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Europa quer direito à reparação de aparelhos elétricos e eletrónicos

Reduzir e reciclar

Especialistas

iStock

Uma nova diretiva europeia, que terá de ser transposta para a legislação nacional até julho de 2026, pretende tornar a reparação de produtos mais acessível e atrativa para os consumidores. Trata-se de um “direito à reparação” que se estende para além do período de garantia legal dos produtos. O objetivo é reduzir significativamente o desperdício e promover um consumo mais responsável.

Há muito que a DECO PROteste defende a reparação de bens e aparelhos elétricos e eletrónicos como alternativa ao seu fim de vida à primeira avaria. Na plataforma Reparar, os consumidores encontram dicas para resolver pequenas avarias, procurar peças ou saber o que fazer antes de chamar um técnico ou optar por deitar o produto fora.

Maior responsabilidade dos fabricantes

A nova lei vem reforçar algumas responsabilidades das marcas.

Obrigação de reparação pós-garantia

Os fabricantes ficam obrigados a reparar produtos domésticos comuns que sejam tecnicamente reparáveis ao abrigo da legislação da UE, mesmo após o término da garantia legal. Esta obrigação aplica-se a produtos como máquinas de lavar roupa, aspiradores e smartphones, entre outros.

Condições de reparação

Os fabricantes devem oferecer serviços de reparação que cumpram os seguintes requisitos:

  • preço razoável: as reparações devem ser oferecidas a custos proporcionais;

  • prazos adequados para a conclusão das reparações;

  • informação transparente e detalhada sobre custos e prazos.

Formulário europeu de informação e de reparação

Existirá um formulário ao nível europeu, disponibilizado gratuitamente pelos reparadores, com informações detalhadas sobre:

  • preço da reparação;

  • prazo para conclusão;

  • disponibilidade de bens de substituição temporária;

  • outros detalhes relevantes do serviço.

Benefícios para os consumidores

Para os consumidores, o reforço de direitos e de acesso a peças e a serviços de reparação é outro dos objetivos desta diretiva comunitária. São três as principais novidades.

Extensão da garantia por um ano além do prazo legal

Um dos aspetos mais inovadores da diretiva é que os bens reparados ao abrigo da garantia legal beneficiarão de uma extensão adicional de um ano. Esta medida incentiva claramente a reparação em detrimento da substituição.

Acesso a peças sobresselentes

Os consumidores passam deixam de estar limitados à reparação apenas pelo fabricante e podem recorrer a reparadores independentes ou usar peças compatíveis, usadas, ou até impressas em 3D, sem risco de perder direitos.

Plataforma europeia de reparação

A diretiva prevê a criação de uma plataforma online europeia à qual os reparadores podem aderir voluntariamente, facilitando o encontro entre consumidores e prestadores de serviços de reparação qualificados.

Rumo a uma economia circular

De acordo com o Global E-waste Monitor 2024, publicado pelas Nações Unidas, em 2022 foram geradas 62 milhões de toneladas de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE) em todo o mundo — um aumento de 82% desde 2010. É o fluxo de resíduos com crescimento mais rápido a nível global.

O motivo? Maior consumo, ciclos de vida mais curtos e escassas opções de reparação. Do total gerado, só 20% foram recolhidos e reciclados adequadamente. Mas essa percentagem tende a cair ainda mais, já que a produção de resíduos eletrónicos cresce cinco vezes mais depressa do que a capacidade de reciclagem.

Gerir eficazmente estes resíduos é fundamental — para proteger o ambiente e a saúde pública, e para recuperar materiais valiosos, cuja perda representa, todos os anos, entre 800 milhões e 1,7 mil milhões de euros. Em Portugal, em 2021, recolheram-se 54 mil toneladas de REEE, apenas 27% da meta europeia.

Esta legislação representa um passo decisivo na transição para uma economia mais sustentável, onde a reparação e reutilização de bens passem a ser práticas comuns.

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