Perda de memória: como combater o mal do tempo

A perda de memória, que se agrava a partir dos 60 anos, é natural e raramente justifica uma visita ao médico. Os tratamentos de nada servem, mas algumas "bengalas" e uma vida sã ajudam a preservar boas funções cerebrais.

Declínio a partir dos 60 anos
Segundo o professor Mamede Carvalho, neurologista no Instituto de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Lisboa, “a capacidade de nomeação, ou seja, de recordar um nome específico, sofre um declínio a partir dos 50 ou dos 60 anos. Mas isso não significa que deva ir logo ao médico. Um certo declínio da memória é normal, tal como perder capacidade de visão ou ficar com o cabelo mais branco.” Tal não deve ser encarado com grande preocupação, já que a maior parte das falhas de memória são ocasionais e não perturbam a rotina diária. Com algumas medidas, é possível combater o “mal do tempo”. Além disso, o que se perde em memória com o passar da idade ganha-se noutras competências, como a linguagem.
Situações de stresse, depressão, alcoolismo, uso prolongado de antidepressivos e de ansiolíticos também afetam a capacidade de memorização, mas de forma reversível. Em regra, se adotar um estilo de vida mais saudável, o desempenho da memória volta a melhorar. Os esquecimentos só são preocupantes e devem ser avaliados por um especialista quando têm implicações nas atividades do dia-a-dia, como perder-se no caminho para casa ou esquecer-se dos medicamentos prescritos pelo médico, por exemplo. O mesmo sucede se surgirem na sequência de um acidente cerebrovascular, de traumatismo craniano e de doenças neurológicas, como Alzheimer.
Dicas para combater os esquecimentos
Não existem medidas milagrosas para impedir o natural envelhecimento do cérebro e a consequente perda de capacidade de memorização. As vitaminas e os suplementos à base de fósforo não têm eficácia comprovada no combate a este tipo de problemas. Apesar disto, Portugal é o país do nosso estudo onde são mais consumidos: 38% contra 2% em Espanha, 14% na Bélgica e 18% em Itália.
Segundo o professor Mamede Carvalho, prescrever uma caixa de vitaminas ou de suplementos a pessoas sem problemas de memorização significativos, como estudantes, pode ser uma ajuda, na medida em que ajuda a reduzir a angústia e dá alguma segurança. Já em patologias diagnosticadas, como demência ou Alzheimer, entre outras, a medicação é fundamental para controlar alguns sintomas. Mas é certo que não recupera a memória.
A melhor forma de preservar esta capacidade é levar um estilo de vida saudável:
- limite o consumo de álcool e de substâncias psicotrópicas. Mantenha-se fisica e mentalmente ativo. O exercício, como andar a pé ou modalidades de relaxamento, reduzem os níveis de stresse, a ansiedade e a depressão, fatores prejudiciais para a memória;
- os medicamentos calmantes, por causarem sonolência, poderão interferir no processo de memorização. Procure alternativas com o seu médico;
- a médio e longo prazo, a saúde física e mental ficam afetadas pela “dívida de sono”. Respeite o tempo de repouso necessário, geralmente, entre sete e oito horas para os adultos;
- planifique tarefas, faça listas de compras e recorra a auxiliares de memória, como blocos de notas e agendas. As mnemónicas
ligando ideias e factos difíceis de reter
mnemónica In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-02-24].
Disponível na www: <URL: https://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/mnem%C3%B3nica>.ligando ideias e factos difíceis de reter(por exemplo, repetir a primeira letra de várias ideias a memorizar) são também boas estratégias.
mnemónica In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-02-24].
Disponível na www: <URL: https://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/mnem%C3%B3nica>.
Se as falhas de memória se agravam e o preocupam, consulte o médico de família.