
Muito se fala no impacto ambiental das emissões geradas pelos motores dos automóveis, com motivos para isso. E os pneus, cujo fabrico e materiais são altamente nocivos para o ambiente? E a sua ação na estrada? Todos os anos, só na União Europeia, são geradas 500 mil toneladas de resíduos de pneus.
A ADAC (sigla para o Automóvel Clube Alemão, com mais de 20 milhões de associados) fez-se, mais uma vez, à estrada com estas perguntas e testou centenas de modelos de pneus. Desta vez, juntou ao que foi feito em testes anteriores o critério do desgaste dos pneus como medida da sua sustentabilidade.
O problema está relacionado com a borracha sintética de que são fabricados (um plástico), e que resulta em microplásticos que são libertados para o meio ambiente.
Pneus agridem o solo e a água
As partículas resultantes do desgaste dos pneus poluem o solo e a água. Grande parte destes resíduos, que fica na berma e na superficie da estrada, é levada pelo escoamento superficial quando chove. Em áreas urbanas, circulam através do sistema de esgotos; fora delas, o escoamento superficial da estrada geralmente é drenado a céu aberto, ou seja, flui sobre a berma da estrada e infiltra-se em cavidades ou no solo. As consequências do contacto dos seres humanos com estes resíduos ainda estão em estudo. Mas não deixam de ser consideradas como um alerta para um risco potencial para a saúde.
A preocupação com o problema levou ao estabelecimento da nova norma Euro 7, a entrar em vigor em finais de 2026, que visa limitar também as emissões de partículas provenientes do desgaste dos pneus. E há uma proposta da UNECE (a Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa) que prevê um limite para o desgaste dos pneus por tonelada de peso do veículo.
O peso do carro é um fator importante, mas há outros elementos que determinam o desgaste dos pneus: a circulação em regiões montanhosas; estradas de betão em vez de asfalto; a condução em estradas molhadas, ou em grande velocidade; veículos que transportem atrelados, entre outros fatores mais técnicos.
Se há algumas destas determinantes que são impossíveis de evitar, outras são passíveis de controlo e têm que ver com a condução: quanto mais devagar circulamos, menos necessidade temos de efetuar travagens bruscas, por exemplo. E esta é uma das formas simples de poupar os pneus.
Dicas para evitar o desgaste dos pneus
Compre pneus com baixo desgaste: poupa dinheiro e também protege o ambiente.
Se usa pneus de verão e inverno, troque-os sazonalmente, para garantir que não circulam a temperaturas desapropriadas, aumentando o desgaste.
Verifique, ainda, a pressão dos pneus. Por duas razões: a falta de pressão pode levar a consumos maiores e diminuir a segurança na estrada. Deve ser equilibrada, não pecar por defeito, nem por excesso.
Verifique, com frequência, as configurações do eixo numa oficina especializada – o mais tardar quando for notado desgaste irregular nos pneus.
Conduza consistentemente devagar: garante baixo consumo de combustível, mas também reduz o desgaste dos pneus.
Há diferença em carros elétricos?
E é possível ter valores diferentes para o desgaste dos pneus, melhores para o ambiente, em carros híbridos ou elétricos? Os responsáveis da ADAC não chegaram a "calçar" veículos movidos a energias alternativas. A razão é simples: o teste consistia num percurso de 600 quilómetros com 12 carros em comboio. A autonomia dos veículos elétricos poderia não ser suficiente para perfazer o trajeto na íntegra...
É cedo para saber se os resultados, mesmo assim, poderiam ser tão diferentes, e é impossível comparar o desgaste de pneus em carros com tipos de condução tão diferentes.
No entanto, os técnicos da ADAC conseguiram fazer algumas inferências genéricas a partir dos escassos dados disponíveis: é provável que pneus que sofram menor desgaste em veículos com motor a combustão tenham o mesmo comportamento em veículos elétricos.
Conclusão: é preciso olhar para os pneus como elementos disruptivos do ambiente. Por isso, pela parte que toca ao consumidor, nunca é demais repetir que uma condução defensiva é melhor a todos os níveis. Não só pela poupança de combustível, mas também por termos, assim, menos impacto ambiental - os pneus vão durar mais e a segurança também aumenta.
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