verdadeiramente o seu património ao longo do tempo, precisa de uma carteira equilibrada, ajustada aos seus objetivos, ao seu horizonte temporal e à sua tolerância ao risco.
1. A alocação estratégica: o coração da sua carteira
Antes de escolher os ETF concretos, é essencial definir como vai repartir o seu investimento entre diferentes classes de ativos:
- Ações: oferecem potencial de valorização a longo prazo, mas são mais voláteis.
- Obrigações: proporcionam maior estabilidade e ajudam a limitar perdas em momentos de turbulência.
- Outros ativos (opcional): matérias-primas, imobiliário, liquidez… consoante os seus interesses e convicções.
Uma regra clássica para um investidor de perfil moderado é a alocação 60/40, ou seja, 60% em ações e 40% em obrigações.
Este valor não é fixo: um investidor mais conservador pode optar por 30/70, enquanto um investidor mais agressivo pode preferir 80/20.
2. A abordagem "núcleo + satélites"
Depois de definida a alocação estratégica, pode aplicar o modelo “core/satellite” (núcleo/satélites) para estruturar a sua carteira:
- O núcleo (core): é a base sólida da carteira, normalmente composta por um ou dois ETF muito diversificados, como um ETF MSCI World ou ACWI (All Country World Index). Estes ETF garantem uma exposição global com baixos custos.
- Os satélites: são posições mais específicas, escolhidas com base nas suas convicções pessoais ou interesses temáticos — por exemplo, ETF focados em tecnologia, transição energética, mercados emergentes ou ações com elevado dividendo. Representam normalmente 10% a 25% da carteira.
Esta abordagem permite combinar diversificação, estabilidade e personalização.
3. Exemplo de carteira para um investidor principiante ou pouco experiente
Eis um exemplo simples e realista, adequado a um investidor com perfil de risco moderado e horizonte de longo prazo:
Carteira 60% ações / 40% obrigações
- 50%: ETF MSCI World (ações de mercados desenvolvidos)
- 10%: ETF de mercados emergentes (ações)
- 30%: ETF de obrigações globais
- 10%: ETF de obrigações de empresas (corporate) em euros
Outra versão ainda mais simples:
- 60%: ETF MSCI World
- 40%: ETF de obrigações globais
O objetivo é criar uma carteira simples, de baixo custo, bem diversificada e que possa ser facilmente ajustada ao longo do tempo.
Atenção: esta alocação é apenas um exemplo. A estrutura da carteira deve ser adaptada ao seu perfil de investidor.
A reter
- Uma boa carteira de ETF assenta numa alocação coerente com os seus objetivos.
- A abordagem “núcleo + satélites” permite combinar simplicidade e flexibilidade.
- É perfeitamente possível começar com apenas dois ETF.
- Reequilibre periodicamente a sua carteira para manter a alocação desejada.