
A DECO PROteste acompanha, desde início de 2022, os preços da alimentação. O custo do cabaz composto por carne, peixe, ovos, fruta, legumes, entre outros produtos essenciais, subiu mais de 25% em três anos.
Muitos consumidores têm, hoje, dificuldade em pagar a fatura do supermercado. Siga alguns conselhos práticos que ajudam a poupar nas compras, o que passa, também, por evitar desperdícios alimentares.
Desperdício alimentar gera muito prejuízo e poluição
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alerta que cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo são perdidos ou desperdiçados. Apela, por isso, a que se reduza o desperdício alimentar para metade até 2030.
Efeito do desperdício alimentar na União Europeia
Alguns números publicados em 2024 pelo Eurostat, o gabinete estatístico da União Europeia, e que fazem pensar.
Mais de 59 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados todos os anos na União Europeia, segundo o Eurostat. Tal representa 132 quilogramas por pessoa, se considerarmos todas as fases de produção alimentar, que inclui a indústria de transformação, a restauração, o comércio e os consumidores, entre outros.
132 mil milhões de euros são perdidos por ano pelo desperdício alimentar.
16% do total das emissões de gases com efeito de estufa do sistema alimentar na União Europeia tem origem no desperdício alimentar.
72 kg de alimentos por pessoa por ano – isto é, mais de metade do desperdício alimentar – provém dos agregados familiares, segundo o gabinete estatístico da União Europeia.
33 milhões de pessoas na UE não têm meios para pagar uma refeição completa de dois em dois dias, enquanto toneladas de alimentos são desperdiçadas.
Ao ser um consumidor mais sustentável à mesa, além de poupar o ambiente e a carteira, junta-se à causa das Nações Unidas de reduzir para metade os desperdícios alimentares até 2030.
Como ser mais sustentável à mesa
1. Faça uma lista de compras com base numa ementa semanal e procure cingir-se ao que realmente precisa.
2. Resista a embalagens familiares com grandes promoções, se não tiver a certeza de que vai conseguir consumir tudo no prazo.
3. Arrume o frigorífico e a despensa por data de validade, seguindo a estratégia FIFO (First In, First Out) ou, em português, PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair). Ao organizar as refeições em função dos alimentos que estão perto do fim do prazo de validade, evita que se estraguem.
4. Aproveite as sobras com imaginação em vez de deitar fora. Pode, por exemplo, incorporar restos de legumes numa sopa ou picar carne que sobrou para um empadão. Também se pode congelar quase tudo, incluindo pratos cozinhados, queijo ralado, fruta (para fazer batidos, gelados ou sobremesas) e legumes, prontos para uma sopa. Veja como proceder e os prazos para os consumir, no dossiê completo sobre congelação.
5. Opte pelo comércio do bairro, em vez de encher o carrinho uma vez por mês no hipermercado, onde o risco de sucumbir a tentações e comprar produtos supérfluos aumenta. Além de ajudar pequenos comerciantes, ao ir a pé, poupa gasolina e emissões de gases com efeitos de estufa. Além disso, conta como atividade física.
6. Reduza o consumo de carne, principalmente de vaca, e privilegie a de aves, assim como os alimentos de origem vegetal, como fruta, legumes, leguminosas e cereais. A produção de carne tem uma enorme pegada ecológica no planeta: requer grandes áreas de terra para a criação e para a alimentação do gado; exige grandes quantidades de água e de energia; emite uma grande quantidade de gases com efeito de estufa libertados pelo estrume e pela digestão do gado. Quanto maior o animal, maior o seu impacto no ecossistema.
7. Evite alimentos processados, como salsichas, pois requerem um consumo desnecessário de recursos para a sua produção, como água e energia, e são uma fonte de poluição adicional, sobretudo relacionada com o transporte e as embalagens. Além disso, estes produtos contêm mais aditivos, sal, açúcar e gordura.
8. Prefira produtos locais e da época em vez de alimentos oriundos do outro lado do planeta, muitas vezes sobreembalados. Mais saboroso, mais económicos e mais sustentáveis, poupa no transporte e estará a favorecer os pequenos produtores locais.
9. Compre a granel, de preferência, pois permite evitar a produção de resíduos de embalagem e comprar apenas as unidades necessárias.
10. Opte por alimentos produzidos de modo mais sustentável, sem pesticidas nem adubos químicos, com certificações validadas no rótulo, como a Eurofolha. Preste também atenção aos que respeitam o bem-estar animal e as condições dos trabalhadores agrícolas.
No livro Consumo ecológico, encontrará inúmeros conselhos práticos para reduzir a sua pegada ecológica no dia a dia, nas compras, nos cuidados de higiene pessoal e da casa, nas deslocações e até nas férias.
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