
Manuel Reis já conduziu mais de 300 mil quilómetros ao volante de automóveis elétricos e partilha uma experiência com muito mais altos do que baixos. O carro a combustão já não é opção.
Desafiámos os donos de carros 100% elétricos para contarem tudo sobre a experiência e partilharem os prós e contras deste modo de viajar. Além de contar com uma vasta e intensa experiência de carros elétricos, Manuel Reis é vice-presidente do conselho diretivo e um dos fundadores da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE).
Sete anos depois, Nissan Leaf troca de bateria
Manuel Reis, 45 anos, engenheiro eletrotécnico, reside no Porto e tem três automóveis elétricos. Em julho de 2011, comprou um Nissan Leaf de 24 kWh. Foi o seu primeiro carro elétrico com 120 a 130 quilómetros de autonomia real. Conta atualmente com mais de 175 mil quilómetros. Sem ruídos parasitas, os amortecedores originais acusam algum desgaste sobretudo nas lombas em velocidade mais elevada.
Com uma bateria de primeira geração e uma autonomia reduzida de base, a degradação progressiva da capacidade da bateria fez com que a substituísse depois do prazo da garantia com mais de 7 anos e 158 mil quilómetros. A marca foi sensível aos argumentos de uma degradação acima do esperado e assumiu 50% do valor da bateria, tendo esta custado 6 mil euros. Mas nada se perde. Guardou a bateria antiga e aproveitou-a para armazenar energia solar fotovoltaica em casa.
Em maio de 2018, atirou-se ao segundo carro elétrico, que já percorreu 43 mil quilómetros. Comprou o Nissan Leaf de 40 kWh com 220 a 250 quilómetros de autonomia real. Sendo uma bateria de quarta geração da marca, conta com melhorias ao nível da retenção de capacidade. A degradação é impercetível em condução, embora uma medição recente tenha acusado uma perda de 5% da capacidade. Tendo em conta a maior autonomia e a muito menor velocidade da degradação, Manuel não espera ter de substituir a bateria no período de vida do carro. E sublinha: “este foi o carro elétrico que me permitiu eliminar os veículos a combustão na minha garagem”.
Carrega o carro elétrico quase sempre em casa
Já em março de 2019 adquiriu o Tesla Model 3 Long Range AWD. Com 400 a 500 km de autonomia real, o seu terceiro carro elétrico já tem quase 90 mil quilómetros. Permite deslocações longas sem preocupações com o carregamento. E também não dá para sentir qualquer degradação da capacidade, embora um teste revele menos de 5% de perda de capacidade ao fim de 70 mil quilómetros. Sofreu um pequeno toque em setembro. Manuel aproveitou para substituir o braço da suspensão do lado direito fora da garantia, devido a ruído ao curvar à esquerda. A peça foi trocada numa loja autorizada da Tesla, a par da reparação. As peças demoraram cerca de uma semana a chegar.
“Além de proporcionar o máximo conforto, o carro elétrico é a opção mais económica”, dispara Manuel. Regra geral, carrega em casa ou no trabalho. Utilizo a rede pública de carregamento esporadicamente em viagens. O veículo com mais uso da rede pública acabou por ser o Nissan mais antigo: com uma autonomia muito inferior, precisava de ser carregado mais vezes mesmo em viagens pequenas. “Nunca tive surpresas desagradáveis na rede pública. Tento adequar a capacidade do posto ao veículo, além de usar aplicações móveis, como a Miio, que permitem escolher o posto e o fornecedor de eletricidade mais adequado em cada caso”, recomenda o consumidor.
Bateria sem problemas durante a garantia
No prazo da garantia, os carros nunca tiveram problemas. “Os concessionários e as marcas honraram os compromissos e todas as reparações foram de baixo valor”, garante Manuel Reis. Por exemplo, no Tesla, substituíram a “drive unit” frontal devido a um pequeno ruído na transmissão (“assobio” agudo). A marca assumiu de imediato a correção do problema e Manuel teve direito a um veículo igual durante a reparação. Fora da garantia, enfrentou apenas a substituição da bateria do Nissan Leaf de 2011, onde apesar de já terem passado dois anos e 58 mil quilómetros da garantia na altura a marca assumiu 50% do custo.
A bateria original deste carro foi aproveitada para um sistema fotovoltaico de autoconsumo, onde ficou a armazenar energia nos períodos com excesso de produção de eletricidade. Durante a noite e nos picos de consumo, a energia é retirada da bateria, em vez de usar a rede elétrica, com evidentes poupanças financeiras e ambientais. Realizou por si a operação, tendo montado uma solução com uma tensão de funcionamento mais segura e compatível. No total, a bateria consegue armazenar 12 kWh de energia, numa configuração de 14 conjuntos em série de 6 células em paralelo, perfazendo 84 células das 96 da bateria original. Sem notar qualquer perda de capacidade, Manuel está muito satisfeito com o desempenho do sistema e promete não ficar por aqui na transição para uma mobilidade amiga do planeta.
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