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Microplásticos na água engarrafada? Controlo apertado em Portugal diminui riscos

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Pessoa a agarrar em garrafa de água numa prateleira cheia de garrafas
iStock

A notícia surgiu no início de janeiro: segundo um estudo realizado nos Estados Unidos da América (EUA), um litro de água em garrafas de plástico pode conter, em média, 240 mil minúsculos fragmentos de plástico que, até agora, não tinham sido identificados nem contabilizados.

O entusiasmo da comunidade científica, por ser a primeira vez que foi possível quantificar e classificar nanoplásticos através de uma nova abordagem técnica, foi abafada pela preocupação dos consumidores. Afinal, é seguro beber água engarrafada? A DECO PROteste contactou a APIAM - Águas Minerais e de Nascente de Portugal, associação empresarial do setor de águas engarrafadas, para ajudar a esclarecer.

Fontes de águas superficiais vs. águas subterrâneas

As conclusões de estudos sobre qualidade de águas engarrafadas em países como os EUA não podem ser estendidas à realidade nacional ou europeia. Nos EUA, onde foi efetuado o estudo e de onde são provenientes as únicas três amostras analisadas, as águas engarrafadas têm, maioritariamente, origem em fontes de águas superficiais, e são tratadas e purificadas antes do engarrafamento. O estudo sugere que a maior contaminação provém dos filtros de purificação (poliamidas) e não da garrafa em si (PET).

Ao contrário dos EUA, em Portugal, tal como em toda a União Europeia, as águas engarrafadas são águas minerais naturais e águas de nascente, que têm sempre origem subterrânea e não passam por aquele sistema de filtragem. Para serem classificadas como águas minerais naturais ou águas de nascente, a sua pureza original tem de ser confirmada. Não é permitido qualquer tratamento de purificação, ainda que, nas águas de nascente, se admita a remoção de impurezas ou ajustes, desde que não afetem a sua composição original.

Segundo a APIAM, a água engarrafada é segura para beber, pois é considerada um produto alimentar e, por isso, sujeita a análises de controlo de qualidade e segurança. Já as unidades de engarrafamento de águas têm planos de controlo analítico, que abarcam a qualidade desde a captação, ao enchimento, ao armazenamento e à colocação à venda. Esta é mesmo uma área muito fiscalizada, garante aquela associação à DECO PROteste, por entidades como a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Direcção-Geral de Saúde (DGS) e a Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). O objetivo é preservar a qualidade e a pureza dos bons recursos hidrogeológicos que existem no território nacional.

Ainda há pouco conhecimento sobre microplásticos

Os microplásticos são minúsculas partículas de plástico com menos de 5 milímetros. Sabe-se, de acordo com dados reunidos pela Comissão Europeia, que as principais origens são o desgaste de pinturas e pavimentos sintéticos, o desgaste de pneus dos automóveis, perdas de granulados de plásticos, os têxteis, os geotêxteis e as cápsulas de detergentes. Não são biodegradáveis e estão dispersos pelos oceanos, solos, ar e cadeia alimentar. O conhecimento sobre os riscos e a eventual perigosidade ao nível ambiental e da saúde humana, encontra-se numa fase muito embrionária.

Também não existem ainda metodologias de análise, fora da esfera experimental, para a identificação e enumeração de micropartículas, entre as quais se podem encontrar os microplásticos, pelo que esta análise ainda não é realizada.

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