
A análise de ciclo de vida de um eletrodoméstico avalia o seu impacto ambiental desde a extração das matérias-primas para o produzir até ao destino no seu fim de vida. Manter um frigorífico antigo será melhor para o ambiente e para a sua carteira?
O que é mais sustentável? Manter um frigorífico em casa mais de 20 anos ou optar por trocá-lo mais cedo por um com tecnologia mais recente? A resposta é fácil: o primeiro tem uma eficiência energética menor do que os mais recentes. A tecnologia, felizmente, evolui e permite poupar um pouco mais o planeta e o bolso dos consumidores. Por isso, manter um frigorífico em casa durante duas décadas pode não ser a opção mais sustentável.
No caso destes equipamentos, a fase de utilização é responsável pelos impactos ambientais mais significativos (quase 90%), seguindo-se a fase de produção, com um impacto de 14 por cento. O transporte, seja o frigorífico proveniente da Europa ou de outra parte do mundo, não tem uma importância muito significativa (menos de 1% do impacto total). A boa notícia é que o impacto em fim de vida é negativo. É simples de explicar: uma vez que acabam a sua função e são transportados para fora das nossas casas, têm peças com valor económico e que, na reciclagem, são retiradas para produzir novos produtos, o que leva a um benefício ambiental.
No nosso teste, escolhemos um frigorífico de 2013 que não era um topo de gama, mas que tinha uma eficiência energética boa (classe A) e outro de 2019 com muito boa eficiência energética (Classe A+++). A diferença é avassaladora: o primeiro tem um consumo médio anual de 429,24 kw/h e o segundo de 124,10 kw/h. A diferença é de 305,14 kw/h num ano.
E como se traduz isso em dinheiro poupado para o consumidor que comprar um frigorífico mais recente? Em 66,24 euros por ano. Pode parecer pouco, mas se os multiplicarmos pelos 16 anos do tempo médio que este eletrodoméstico é mantido por cada português, são mais de mil euros poupados. Este resultado traduz uma diferença de 93,19 euros anuais gastos na fatura da luz com o frigorífico antigo versus os 26,94 euros do modelo novo. Ou seja, se escolher um aparelho eficiente, em vez de manter outro, antigo, de classe A, poupa cerca de 70% de energia.
Em termos de emissões de dióxido de carbono equivalente, a unidade usada para medir o potencial de aquecimento global (um dos impactos considerados no nosso estudo), isso permitiria poupar o que sete árvores conseguem absorver durante um ano. Ou 119 árvores, contando os pouco mais de 16 anos de tempo médio de vida útil deste nosso frio companheiro.
O impacto maior do frigorífico está na utilização
Analisámos o impacto ambiental destes aparelhos desde o momento em que são extraídas as matérias-primas necessárias para os produzir até ao destino que terão no seu fim de vida (incineração, aterro ou reciclagem). Além disso, procurámos saber em que fase — produção, transporte, uso ou fim de vida — esses impactos são maiores.
No caso destes produtos essenciais para a conservação dos alimentos, o impacto maior está, de longe, no período de utilização. Portanto, a maior pressão ambiental é exercida pela energia elétrica que consomem.
Mais eficientes e de vida mais longa
Já sabemos qual é a durabilidade média de um frigorífico em Portugal, e que deverá optar por um exemplar mais eficiente no consumo. Mas qual será o período mínimo para ter um aparelho destes em casa e causar o menor impacto ambiental possível? Quantos anos terá de o manter até compensar os impactos ambientais associados à extração de matéria-prima e produção do equipamento face aos impactos da utilização? Cerca de quatro anos é o mínimo necessário.
Isso quer dizer que devemos mudar a cada quatro anos? Naturalmente que não. Não existe uma data específica em que cada frigorífico deva ser trocado e irá variar de caso para caso. O que não vale a pena é ficar agarrado à ideia de que manter o seu frigorífico com 20 anos é bom para a sua carteira e para o ambiente. No entanto, economicamente e ambientalmente também não faz sentido mudar de frigorífico com uma grande frequência.
Escolha-o bem na hora de comprar e mantenha-o até que existam soluções no mercado com uma tecnologia muito mais eficiente. Até porque, como o frigorífico está sempre ligado e a consumir energia, convém que compre o mais adequado para as necessidades, de modo a não ser obrigado a trocá-lo ao fim de poucos anos. Mesmo que tenha de escolher um mais caro, ao longo da vida do produto esse investimento será facilmente recuperado. No entanto, analise bem: mais caro não significa mais eficiente. O nosso comparador de frigoríficos pode ser uma ajuda preciosa.
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