
O desfecho da guerra na Ucrânia poderá criar uma “crise socioeconómica que porá a sustentabilidade em causa”. O painel que assinalou o encerramento da conferência Visões do Futuro, comemorativa do Dia Nacional da Sustentabilidade, assinalou a “(in)sustentabilidade” do conflito.
“A economia paralela beneficia com qualquer guerra. E, seja qual for o desfecho, não levará uma geração nem duas para a Ucrânia e a Rússia recuperarem, quer na dimensão da população quer do equilíbrio económico, mesmo com os apoios que cada lado tem”, disse Aline Hall de Beuvink, historiadora e professora universitária, no painel cujo tema foi “A (in)sustentabilidade da guerra” e que fechou a conferência “Visões do Futuro”, que assinalou o primeiro Dia Nacional da Sustentabilidade, 25 de setembro, promovido pela DECO PROTeste. “Esses países sabem que vão perder mais do que território. Vão perder uma forma de vida ou a própria vida”, salientou Aline Hall de Beuvink, mas, se a queda for da Ucrânia “será também a queda da Europa”.
Guerra está a provocar "mudanças" na economia europeia e uma crise na Alemanha
Miguel Morgado, professor universitário e ex-deputado, acrescentou que a Alemanha está dependente de outros, como Portugal, correndo o risco de perder a predominância económica, nomeadamente no setor da construção automóvel. O professor universitário afirmou que a União Europeia (UE) “quer limitar as importações de carros elétricos da China, por incrível que pareça, para salvar a indústria automóvel na Alemanha”.
Esta guerra está a provocar uma mudança na economia europeia e uma crise na Alemanha, referiu Miguel Morgado, alertando para o excesso de dependência que a Europa tem dos EUA, numa altura em que estes estão num processo eleitoral com resultados incertos.
Se a Ucrânia não ganhar, surgirá uma "crise geopolítica terrível"
Aline Hall de Beuvink alega que “o estado da gestão norte-americana é fundamental e que um ocidente desunido irá beneficiar a Rússia e os seus parceiros, nomeadamente a Coreia do Sul”. Miguel Morgado demonstrou a sua preocupação ao referir que, caso a Rússia triunfe, além de a Ucrânia deixar de existir como nação, a situação provocará uma crise geopolítica terrível, uma aceleração do processo de declínio da Europa, que dominou o mundo durante 400 anos. “Para começar, a Ucrânia não poderá fazer parte da UE, contrariando o movimento natural de integração gradual de todos os países na UE", sublinhou.
A Rússia "não vai parar" na Ucrânia
“E a Rússia não vai parar na Ucrânia”, alertou Aline Hall de Beuvink. “A Rússia não permitirá que, nas suas fronteiras, os países se democratizem”, acrescentou Miguel Morgado. “Não é agradável ser europeu nos próximos séculos”, concluiu.
Já José Aramburu Delgado, CEO da Cepsa Portugal, focou-se na situação dos combustíveis, destacando a fragilidade da Europa em matéria de abastecimento. A solução é apontada por Delgado: “Portugal precisa ser mais independente de terceiros em termos energéticos”.
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