Notícias

Nova variante covid-19: o que é e qual o impacto da EG.5.1?

Numa altura em que os casos de covid-19 voltam a aumentar, a DECO PROTeste explica o que são e o que escondem as mutações do SARS-CoV-2. Saiba mais sobre a EG.5.1, a nova "variante" mais predominante em Portugal.

08 setembro 2023
Estudo do coronavírus em laboratório

iStock

Com a pandemia da covid-19, as páginas dos jornais encheram-se de nomes científicos para tratar as chamadas "variantes do SARS-CoV-2". Estas foram batizadas com os nomes das letras do alfabeto grego (Alfa, Beta, Gama...), mais fácéis de enunciar do que os códigos usados nos meios científicos. Mas a linhagem XBB da Ómicron (e suas descendentes), que desde o início do ano registou um aumento de circulação no País, põe um código nas bocas do mundo: EG.5.1. Este é o nome da sublinhagem que se tem tornado dominante no País. De uma forma geral, a XBB e as suas descendentes têm maior capacidade de "escapar" aos mecanismos de defesa do organismo, pelo que estão a ser alvo de atenção.

A multiplicação de novas variantes do SARS-CoV-2 pelo mundo tem levantado dúvidas sobre se estas mutações poderão não só ser mais contagiosas como provocar doença severa e também afetar a eficácia das vacinas.

Como surgem e se detetam as variantes do SARS-CoV-2?

Os coronavírus (CoV) constituem uma grande família de vírus com o potencial de causar doenças respiratórias, que podem ir desde uma simples constipação a situações mais graves como a síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS-CoV) e a síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV). Trata-se de doenças zoonóticas, ou seja, transmissíveis entre animais e pessoas. O SARS-CoV-2 (que provoca a covid-19) é uma nova estirpe que nunca tinha sido anteriormente identificada nos seres humanos. As novas variantes que se têm observado ao nível mundial são mutações do SARS-CoV-2.

As mutações dos vírus são comuns, em particular nos vírus de RNA – que têm ácido ribonucleico como material genético (como os coronavírus) –, e a maioria não tem impacto significativo. Contudo, algumas mutações podem proporcionar ao vírus uma vantagem em relação aos outros vírus que não sofreram essa mutação, tal como uma maior transmissibilidade. São estas mutações que geram preocupação e precisam de ser acompanhadas de perto. Além disso, quanto maior a transmissibilidade e a circulação do vírus, maior é a probabilidade de ocorrerem novas mutações.

Sequenciar o genoma de um vírus ajuda a entender o percurso da transmissão e o tempo em que ele está presente em determinada região ou país. Obter a sequenciação do genoma do SARS-CoV-2 – tarefa que em Portugal é assegurada por um programa do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, com a colaboração do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) – é essencial para o rápido rastreio dos vírus em circulação e a única forma de descobrir novas variantes, ajustar estratégias no sentido de tentar travar a disseminação do vírus e conter cadeias de transmissão das variantes de maior preocupação.

Variantes do SARS-CoV-2 identificadas em Portugal

Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), existem no mundo variantes do SARS-CoV-2 com maior importância epidemiológica e clínica. Para evitar o estigma contra países, a Organização Mundial de Saúde (OMS) atribuiu denominações simples, fáceis de dizer e lembrar para as principais variantes do SARS-CoV-2, usando letras do alfabeto grego. 

Variantes do SARS-CoV-2 com maior relevância clínica identificadas em Portugal
Nome Alfa (B.1.1.7 ou N501Y.V1) Beta (B.1.351 ou N501Y.V2) Gama (P.1 ou N501Y.V3) Delta (B.1.617.2) Ómicron (B.1.1.529)
Transmissibilidade Cerca de 50% mais transmissível. Estima-se um aumento de transmissibilidade de 50% face às outras variantes que circulam na África do Sul. Estudos indicam um aumento de transmissibilidade de 1,7 a 2,4 vezes. É 40 a 60% mais transmissível que a variante Alfa. Parece ser significativamente mais transmissível do que a variante Delta.
Severidade Aumento do risco de hospitalizações e admissões em cuidados intensivos. Poderá estar associada a maior risco de hospitalizações. Não há informação disponível para avaliar qualquer alteração na gravidade da doença

A sublinhagem XBB da variante Ómicron, cuja circulação tem vindo a aumentar desde o início de 2023, tornou-se dominante na semana de 6 março, registando uma frequência relativa de 96,2% nas semanas de 31 de julho a 20 de agosto, em particular das sublinhagens XBB.1.5, XBB.1.9 e XBB.1.16 (e descendentes). A sublinhagem XBB.1.9 (em particular a sua descendente EG.5.1) registou um considerável aumento de frequência em Portugal, representando cerca de 50% das sequências analisadas nas últimas três semanas. 

O risco da EG.5 é avaliado como baixo ao nível mundial, mas não foram reportadas alterações na gravidade da doença.

Como travar a disseminação das novas variantes?

É importante reforçar medidas para evitar a disseminação e fazer o controlo da transmissão da doença, tais como:

  • usar máscara se estiver infetado;
  • promover a boa higiene das mãos (lavagem frequente com água e sabão ou, na falta desta, desinfeção com solução hidroalcoólica) e a etiqueta respiratória (uso de máscara facial, tossir para o braço, etc.);
  • manter os espaços arejados, preferencialmente através de ventilação natural, procedendo à abertura de portas e/ou janelas.

Também a vacinação contra a covid-19 continua a ser uma arma importante para combater o contágio, provada que está a redução da transmissibilidade e o risco de doença grave contra a maioria das variantes em circulação.

Se gostou deste conteúdo, apoie a nossa missão

Somos a DECO PROTESTE, a maior organização de consumidores portuguesa, consigo há 30 anos. A nossa independência só é possível através da sustentabilidade económica da atividade que desenvolvemos. Para mantermos esta estrutura a funcionar e levarmos até si um serviço de qualidade, precisamos do seu apoio.

Conheça a nossa oferta e faça parte da comunidade de Simpatizantes. Basta registar-se gratuitamente no site. Se preferir, pode subscrever a qualquer momento.

 

JUNTE-SE A NÓS

 

O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTeste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.