Cosméticos: veja mais do que o rótulo e as promessas

Embalagens de cosméticos com bebés, flores ou fundos com o mar não garantem ingredientes 100% naturais ou que não causam alergias. Saiba como ler o rótulo e não se deixar iludir por imagens muito "verdes".
Os produtos que usa para proteger, limpar e dar melhor aspeto ou odor à pele, ao cabelo, às unhas e à boca são cosméticos. Nenhum tem propriedades terapêuticas. Estas são exclusivas dos medicamentos.
Em certas condições e concentrações, alguns conservantes, perfumes e outros ingredientes adicionados aos cosméticos, por exemplo, para suavizar ou tornar os produtos mais fluidos, podem ter efeitos indesejáveis. O rótulo é o melhor aliado na escolha.
Com o princípio da precaução em mente, a animação abaixo indica as nossas recomendações de uso de acordo com o risco potencial e ajuda a optar pela composição mais segura.
Cosméticos e risco potencial
Produtos que ficam na pele
Cremes, desodorizantes, protetores solares e produtos de maquilhagem

Grávidas
e bebés

Mais de
3 anos

Grávidas
e bebés

Mais de
3 anos
Produtos laváveis
Géis de banho, champôs, sabonetes, cremes de barbear e pastas de dentes

Mais de 3 anos

Produtos que ficam na pele
Grávidas e Bebés
Desreguladores endócrinos








Perfumes


Substâncias irritantes



não recomendamos

a evitar, se possível

risco reduzido, não aconselhável, por exemplo, em pele sensível

pode usar
* seguro das pastas de dentes e elixires bucais

Grávidas e bebés

Produtos que ficam na pele
Mais de 3 anos
Desreguladores endócrinos








Perfumes


Substâncias irritantes



não recomendamos

a evitar, se possível

risco reduzido, não aconselhável, por exemplo, em pele sensível

pode usar
* seguro das pastas de dentes e elixires bucais

Mais de 3 anos

Produtos laváveis
Grávidas e Bebés
Desreguladores endócrinos








Perfumes


Substâncias irritantes



não recomendamos

a evitar, se possível

risco reduzido, não aconselhável, por exemplo, em pele sensível

pode usar
* seguro das pastas de dentes e elixires bucais

Grávidas e bebés

Produtos laváveis
Mais de 3 anos
Desreguladores endócrinos








Perfumes


Substâncias irritantes



não recomendamos

a evitar, se possível

risco reduzido, não aconselhável, por exemplo, em pele sensível

pode usar
* seguro das pastas de dentes e elixires bucais
Os riscos são maiores no caso dos produtos destinados a permanecer na pele, como cremes e maquilhagem, porque o tempo de contacto permite alguma absorção. As crianças até aos três anos, por estarem em crescimento e não terem as defesas bem desenvolvidas, são mais sensíveis a substâncias suspeitas. As grávidas são também mais vulneráveis.
Algumas substâncias podem desregular as hormonas
As substâncias suspeitas de serem desreguladores endócrinos levantam preocupação entre os consumidores. Podem alterar o funcionamento do sistema hormonal, afetar o crescimento e o metabolismo e causar problemas de fertilidade.
Os parabenos, substâncias conservantes, são os mais conhecidos do grupo. Apesar da má reputação, nem todos são perigosos. O methylparaben e o ethylparaben, por exemplo, nas quantidades permitidas nos cosméticos, não apresentam risco. Contudo, por precaução, não os recomendamos a grávidas e bebés. O propylparaben e o butylparaben apresentam um nível de risco mais elevado e devem ser evitados em cosméticos que ficam na pele. Estas substâncias são proibidas em produtos para aplicar na zona da fralda. O ethylhexyl methoxycinnamate (OMC), usado em muitos protetores solares, também pode perturbar o funcionamento das hormonas, se usado em elevadas quantidades. Já o triclosan, um antissético que faz parte da composição de vários produtos de higiene, pode contribuir para o aparecimento de resistências bacterianas. Nos dentífricos, esta substância é segura e benéfica se a concentração não ultrapassar 0,3 por cento. Os produtos de lavagem bucal não devem conter mais de 0,2 por cento.
O problema das alergias
A Comissão Europeia tem 26 substâncias identificadas como suscetíveis de causarem alergias. Os cosméticos que as incluem devem ser evitados por pessoas com pele sensível, tendência para alergias e crianças até aos três anos. Preste especial atenção aos que anunciam butylphenyl methylpropional: é irritante e, segundo o Comité Científico da Segurança dos Consumidores, pode induzir sensibilidade para alergias e não é considerado seguro para os consumidores. O seu uso é proibido.
Se sofre de aftas, o melhor é evitar dentífricos com sodium lauryl sulfate (SLS), já que podem agravar a dor e atrasar a “cura”. Ao contrário do que sugerem alguns boatos, não há provas de que a dita substância cause cancro. Também não está demonstrado que os sais de alumínio dos antitranspirantes sejam prejudiciais para a saúde. Este metal pode, contudo, adulterar o resultado da mamografia através do aparecimento de manchas, que podem confundir-se com sinais de cancro. Para evitar más interpretações, evite usar antitranspirantes quando fizer o exame.
Não se deixe iludir com o "greenwashing"
A preocupação dos consumidores com questões ambientais leva-os, cada vez mais, a escolher produtos sem ingredientes sintéticos, certos de que os naturais serão mais seguros para a saúde e para o ambiente. Mas isso nem sempre se verifica.
Perante esta tendência atual, proliferam produtos com rótulos associados à natureza, criando a ilusão de que apenas integram ingredientes vegetais ou que são mais “amigos do ambiente” (é o chamado "greenwashing"). Na pele de qualquer consumidor, fomos espreitar as prateleiras de produtos cosméticos no supermercado e em farmácias, e levámos no cesto de compras, um pouco ao acaso, alguns cremes e óleos hidratantes aparentemente “verdes”. A nossa especialista analisou os rótulos, e o resultado é surpreendente.
Por trás de embalagens muito “naturais”, escondem-se, por vezes, substâncias pouco "amigas" do ambiente, como pode ver nos exemplos que destacamos abaixo. Note que são apenas três de entre muitos exemplos de produtos que recorrem a este tipo de estratégia para iludir o consumidor, com rótulos e nomes sugestivos, a que se dá o nome de “greenwashing”.
“Bio” que não é biológico
O nome e a embalagem sugerem ser um produto biológico, quando, na verdade, inclui parafina líquida, derivada do petróleo, que, embora seja segura para a pele, não é facilmente degradável. Nalguns países europeus, como Alemanha e França, as leis que protegem as certificações orgânicas forçaram o fabricante a mudar o nome para Bi-Oil, por alegado greenwashing. E em Portugal? Questionamos o Infarmed sobre este assunto.
Simplesmente duvidoso
Suave e neutro, só na aparência
Com as cores suaves e neutras, a espiga na embalagem e a mensagem “Active naturals” por baixo da marca, poderia ser um produto “verde”. Mas não: além de parafina líquida, inclui BHT, muito tóxico para os organismos aquáticos, persistente e pouco biodegradável. Para completar o cocktail, recorre a uma fragrância com forte potencial alergénico (benzyl alcohol). A evitar, portanto, por pessoas com tendência para alergias.
Estar informado e saber ler o rótulo são as melhores formas para acertar na compra. Veja também como pode ser um consumidor mais informado e sustentável.
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