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Rótulo europeu ajuda a poupar água e energia

Em casa
chuveiro para poupar água
iStock

Qual o equipamento que gasta menos água e energia? O Rótulo Unificado Europeu de Eficiência Hídrica e Energética é a bússola que responde à questão.

Lançado no início de 2019, o Rótulo Unificado Europeu de Eficiência Hídrica e Energética pretende unir os vários rótulos num só e difundir a mesma escala e imagem, simplificando a mensagem e respondendo às perguntas: quantos litros de água gasta este equipamento e quão eficiente é do ponto de vista hídrico e energético? A questão da eficiência energética aplica-se, por exemplo, a torneiras com sensores, que se ligam e desligam automaticamente, ou a colunas de duche com sistema de hidromassagem.

Após uma fase de transição, em 2021, estava previsto ser o único rótulo a constar em autoclismos, chuveiros e torneiras. Mais de 160 marcas e 12 mil produtos, num total de 13 categorias, entre torneiras de casa de banho e de cozinha, autoclismos, chuveiros e banheiras, já utilizam o Rótulo Unificado Europeu de Eficiência Hídrica e Energética. Consulte a lista de produtos com o Rótulo Unificado Europeu por país.

Para saber qual o impacto das etiquetas de eficiência hídrica para produtos sanitários já existentes no mercado, assim como as motivações e necessidades dos consumidores europeus na compra deste tipo de equipamentos, a Rede Europeia de Energia (EnR, na sigla em inglês) realizou um estudo em 22 países, incluindo Portugal. Este estudo foi divulgado em 2023.

  • Apesar de apenas 38% dos 487 inquiridos estar familiarizado com o rótulo, quando este é apresentado e explicado, 92% dos inquiridos indicam que a informação presente no mesmo é relevante.

  • A maioria dos consumidores (74%) considera os produtos com rótulos antes de comprar um produto.

  • A maioria dos consumidores que não escolhe ou presta atenção aos rótulos de eficiência desconhece mesmo a existência dos mesmos ou tem dificuldade em encontrar produtos com rótulos no mercado.

  • Entre os consumidores que têm em atenção os rótulos de eficiência energética e hídrica, a maioria indica que o faz de modo a poupar água e energia, mas também pelos benefícios ambientais destes produtos.

Este rótulo pode ter um papel fundamental na escolha de produtos mais eficientes e será bem aceite pelos consumidores. No entanto, é ainda necessária alguma divulgação para que os consumidores saibam identificá-lo e percebam a informação que nele consta. É ainda necessária maior oferta de produtos com a informação do rótulo de eficiência hídrica no mercado.

Em Portugal, o potencial de eficiência hídrica está calculado entre 30 e 50 por cento. Significa que, por um lado, existem perdas de água na rede e, por outro, que não poupamos água como deveríamos e poderíamos.

Se utilizássemos equipamentos mais eficientes, o montante a pagar na fatura seria substancialmente reduzido. Um pouco por toda a Europa, cada país concebeu rótulos que dão conta da quantidade de água e de energia consumidas pelos equipamentos utilizados na casa de banho. Numa época em que tanto se fala em sustentabilidade e seca, a poupança de recursos é inadiável.

Exemplo de um rótulo de torneira eficiente

Além de uma zona dedicada ao consumo de água e de energia, este rótulo contém os ícones técnicos do equipamento onde se detalham as características que cooperam para a poupança, como a resistência à temperatura mais elevada e o temporizador.

Como distinguir o chuveiro que gasta menos água

Recorramos a um caso prático. O Rótulo Unificado Europeu de Eficiência Hídrica e Energética indica, por exemplo, quais são os chuveiros que gastam menos água. Em dois chuveiros da mesma marca com desempenhos díspares, se cada duche durar cinco minutos, numa família de quatro pessoas, a diferença entre a água consumida pelos dois equipamentos é de 440 litros diários ou 160 mil litros num ano. O chuveiro mais eficiente é mais caro, mas o retorno do investimento dá-se em quatro meses. Consoante o valor da tarifa da água por município, a poupança anual com o chuveiro mais eficiente pode ultrapassar os 150 euros.

Consumo de água acima do necessário

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cada indivíduo precisa de 110 litros de água para satisfazer as necessidades diárias. Mas dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) revelam que, em 2020, cada português consumiu 131 litros de água potável por dia. Na rotina doméstica, o grande sorvedouro é a higiene pessoal, onde se incluem banhos e duches e o uso do autoclismo. Daí que intervir nos equipamentos mais gastadores (chuveiros, autoclismos e torneiras) se tenha tornado urgente. Numa época em que os discursos da emergência climática marcam a agenda nacional e internacional, os fabricantes começam a adaptar os produtos e a destacar-se pelas preocupações ambientais.

A escassez e a falta de água potável em Portugal e no mundo

Alentejo e Algarve comungam de uma palavra: seca. A ausência de chuva nestas regiões implica que, de ano para ano, as consequências se façam sentir. Mais de 40% da reserva anual de água, conservada em albufeiras, barragens, captações subterrâneas e lagos naturais, é gasta a sul de Portugal, onde a escassez hídrica está classificada como de risco elevado.

Para os próximos 20 anos, as previsões não são tranquilizadoras, segundo o estudo Aqueduct Water Stress Projections, do World Resources Institute, ONG ambientalista. Em 2030, o cenário de seca poderá estender-se à maioria do território português. E, para 2040, estima-se que as zonas de Lisboa e do Algarve venham a despender mais de 80% das reservas anuais de água. A fraca pluviosidade, limitando a vida das populações a curto, a médio e a longo prazo, exige múltiplas soluções e mecanismos para mitigar os efeitos da escassez de água. Alguns encontram-se ao alcance de qualquer pessoa e em objetos do dia-a-dia, como torneiras e chuveiros.

Saúde, redução da pobreza, segurança alimentar, paz, direitos humanos e ecossistemas do planeta são dimensões nas quais a nossa sobrevivência se fundamenta e que dependem da água. Mas a escassez, a poluição, o stresse hídrico, o saneamento e a higiene humana são questões dramáticas que vieram para ficar. Estima-se que mais de dois mil milhões de indivíduos não tenham acesso aos serviços básicos de saneamento e higiene. Em causa não está unicamente a falta de abundância, mas também a qualidade da água.

Uma das faces visíveis da emergência climática ao nível mundial é a escassez de água. A dificuldade generalizada no acesso a água potável poderá levar a que mais de 700 milhões de pessoas se desloquem de uma região para outra. Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030 é precisamente garantir o acesso universal e equitativo a água potável. A utilização racional e consciente torna-se, cada vez mais, uma obrigatoriedade para quem ainda dispõe deste recurso.

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