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Greenwashing: mais de metade dos portugueses atentos a alegações falsas

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Economia verde
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Inquérito promovido pelo BEUC, a organização europeia dos consumidores, indica que a maioria dos portugueses está muito preocupada com o estado do planeta.

Conhece algum produto, hoje, que não se considere sustentável e se afirme como tal? Mais de metade dos portugueses dizem-se capazes de distinguir entre afirmações verdadeiras e falsas na publicidade de produtos e serviços. E estão alerta em relação às práticas de greenwashing, as alegações falsas sobre a sustentabilidade ou o pouco dano infligido ao planeta pelos produtos. A esmagadora maioria diz-se muito preocupada com o estado do planeta e oito em cada dez afirmam que tentam viver de uma forma mais amiga do ambiente. Pelo menos, tanto quanto possível... 27% afirmam ter o cuidado de procurar por informação ambiental quando compram produtos ou serviços. E 65% consideram esssa informação importante no momento de decidir o que comprar.

É o que diz o inquérito sobre a confiança nas alegações ambientais na publicidade de produtos e serviços, promovido pelo BEUC em 16 países, incluindo Portugal, através da DECO PROteste, que integra este grupo europeu de defesa do consumidor.

Greenwashing, ou mentiras verdes

E como lidam, mais em detalhe, os portugueses com as alegações ambientais em produtos e serviços? 65% dos inquiridos que conseguem distinguir estas alegações alertam para o facto de terem testemunhado greenwashing pelo menos uma vez na compra de um produto. E mais de metade (57%) garantem que conseguem distinguir o trigo do joio na mensagem publicitária que afirma a sustentabilidade dos produtos e serviços que adquirem. A larguíssima maioria (quase 90%) acredita que as empresas com práticas de greenwashing deveriam ser severamente penalizadas. E 74% têm a convicção de que se deveria mesmo banir do mercado empresas cuja atividade é poluidora e que tentem fazer greenwashing.

Por outro lado, mais de metade deve sentir-se um pouco perdida na miríade de logotipos e símbolos de boas práticas ambientais, que servem para certificar as empresas que as cumprem: 60% dizem que há logotipos a mais. No que se refere às alegações relacionadas com carbono, a maioria apoia, também, malhas mais apertadas quanto à vigilância sobre más práticas ambientais ou alegações falsas de sustentabilidade ou de defesa do ambiente: as alegações deveriam ser autorizadas apenas a companhias que, efetiva e demonstradamente, as cumprissem (73%); as afirmações deveriam ter base científica para poderem ser proferidas (69%); as alegações não deveriam ser permitidas nem a empresas que cumprissem metas de sustentabilidade (47 por cento).

Alegações verdes para todos os gostos

Alegações como “reciclado”, “reciclável” ou “biológico/orgânico” formam o top 3 dos mais conhecidos entre os portugueses. Em geral, 70% ou mais já as viram representadas nos rótulos. O símbolo da etiqueta energética da União Europeia é a mais conhecida e a mais fiável para a maioria dos inquiridos.

Mas daí até acreditarem na sua veracidade ou eficácia ainda vai um caminho longo. Três em cada quatro dizem ter pouca ou nenhuma informação acerca dos requisitos que as empresas devem cumprir para poderem ostentar nos rótulos alegações “verdes”. Um terço não conhece ou não tem a certeza de como se avalia estas alegações e um quarto dos inquiridos acredita que terão tido o aval de uma autoridade pública para poderem ser incluídas nos produtos, o que nem sempre é verdade.

Comportamentos sustentáveis

Apesar do grau de familiaridade com estes logotipos e alegações, apenas 38% dos que responderam ao inquérito têm uma ideia clara do que significa “neutralidade carbónica” (o objetivo de qualquer empresa ou entidade: que a sua atividade tenha um impacto neutro no ambiente). Por isso, a necessidade de mais informação é urgente, quando oito em cada dez dos consumidores consultados garantem que tentam viver do modo mais amigo do ambiente possível. Um em cada cinco afirma que se dedica a essa missão em áreas diferentes, em casa: separação do lixo doméstico (84%), utilização da energia em casa (79%), sensibilização dos outros para a sustentatibilidade (72%), redução do desperdício alimentar (64%), entre outras ações.

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