
A DECO PROteste avaliou o impacto ambiental de garrafas reutilizáveis de água feitas de 11 materiais diferentes. O teste teve em conta uma série de categorias de impacto ambiental. A seguir aos plásticos, o desempenho melhor pertence às garrafas de vidro, seguidas das de alumínio.
Das 29 garrafas testadas, selecionou-se um onze versátil (repetiam-se os materiais no grupo das 29): passaram pelo crivo dos especialistas garrafas em alumínio, em aço inoxidável de duas camadas e numa só camada, de silicone, de tritan e do mesmo material com cápsulas de uso único, de vidro, de plástico PCTG, de polipropileno, de policarbonato e de polietileno. As variáveis de impacto ambiental avaliadas foram, entre outras, o contributo destes materiais para o aquecimento global, o grau de toxicidade que representam para os seres humanos, o uso do solo e da água, e o uso de recursos fósseis. Estas categorias foram analisadas com maior atenção, pois, em conjunto, representam mais de 80% dos impactos ambientais ao longo do ciclo de vida.
Impactos ambientais no ciclo de vida das garrafas
Os especialistas analisaram os impactos ambientais em todas as fases do ciclo de vida destes produtos: da produção ao fim da vida, passando pelo seu tempo de vida útil (pelo uso que lhes damos) e pela distribuição.
Os resultados não foram surpreendentes, dadas as características das garrafas, um objeto de uso diário, intensivo: a maioria dos impactos ambientais está associada à produção da garrafa, mas a lavagem também tem impactos relevantes.
De todos os materiais utilizados, qual é aquele que compensa mais e o que deixou maior pegada ecológica, dado o peso que representa na sua produção e utilização? As respostas têm uma amplitude considerável: as de polietileno – vulgares garrafas de plástico utilizadas, por exemplo, na prática de ciclismo – são as garrafas que apresentam menor impacto ambiental do que os restantes materiais. Em comparação com as garrafas de polietileno, as de polipropileno (plástico mais rígido) teriam de ser utilizadas durante mais um mês.
Seguem-se os quatro meses necessários às garrafas de plástico PCTG e de silicone. Já a avaliação das garrafas de aço inoxidável é claramente negativa neste teste. As de uma só camada devem ser usadas durante mais 37 anos do que a de polietileno para compensar os impactos. Mas as de duas camadas podem ser oferecidas aos filhos como herança: atingir um valor que compense a sua pegada vai demorar mais de 73 anos.
Valorizar é preciso
Apesar do anátema que caiu sobre o plástico nos tempos que correm, este é o material que custa um pouco menos ao ambiente, neste aspeto. No entanto, todos os produtos reutilizáveis devem ser, como o nome indica, reutilizados inúmeras vezes. Caso contrário, não faz sentido comprar produtos reutilizáveis, nem do ponto de vista ambiental nem económico. A categoria de maior impacto, na generalidade dos produtos testados, é a da toxicidade humana. Isto não significa que haja um risco para a saúde humana enquanto estamos a utilizar as garrafas. É resultado da fase de produção – tal como acontece com muitos outros produtos industriais, o processo de fabrico pode envolver recursos e técnicas prejudiciais à saúde humana.
Resíduos com sabor
Uma das garrafas estudadas mereceu maior atenção. A Air Up começa a ser uma tendência em alguns países europeus – trata-se de uma garrafa em tritan (um tipo de plástico) com cápsulas especiais que lhe conferem aroma (de melancia, por exemplo). A ideia é o incentivo a uma maior hidratação, mas tem um impacto considerável sobre o ambiente. Porquê? Justamente, por causa do detalhe caprichoso das cápsulas "saborosas". Como só garantem o aroma, no máximo, até cinco litros de água, terão de ser deitadas fora a seguir a esse limite. Passam a ser resíduos, puros e duros, uma vez que não poderão ser recicladas. Considerando um cenário em que a garrafa é usada três vezes ao dia, cinco dias por semana, 52 semanas por ano, serão necessárias 110 cápsulas para manter o sabor intacto. Ou seja, quase 6 kg de resíduos ao fim de um ano, que se somam a todos os outros. O que sabe bem ao paladar pode deixar um gosto verdadeiramente amargo ao ambiente. Mesmo comprando as cápsulas mais baratas, no final do ano vão ser gastos quase 220 euros.
E as garrafas de uso único?
Passaram também por este teste vasilhames em PET (plástico comum), vidro e alumínio. Os resultados, neste caso, não são surpreendentes e até são previsíveis. Em média, por garrafa, representam um aumento de impactos entre os 5000% das garrafas PET, os 7800% das amostras em vidro e os 18 700% das de alumínio. Estas percentagens dantescas são obtidas em comparação com as rivais ao fim de um ano de utilização...
Por sua vez, é preciso ver que, apesar de alguns valores fora do comum apresentados pelas garrafas reutilizáveis com um certo tipo de material, o transporte – a categoria "distribuição", no estudo – é feito apenas uma vez até que cheguem ao utilizador que as comprou. A partir desse momento, deixam de ter impacto nesta variável específica e vencem, uma vez mais, este "duelo" de impactos comparados com as de uso único.
Poupança também é argumento
Uma garrafa reutilizável pode ser mais cara. Mas o valor de poupança associado é mais visível do que o que representa para o ambiente: em média, se comprarmos uma garrafa de água de uso único de 1,5 litros por dia gastaremos 206 euros num ano. Uma garrafa em polietileno, revela qualquer pesquisa rápida num motor de busca, pode ser comprada por alguns (poucos) euros, mas esse custo será suportado apenas uma vez. Se a enchermos com água da torneira e, mesmo tendo de a lavar com frequência, só iremos somar alguns cêntimos à conta de água mensal.
Mais argumentos? Devemos reduzir ao máximo o consumo, evitando a produção de resíduos. Apenas quando é inevitável a produção de resíduos é que devem ser reciclados. Se não forem depositados corretamente para serem valorizados, vão representar um forte impacto ambiental. Além disso, poupa-se ao ambiente quase 11 kg de garrafas de plástico ao fim de um ano. São muitas as vantagens de utilizarmos este material com parcimónia.
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