Controlar a febre: como agir

A febre é uma reação natural do organismo que alerta para algo que não está bem com o corpo. Embora o paracetamol e o ibuprofeno sejam antipiréticos muitas vezes úteis, a administração destes medicamentos a crianças com febres baixas pode, por vezes, ter efeitos adversos.
Outros aspetos que influenciam a temperatura corporal incluem: o ritmo circadiano (ritmo biológico do corpo humano durante aproximadamente 24 horas, sendo que se constata que a temperatura é regra geral mais baixa por volta das 4 horas e mais elevada pelas 18 horas), a temperatura ambiente, o vestuário, a atividade física e as alterações emocionais.
Diferentes temperaturas em diferentes pontos de medição
A temperatura corporal obtida depende de vários fatores, como a zona do corpo onde é medida e até a hora do dia em que a medição é feita.
A medição retal é a mais adequada para bebés e a mais fidedigna de todas. Nesse cenário, uma temperatura corporal de 38º C ou mais é considerada febril.
Já a medição no ouvido, embora mais cómoda, implica o uso de um termómetro adequado e apresenta uma margem de erro maior; neste caso consideram-se febris as temperaturas a partir dos 37,6º C. Saiba mais sobre os diferentes tipos e aparelhos de medição, nas nossas dicas sobre termómetros.
Combater as altas temperaturas sem abusar dos medicamentos
Crianças ou adultos com febre costumam exibir um comportamento apático, irritável e ter menos apetite. Genericamente falando, a febre não é considerada significativa abaixo dos 38ºC.
Caso a subida de temperatura seja moderada, abaixo de 39ºC, é importante beber muitos líquidos, usar roupa leve e repousar num ambiente com temperatura amena (cerca de 20ºC). Um banho com água morna também ajuda a diminuir a febre.
Se a temperatura não baixar, podem ser administrados antipiréticos comuns, como o paracetamol ou o ibuprofeno. No caso das crianças, a toma deve ser feita em doses adequadas para a idade e com o objetivo de lhes proporcionar maior conforto. Se desconhecer a causa da febre, evite o ácido acetilsalicílico (presente na Aspirina e no Aspegic, por exemplo), pois, em casos raros, pode provocar vómitos, confusão ou coma.
Segundo um novo guia lançado pela Academia Americana de Pediatria, uma organização integrada por 64.000 pediatras que é uma referência para os profissionais da especialidade, estes medicamentos tendem a ser administrados excessivas vezes ou de forma incorreta pelos pais aos filhos. O risco de sobredosagem parece ser maior quando é observado o uso de terapias combinadas, como alternar entre paracetamol e ibuprofeno.
A organização afirma que tal quadro se verifica sobretudo em cenários de febre baixa ou não febris, sendo também frequente a utilização de doses desadequadas. De acordo com as diretivas desta organização, se a criança está a dormir confortavelmente não deve ser acordada para tomar antipiréticos.
Destes erros podem advir consequências como o prolongamento do estado febril. Consulte o nosso simulador de analgésicos para crianças para saber quais as doses certas a administrar, consoante o peso e tipo de medicamento.
A subida muito rápida da temperatura pode dar origem a convulsões, sobretudo entre os 6 meses e os 5 anos. Neste cenário, a criança treme com movimentos abruptos que podem envolver todo o corpo ou apenas um dos lados. Para evitar que se magoe, deve deitá-la sobre uma superfície plana, de lado, com uma almofada debaixo da cabeça, e afastar objetos que possam magoá-la.
Muitos dos episódios febris duram entre 1 e 3 dias e não têm complicações graves. Deverá, contudo, consultar o médico de família ou o pediatra se:
- a febre for acompanhada por sintomas significativos;
- a criança padecer de uma doença crónica;
- a temperatura for demasiado elevada (40ºC) e persistir por mais de 3 dias, apesar da toma de medicação.