
O Dia Nacional da Sustentabilidade, que se celebra a 25 de setembro, foi instituído em 2023, após a proposta da DECO PROteste ao Parlamento, em 2020, e com o apoio dos consumidores. Este foi o segundo ano em que se celebrou o dia com a 4.ª edição da conferência “Visões do Futuro”, nos dias 21 e 22 de setembro, em Oeiras.
“As conferências ‘Visões do Futuro’ são um desafio lançado à sociedade para discutir e debater o tema da sustentabilidade.” A iniciativa “ganhou mais dimensão quando, em 2023, conseguimos instituir o Dia Nacional da Sustentabilidade, em Portugal. Somos o primeiro país do mundo a celebrar este dia”, explicou João Ribeiro, country manager da DECO PROteste, à margem da conferência.
No ano passado, “dissemos que queríamos que este fosse um dia para todas as entidades e marcas e não apenas da DECO PROteste. O convite lançado à sociedade concretizou-se com muitas marcas a debater, ao longo do ano, o tema com profundidade e a procurar soluções” acrescentou.
“O principal denominador comum é a vontade de fazer acontecer, algo que depende não só das organizações, mas que parte de uma transformação de comportamentos individuais”, um tema abordado por grande parte dos oradores durante os dois dias de conferência. João Ribeiro aponta para “a urgência de encontrar um objetivo claro para o País, um desígnio nacional”, que, indo além da sustentabilidade, tem de a adotar “como um pilar estratégico e um objetivo comum de todos nós”, para facilitar a ultrapassagem de “bloqueios, que, sendo naturais, fazem com que demore mais tempo a fazer acontecer a evolução que nós queremos nesta área”.
O country manager da DECO PROteste destacou ainda o papel da comunicação, um tema que, pela sua importância, acabou por ser transversal a muitos dos painéis das “Visões do Futuro”. “A DECO PROteste tem um papel muito importante nesta matéria, quer na ligação ao consumidor, aos nossos subscritores, quer nas relações com as marcas. A comunicação é fundamental.” Esta conferência confirma a necessidade de acelerar a comunicação, em termos didáticos, de informação de colaboração com as entidades públicas e organizações privadas. É uma urgência.”
Novas obrigações para embalagens à espreita
No painel subordinado ao tema “materiais (in)sustentáveis”, estiveram presentes Hugo Silva, sustainability delivery manager na Nestlé, Anselmo Vilardebo, administrador-delegado da Seda, Nuno Aguiar, diretor técnico da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) e José Maurício Costa, diretor de sustentabilidade da MEO.
Ao falar sobre desperdício, é importante frisar que nem sempre o desperdício está do lado do consumidor. Hugo Silva sublinhou que os consumidores podem achar que as cápsulas são um desperdício, mas que “o maior impacto ambiental vem do desperdício durante a produção do café”. E explicou que “o consumo de café em cápsula é a forma mais sustentável de beber café”. A empresa pretende reduzir em 80% as emissões relacionadas com o consumo de combustível, ao substituí-lo por biocombustível.
Neste primeiro painel, a importância de as empresas se prepararem para o regulamento PPWR (Packaging and Packaging Waste Regulation) foi destacada pelos oradores, como Anselmo Vilardebo e Nuno Aguiar. Este regulamento, que deverá ser aprovado no final deste ano e entrar em vigor em 2026, visa clarificar a informação que deve ser disponibilizada nas embalagens, especialmente sobre o destino a dar a cada embalagem, a ser impresso nos rótulos. A comunicação clara com o consumidor é essencial. Serão ainda regulamentados “claims” vagos como “amigo do ambiente” ou “ecofriendly”.
Anselmo Vilardebo, da Seda, empresa especializada na produção de embalagens de papel, como copos para bebidas quentes e frias, recordou que o papel é “100% reciclável” e é criado a partir de resíduos de árvores e sobras industriais de madeira. “A madeira é usada de forma consciente e sustentável.” Além disso, a produção tem vindo a ser inovada, para, mesmo quando é necessário plástico, representar uma percentagem cada vez menor do total da embalagem.
Por seu lado, Nuno Aguiar, da APIP, defendeu que o plástico é mais sustentável do que parece. O material é leve, a produção implica pouco consumo de água e energia e tem múltiplas aplicações. Apesar do problema global da poluição com plástico, especialmente nos oceanos, na Europa, estão a ser tomadas medidas para evitar essas descargas. Por exemplo, a recente introdução da regra da tampa presa às garrafas está alinhada com a necessidade de não se perderem essas tampas ao longo do processo de reciclagem do plástico.
José Maurício Costa, da MEO, destacou o aumento da eficiência energética com a introdução das redes 5G e também os esforços desenvolvidos pela empresa de telecomunicações para reduzir a quantidade de plástico nas embalagens, para substituir os cartões SIM por cartões virtuais (e-SIM integrados nos equipamentos), e no reaproveitamento de equipamentos.
Cápsulas de café unidas para a sustentabilidade
A Nestlé já recolhe cápsulas usadas há muitos anos em locais específicos. Em parceria com 11 municípios (como Cascais, Oeiras, Mafra e Lisboa), estão a ser criados pontos de recolha junto dos ecopontos. O projeto envolve outras marcas concorrentes – Delta, Nicola, Segafredo Zanetti, CC (faz as cápsulas da Mercadona), Massimo Zanetti, JMV e New Coffee – e que representam no conjunto 85% a 90% do mercado de cápsulas em Portugal. “A nossa ideia é trabalhar em conjunto para um propósito maior que é a sustentabilidade, dando uma opção justa para o consumidor”, salientou Hugo Silva. As cápsulas não podem ir para o ecoponto amarelo, devido à dimensão da cápsula, necessitando por isso de fluxo separado.
Revista Visões do Futuro 2024
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