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Ciclo de vida dos produtos: vamos ajudar o ambiente

Reduzir e reciclar
reciclagem de produtos
iStock

Qualquer produto que compramos, usamos ou ingerimos tem impacto no ambiente. Quer seja na altura da produção, quer na utilização, sem esquecer o transporte até às lojas ou até nossa casa, e o que acontece quando chega ao fim de vida. Mas, como não é possível deixar de usar ou consumir bens, se for uma pessoa preocupada com o meio ambiente, pode adotar várias medidas e/ou comportamentos, para mitigar o impacto de tudo o que compra ou utiliza.

Neste artigo, a DECO PROteste analisou o impacto ambiental de vários produtos tecnológicos, bem como de pequenos e grandes eletrodomésticos. No total, obteve dados para 21 equipamentos. Com base na informação, são apresentadas dicas que ajudam a reduzir esse impacto.

Várias fases do ciclo de vida

Nos últimos anos, a DECO PROteste, em conjunto com outras congéneres europeias, tem analisado os principais impactos ambientais de vários produtos, para perceber em que fase do ciclo de vida são mais relevantes: produção, transporte, utilização ou fim de vida.

O consumo de energia é, em geral, o aspeto que tem estado mais em foco, sobretudo devido à crescente preocupação com o ambiente. Tal tem levado os fabricantes não só a desenvolverem equipamentos mais eficientes como a empenharem‑se numa produção cada vez mais sustentável. Também a União Europeia tem estimulado o fabrico de aparelhos mais eficientes e dado especial atenção à sua reparabilidade.

Contudo, o impacto de um produto não se fica pelo consumo de energia, pois começa antes de chegar a nossa casa. A fase de fabrico é a primeira, e pode ocorrer em qualquer parte do mundo. Mesmo quando o produto é fabricado na Europa, é bastante provável que alguns dos seus componentes sejam originários de países asiáticos. Depois de pronto, o equipamento (ou os seus componentes) tem de ser transportado até Portugal.

Já em posse do consumidor, a utilização também tem um impacto, que pode ser maior ou menor em função do tipo de equipamento. Por exemplo, uma máquina de lavar roupa terá um consumo de energia superior ao do carregamento de um telemóvel. Por fim, é preciso ter em conta que, mesmo quando deixam de funcionar, os produtos devem ter um fim de vida adequado e sustentável, o mais amigo do ambiente possível.

Conhecer o impacto ambiental dos produtos nas diferentes etapas do ciclo de vida é essencial, para saber como reduzi‑lo.

Como foi feito o estudo

Para o estudo, foram analisados os impactos ambientais de vários produtos, como a extração da matéria‑prima, a produção, a utilização e o destino em fim de vida, sem esquecer o transporte. Para tal, foram selecionados cinco produtos representativos de cada família analisada.

Para determinar o impacto da produção, analisou‑se a composição do aparelho em combinação com o seu peso. Após o fabrico, o produto terá de ser transportado até ao local onde será vendido. Em regra, o caminho é feito por mar e terra (camião ou comboio). Na análise da utilização, consideraram‑se cenários médios de uso, com base em estudos desenvolvidos pela DECO PROteste e pelas suas congéneres europeias. No caso da energia, usou‑se o mix energético dos países onde são fabricados e utilizados os equipamentos. Quanto ao fim de vida, recorreu‑se aos dados nacionais de reciclagem e deposição final, para os vários produtos.

As fases de utilização e de produção (sobretudo para alguns equipamentos) são as que mais impacto têm no ambiente. O fim de vida é negativo porque se valoriza quando componentes do produto são recicláveis

O peso da origem

Com frequência, apenas alguns componentes ou matérias‑primas são responsáveis por grande parte do impacto ambiental na fase de produção. Por exemplo, o cobre utilizado nas máquinas de secar roupa representa quase 50% do impacto ambiental da fase de produção. O mesmo acontece com as placas de circuito impresso dos telemóveis. No fabrico de uma bicicleta elétrica – produto com elevado impacto no momento da produção –, o alumínio representa cerca de 36% dos impactos ambientais desta fase, enquanto o motor é responsável por 16 por cento.

Não é fácil o consumidor fazer escolhas que possam ter menor impacto na altura da produção, pois não há informação concreta sobre quais os fabricantes que têm maiores preocupações com as questões ambientais de matérias‑primas e equipamentos. Assim, resta ao consumidor reduzir a pegada ambiental ao utilizar o produto pelo maior tempo possível. Mas este conselho não se aplica a todos os aparelhos. Os requisitos europeus mais rigorosos para o consumo energético dos equipamentos, aliados às inovações tecnológicas ocorridas, têm levado ao fabrico de equipamentos menos vorazes ao nível do consumo de eletricidade. Por estas razões, frigoríficos e máquinas de lavar roupa tornaram‑se bastante mais eficientes, e manter um equipamento antigo poderá não ser a melhor solução. Nos restantes casos, pondere a reparação dos produtos avariados, sobretudo quando se trata de tecnologia. Por exemplo, se a reparação do telemóvel permitir o uso por mais de dois anos, o impacto ambiental será reduzido em 20%, mesmo considerando o fabrico de peças novas.

Como é feito o transporte?

Telemóveis, portáteis, impressoras a jato de tinta, relógios inteligentes, bem como muitos outros produtos tecnológicos, são originários, sobretudo, do continente asiático. Mesmo quando são fabricados na Europa, é provável que alguns componentes sejam oriundos da Ásia. Vindos de mais longe, o mais certo é serem enviados para a Europa através de navios. Tal também tem impacto no ambiente, mas menos do que noutras fases do ciclo de vida. Na verdade, um transporte que é realizado apenas uma vez tem pouca expressão, não representando mais de 5% do total de impactos ambientais do produto.

Apesar de o transporte representar uma parcela pequena, é possível reduzi‑la ainda mais ao optar por equipamentos fabricados na Europa. Neste caso, não só o produto percorre uma distância menor até nossa casa, como há a garantia de ser fabricado em países que recorrem mais a energias renováveis.

Usar de modo eficiente

Em muitos produtos, o maior impacto durante a utilização deve‑se ao consumo de energia. Um frigorífico ligado 24 horas por dia ou um portátil usado oito horas diárias são apenas dois exemplos. A primeira decisão, quando se trata de aparelhos com elevado impacto ambiental na fase da utilização, é optar por modelos eficientes. A etiqueta energética e os resultados dos testes comparativos da DECO PROteste são essenciais para comparar marcas e ajudar na escolha.

Também é importante que os equipamentos sejam usados de forma correta, e que o consumidor siga alguns cuidados. Por exemplo, só deve colocar as máquinas de lavar roupa ou loiça a trabalhar quando estiverem cheias, evitando as meias‑cargas. Desligar o televisor e as luzes, quando não estiver ninguém na divisão, é outro gesto de poupança.

Mas existem outros consumos a considerar. É o caso da água e do detergente, nas máquinas de lavar roupa e loiça; dos sacos, quando se trata de aspiradores com saco; ou da tinta e do papel, por parte de impressoras. Neste último exemplo, o consumo de papel tem impactos ambientais superiores ao gasto de eletricidade. Já nas máquinas de lavar roupa, o consumo de detergente tem mais impacto do que o de água.

Outro exemplo em que os consumíveis têm mais impacto no ambiente do que a energia ou a água são as máquinas de café, tanto as automáticas como as de cápsulas. O café é o consumível com mais impacto ambiental, contribuindo com cerca de 70% do total associado à fase de utilização. Mas também as cápsulas (cerca de 15%) têm maior impacto ambiental do que a energia (cerca de 10 por cento). Para um comportamento mais sustentável no uso das máquinas de café, há que ter atenção ao tipo de café adquirido, e preferir marcas que provem ter preocupação ambiental e que tenham uma produção mais sustentável.

Nos restantes casos, o título Escolha Verde da DECO PROteste é uma grande ajuda. Este selo é atribuído aos produtos que, na sua categoria, têm menor impacto ambiental aliado a um elevado desempenho.

Reencaminhe para reciclagem

Quando o equipamento chega ao fim de vida – por já não compensar usá‑lo, não poder ser reparado ou avariar de vez –, é fundamental dar‑lhe o destino adequado. Para tal, pode entregá‑lo na loja onde comprar o novo (sem encargos adicionais) ou deixá‑lo num ecocentro ou num dos pontos de recolha das entidades gestoras de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos: Electrão, ERP Portugal e E‑Cycle. Alguns supermercados e zonas comerciais disponibilizam contentores para pequenos eletrodomésticos ou aparelhos eletrónicos.

Ao colocar o resíduo no local correto, garante que será encaminhado para reciclagem, onde os diferentes componentes serão desmontados e os vários materiais transformados em matérias‑primas, que poderão ser usadas noutros produtos. Alguns municípios também recolhem os aparelhos em casa dos consumidores.

Se todos tivermos os cuidados referidos neste artigo, o impacto no ambiente será, sem dúvida, menor.

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