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Alimentos biológicos: granel é "ferramenta de consumo consciente"

Estilo de vida

Especialistas

Eunice Maia gere duas lojas de venda de produtos a granel
João Ribeiro

Eunice Maia explora duas lojas, em Lisboa, de venda exclusiva de alimentos e outros produtos biológicos a granel. Um dos objetivos da empresária é contribuir para a redução da produção de resíduos.

Mulheres entre os 25 e os 45 anos, com formação superior e agregados familiares compostos por uma a três pessoas. Este é o tipo de cliente mais frequente das lojas Maria Granel.

Ação sustentável em 3 pilares

A proprietária, Eunice Maia, está consciente dos efeitos da produção alimentar na erosão dos solos, na contaminação dos recursos hídricos e na perda de biodiversidade. Daí a opção pelos produtos biológicos certificados, que provêm de um modo de produção mais sustentável.

Outro problema que a aflige é o desperdício alimentar. Sabendo que a maioria deste estrago ocorre em casa do consumidor, apostou na venda a granel, por ser "uma ferramenta importantíssima de consumo consciente" que permite comprar apenas aquilo de que se precisa.

O terceiro pilar do negócio de Eunice Maia é a prevenção dos resíduos. Como? Incentivando os clientes a levarem os próprios recipientes para transportarem os alimentos. "Em 2015, não sabíamos se isto faria sentido para as pessoas", revelou à DECO PROteste, não escondendo o risco da aposta.

Biológico não é necessariamente mais caro

A proprietária considera que "as pessoas valorizam o conceito e têm um carinho particular pelo projeto". No entanto, também reconhece que a subida do custo de vida "está a condicionar completamente o padrão de consumo".

Quando as famílias têm um "orçamento extremamente limitado", comprar produtos biológicos certificados "não é prioridade". Admitindo que as lojas têm registado "quebra de frequência" por parte dos consumidores, defende que "a sustentabilidade tem de estar mais acessível" e pede regulação.

Não deixa, contudo, de tentar desmontar o engano dos preços. Nem sempre os produtos biológicos são mais caros do que os de agricultura convencional, garante.

A DECO PROteste conduziu um estudo comparativo de preços que chegou à conclusão de que comprar a granel compensa, uma vez que o preço por quilo de muitos alimentos é mais baixo do que quando estão embalados. Essa diferença é mais acentuada nos produtos de agricultura biológica.

Além disso, pode comprar apenas a quantidade de que necessita, evitando desperdício.

Granel também é amigo do ambiente

A organização de consumidores comparou também a quantidade de resíduos produzida com a compra de um cabaz de alimentos, a granel e embalado:

  • leguminosas – feijão-branco, feijão-encarnado, grão-de-bico e lentilhas verdes;

  • frutos secos – amêndoa torrada sem pele, avelã torrada, caju torrado e metades de noz;

  • ervas aromáticas e especiarias – cidreira para infusão, pimenta-preta em grão, caril e manjericão em folhas seco;

  • cereais – bulgur, cuscuz, millet e flocos de aveia.

Foram adquiridas as embalagens mais pequenas de cada produto. No caso das especiarias e das ervas aromáticas, deu-se preferência, sempre que possível, às recargas. Caso contrário, adquiriu-se as embalagens de vidro.

O cabaz de embalados produziu 371 gramas de resíduos, entre vidro, plástico e papel. Já o granel originou 79 gramas de lixo, sendo este correspondente aos envelopes disponibilizados nas lojas.

Levar os próprios recipientes para encher permite reduzir até zero a produção de resíduos de embalagens. Aposte neste hábito ao comprar a granel. Mas a DECO PROteste defende que é necessário garantir que a tara é descontada, para que o cliente não acabe por pagar o peso do recipiente junto com o produto.

A organização considera também que, tal como nos alimentos embalados, é essencial que se indique a data de validade, os alergénios, a origem e as condições de conservação dos produtos. Os alimentos devem estar em recipientes fechados, para reduzir a exposição ao ar e manter as respetivas propriedades.

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