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Varíola dos macacos: o que é e como se transmite?

A vacina contra a infeção por vírus Monkeypox passou a ser recomendada preventivamente para alguns grupos de risco. Contactos próximos também têm indicação para serem vacinados. Saiba quais os sintomas da varíola dos macacos, como se transmite e qual o tratamento.

21 setembro 2022
analista em laboratório a analisar amostras de sangue

iStock

A Direção-Geral da Saúde recomenda a vacinação contra a varíola dos macacos não só nos contactos próximos de casos como também em grupos com risco acrescido de infeção humana por Monkeypox.

A vacina Imvanex, antes apenas aprovada para proteção contra a varíola em adultos, recebeu no final de julho autorização da Comissão Europeia para alargar a sua indicação e está também aprovada para a proteção contra a varíola dos macacos.

Antes da extensão de indicação da Imvanex, e por não existir nenhuma vacina disponível e aprovada para o vírus Monkeypox na União Europeia, a Emergency Task Force (ETF) da Agência Europeia do Medicamento (EMA), já havia considerado adequada a administração da vacina Jynneos no contexto deste surto. Jynneos é uma vacina comercializada nos EUA e que apresenta a mesma formulação da Imvanex. A EMA apoiou as autoridades nacionais que decidissem, temporariamente, importar vacinas dos EUA e, tendo isso em consideração, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) concedeu, em julho, uma autorização de utilização excecional para a vacina Jynneos em Portugal.

Tendo em conta o aumento da procura desta vacina ao nível mundial, foi autorizada a administração de uma dose reduzida por via intradérmica, em situações de urgência. Isto permite maximizar o número de doses disponíveis.

Estas decisões surgem depois de estarem confirmados centenas de casos de infeção humana pelo vírus Monkeypox em Portugal e mais de quatro meses após a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês) ter confirmado o primeiro caso na região, a 7 de maio. Uma semana depois, a 14 de maio, o Reino Unido viria a reportar mais dois casos de pessoas residentes na mesma casa, mas sem registo de viagens recentes ou contacto com o primeiro caso reportado. Em Espanha, as autoridades de saúde também já comunicaram a existência de vários casos confirmados e suspeitos.

Em comunicado, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) revelou que, além de Portugal, Reino Unido e Espanha, há já casos confirmados também na Bélgica, na França, na Itália, na Suécia, no Canadá, nos EUA e na Austrália. Afirma também que "os casos suspeitos devem ser isolados, testados e notificados imediatamente”. O ECDC pede ainda às organizações de saúde pública dos países com casos confirmados que tomem medidas para consciencializar a população para a potencial disseminação da doença.

O que é o vírus da varíola dos macacos e como se transmite?

O vírus da varíola dos macacos (Monkeypox) é um vírus do género Orthopoxvirus. Trata-se de uma zoonose, por ser transmitida através do contacto com animais. A doença é rara e, habitualmente, não se dissemina facilmente entre humanos. No entanto, a transmissão pode ocorrer pelo contacto com animais ou pelo contacto próximo com pessoas infetadas ou objetos contaminados (toalhas ou lençóis, por exemplo). A transmissão entre seres humanos ocorre principalmente através de grandes gotículas respiratórias, mas, uma vez que estas não conseguem viajar muito longe, é necessário um contacto cara a cara prolongado para que a transmissão ocorra. O vírus pode ainda entrar no organismo humano através do contacto com lesões cutâneas ou fluidos corporais.

O período de incubação (intervalo entre a infeção e o início dos sintomas) é normalmente de 6 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias.

Apesar da investigação em curso, ainda se desconhece a origem do vírus.

Quais os sintomas da doença?

Os sintomas incluem febre, dores de cabeça, dores musculares, dores nas costas, gânglios linfáticos inchados, calafrios e cansaço. Tipicamente, os infetados desenvolvem lesões ulcerativas e erupções cutâneas que começam no rosto e depois se alastram a outras partes do corpo, incluindo os genitais.

As erupções cutâneas provocadas por este vírus podem ser confundidas com varicela, uma vez que começam como borbulhas que se transformam em pequenas bolhas com líquido. Estas bolhas acabam por formar crostas que mais tarde caem. Quando as crostas caem, a pessoa já não é infeciosa.

 
Erupção cutânea provocada pelo vírus Monkeypox (Crédito: artigo científico "Human monkeypox: an emerging zoonosisigure capture", publicado em janeiro de 2004, na revista The Lancet – Infectious Diseases.)

Como se trata a doença?

As pessoas com sintomas suspeitos devem abster-se de contactos físicos diretos e procurar aconselhamento clínico de imediato. A abordagem clínica não requer um tratamento específico para este vírus, já que a doença habitualmente é autolimitada e acaba por desaparecer depois de algumas semanas. Nos casos mais severos, contudo, pode ser necessário recorrer a um tratamento com antivirais.

Para quem é recomendada a vacina?

De acordo com as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS), a vacinação deve ser utilizada de forma preventiva em grupos com um risco acrescido de infeção humana por Monkeypox e num contexto de pós-exposição, ou seja, para pessoas identificadas como contactos próximos de casos.

Vacinação preventiva

A vacina está recomendada para pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, assintomáticas, que nunca tenham sido previamente diagnosticadas com esta infeção e que se adequem, pelo menos, a um dos seguintes cenários:

  • homens que têm sexo com homens (HSH), mulheres e pessoas trans, em tratamento preventivo contra o vírus da imunodeficiência humana (PrEP para VIH) e diagnóstico de, pelo menos, uma infeção sexualmente transmissível (IST) nos últimos 12 meses;
  • HSH que vivam com VIH e diagnóstico de pelo menos uma IST nos últimos 12 meses;
  • HSH e pessoas trans envolvidas em sexo comercial;
  • HSH com imunossupressão grave;
  • profissionais de saúde, com elevado risco de exposição, envolvidos na colheita e no processamento de produtos biológicos de casos de infeção.

Depois de identificados os cidadãos elegíveis para serem vacinados preventivamente, cabe a cada região de saúde gerir a estratégia logística de vacinação.

Vacinação depois da exposição ao vírus

A chamada "vacinação pós-exposição" diz respeito à vacinação recomendada para as pessoas assintomáticas, que sejam contactos próximos de um caso e que nunca tenham sido diagnosticadas com infeção humana por Monkeypox.

A vacinação deve ocorrer idealmente nos primeiros quatro dias após o último contacto e, no máximo, até 14 dias após a última exposição, se a pessoa se mantiver assintomática ou se, havendo sintomas compatíveis com a doença, esta tiver sido excluída, após análise laboratorial, e se o caso a que a pessoa foi exposta for provável ou confirmado.

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