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Objetivos de desenvolvimento sustentável: “A emergência climática é uma responsabilidade de todos”

Estilo de vida
Visões do Futuro 2023
Rosa de Oliveira Pinto moderou o debate com Francisco Ferreira, da Zero, João Meneses, da BCSD Portugal, Alexandra Serra, da Águas de Portugal, e Ana Barbosa, da Ikea

É imprescindível orientação estratégica para combater emergência climática. Os objetivos de desenvolvimento sustentável estão longe de ser alcançados, concluiu o primeiro painel da conferência "Visões do Futuro", para assinalar o Dia Nacional da Sustentabilidade.

Os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) estão traçados, mas ainda estamos longe de os alcançar. A orientação estratégica é imprescindível para dar resposta à emergência climática. Países, governos, autarquias, cidadãos, dentro das suas capacidades e competências, devem estar envolvidos na sustentabilidade. A emergência climática foi o tema do primeiro painel da conferência “Visões do Futuro”, organizada pela DECO PROTeste para comemorar o primeiro Dia Nacional da Sustentabilidade, a 25 de setembro. Água, embalagens, visões estratégicas foram temas levantados pelos oradores.

Agricultura é o maior consumidor de água em Portugal

O pequeno desperdício de água em casa de cada um dos consumidores traduz-se num grande desperdício doméstico global. Cada pessoa deve adotar boas práticas e fechar as torneiras ou arranjar as fugas de água mal sejam detetadas, mas, na realidade, “a agricultura é o maior consumidor de água em Portugal”, e “o sistema de distribuição é onde se registam as maiores perdas de água”, disse Alexandra Serra, da Águas de Portugal, durante a conferência.

É urgente “investir na renovação dos sistemas”. É o que está a ser feito no Algarve, onde a falta de água é estrutural. Está a investir-se em soluções de dessalinização das águas. “Dessalinizar é, à partida, uma solução boa, mas qual será o impacto ambiental?”, alertou Alexandra Serra.

Ikea vai eliminar plástico das embalagens

Na Ikea, os colaboradores trabalham sabendo que a preocupação com a sustentabilidade tem de ser de todos. “Os desafios são enormes, somos realistas, mas também otimistas.” O objetivo desta empresa de decoração é reduzir 50% as emissões de gases com efeitos de estufa até 2030, incluindo toda a cadeia valor. “Hoje, já reduzimos 12%”, disse Ana Barbosa, da IKEA.

Atualmente, a empresa está a trabalhar “para reduzir/eliminar os plásticos das embalagens”. Nos produtos, o plástico continuará presente devido à versatilidade do material. Será ainda promovida a reutilização de plásticos. Ana Barbosa salientou que “muitas vezes a mudança para o [plástico] reutilizável tem impactos mais positivos” do que a eliminação dos mesmos”.

Apenas 15% dos objetivos foram alcançados

Francisco Ferreira, da Zero, disse ser um otimista preocupado, uma vez que apenas 10% das metas definidas pelas Nações Unidas, na Conferência de Estocolmo, há meio século, foram cumpridas. Por outro lado, a Agenda 2030, constituída por 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), está por cumprir. “Estamos a meio caminho e apenas 15% dos objetivos foram alcançados.”

O responsável da Zero pede um ajuste nas políticas, nas metas e nas ações, salvaguardando sempre os consumidores. “A escolha mais simples e mais barata nem sempre é a mais sustentável”, sublinhou.

Cadeia de valor é pesada para o ambiente

João Meneses, da BCSD Portugal, assinalou que as empresas têm um grande impacto na cadeia de valor, e que têm a responsabilidade de investimento para a tornar menos pesada para o ambiente. Recordou o tempo do combate à destruição da camada do ozono que teve grande sucesso. Na altura foi identificado o problema (os CFC) e rapidamente encontrada uma alternativa. É isso que falta hoje, defende. Os desafios são maiores e mais diversificados. Passam, por exemplo, pela redução do consumo de combustíveis fósseis, algo mais entranhado no nosso modo de vida e mais difícil de substituir que os CFC, explicou o responsável da BCSD Portugal.

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