
O futuro da água foi um dos principais temas em debate na conferência Visões do Futuro, que assinala o Dia Nacional da Sustentabilidade. E a palavra de ordem não poderia ser outra: poupar.
“Quando a qualidade do serviço não é boa, os consumidores devem exercer os seus direitos”. As palavras são de Vera Eiró, presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), que, durante a conferência Visões do Futuro, desafiou os consumidores a reportarem todos os problemas detetados no fornecimento de água. “Já recebemos cinco mil reclamações, que nos permitem afinar estratégias”, confirma Vera Eiró.
Seja nas tarifas ou na qualidade da água, no alerta para fugas ou necessidade de investimento, o consumidor tem sempre uma palavra a dar, salienta a presidente da ERSAR. Vera Eiró explicou também o que tem sido feito para controlar a qualidade da água em Portugal, tendo em conta que estes serviços são monopólios nas diferentes regiões do País.
ERSAR atenta a água perdida nas redes
O desperdício de água protagonizado pelos consumidores finais “é residual”, revela ainda Vera Eiró. Por isso, o papel da ERSAR passa por alertar para a água perdida nas redes de abastecimento e por assegurar que o orçamento para a água é, de facto, utilizado na água. Para a presidente daquela entidade reguladora, não há dúvidas de que “a excelente engenharia hídrica” que existe em Portugal coloca o País numa boa posição para, nesta matéria, atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável dentro de seis anos, em 2030.
Poupar água é a única forma de lidar com a finitude deste bem escasso, concordam Rui Soares, diretor clínico das Termas de Luso, e Cristina Costa, representante da Comissão de Embalagens e Sustentabilidade da associação empresarial Águas Minerais e de Nascente de Portugal (APIAM).
A água é “um património rico, que tem de se salvaguardar”, reforça Cristina Costa, depois de Rui Soares ter destacado as caraterísticas da água mineral natural da Serra do Buçaco. De resto, o tema não é propriamente novo. O responsável das Termas da Luso fez questão de garantir que as preocupações com a sustentabilidade das Águas do Luso são já muito antigas.
Em Portugal, tal como em toda a União Europeia, as águas engarrafadas são águas minerais naturais e águas de nascente que têm sempre origem subterrânea. Para obterem esta classificação, a sua pureza original tem de ser confirmada. Não é permitido qualquer tratamento de purificação, ainda que, nas águas de nascente, se admita a remoção de impurezas ou ajustes. Segundo a APIAM, a água engarrafada é segura para beber, pois é considerada um produto alimentar e, por isso, sujeita a análises de controlo de qualidade e segurança. Já as unidades de engarrafamento de águas têm planos de controlo analítico, que abarcam a qualidade desde a captação, ao enchimento, ao armazenamento e à colocação à venda. Em Portugal existe uma riqueza imensa ao nível das águas minerais naturais e águas de nascente, que são fiscalizadas por entidades como a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Direção-Geral de Saúde (DGS) e a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), para garantir a preservação da qualidade e a pureza dos bons recursos hidrogeológicos que existem no território nacional, destinados a engarrafamento ou para utilização no termalismo ou até geotermia.
Quem assistiu à conferência pôde ainda ouvir Rodrigo Sengo, responsável do Marine Ship Council (MSC) - Pesca Sustentável, explicar o esquema independente de certificação da origem sustentável do pescado. “Atualmente mais de 400 produtos têm o ‘selo azul’, que garante a sustentabilidade dos mesmos, ou seja, garante que provêm de uma fonte sustentável”, clarifica Rodrigo Sengo.
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