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Cosméticos: como evitar e tratar alergias

Cremes, champôs, tintas para o cabelo, géis de banho, maquilhagem ou loções para a barba são produtos cosméticos que podem causar alergias ou irritações na pele. Faça boas escolhas e não arrisque a sua saúde.

02 maio 2023
Rosto de mulher com área destacada com um círculo com alergia

iStock

Cremes, champôs, tintas para o cabelo, géis de banho, maquilhagem ou loções para a barba podem causar alergias ou irritações na pele. Mesmo um produto usado há algum tempo e que sempre foi tolerado pode causar reações alérgicas ou irritações pontuais, se o sistema imunitário estiver debilitado.

Os problemas mais comuns são as dermatites de contacto alérgicas ou eritemas, inflamações causadas pelo contacto com uma determinada substância. A pele fica vermelha e inflamada e podem surgir comichão, borbulhas e descamação na área que entrou em contacto com o alergénio. Nalguns casos mais graves, pode ocorrer asma brônquica. Alguns produtos podem causar também irritações nos olhos. É o caso de certos géis de banho e champôs.

Os alergénios mais comuns em produtos cosméticos são as fragrâncias, os conservantes, os corantes capilares e os antioxidantes.

Reações alérgicas a cosméticos

Leia com atenção os ingredientes indicados na embalagem. Qualquer ingrediente pode ter potencial de desencadear uma reação alérgica em indivíduos suscetíveis.

O conservante metilisotiazolinona, devido ao seu elevado potencial alergénico, só pode ser usado até uma concentração máxima considerada segura e em produtos enxaguáveis (como o champô ou o gel de banho).

Em tintas para o cabelo, os alergénios mais comuns são os corantes, nomeadamente a p-fenilenodiamina e derivados. A sua utilização é permitida, mas sujeita a restrições. 

Os sulfitos e bissulfitos, ingredientes com ação antioxidante, demonstraram ser alergénios relevantes, pelo que a legislação define a concentração máxima destes em produtos capilares e autobronzeadores.

Os produtos cosméticos são desenvolvidos de forma a minimizar o risco de reação alérgica, sendo que os alergénios mais frequentes, embora permitidos pela legislação europeia, estão sujeitos a restrições. No entanto, o risco de desenvolver reação alérgica e a severidade desta dependem da sensibilidade de cada pessoa.

Fragrâncias a evitar 

As fragrâncias com elevado potencial alergénico estão previstas no regulamento dos produtos cosméticos, mas com restrições. Os fabricantes são obrigados a indicar, nos rótulos dos produtos, a presença destes ingredientes, sempre que presentes em determinada concentração.

Na lista abaixo, apresentamos as fragrâncias que potencialmente podem causar alergias. 

Perfumes: substâncias alergénicas
Alpha-isomethyl Ionone 3-Methyl-4-(2,6,6-trimethyl-2-cyclohexen-1-yl)-3-buten-2-one
Amyl cinnamal Amil cinamal
Amylcinnamyl alcohol Álcool amilcinamílico
Anise alcohol Álcool anisílico
Benzyl alcohol Álcool benzílico
Benzyl benzoate Benzoato de benzilo
Benzyl cinnamate Cinamato de benzilo
Benzyl salicylate Salicilato de benzilo
Cinnamal Cinamal
Cinnamyl alcohol Álcool cinamílico
Citral
Citronellol Citronelol
Coumarin Cumarina
Eugenol
Farnesol
Geraniol
Hexyl cinnamal Hexilcinamaldeído
Hydroxycitronellal Hidroxicitronelal
Isoeugenol
Limonene Limoneno
Linalool Linalol
Methyl 2-octynoate Carbonato de metil-heptino
Oak moss Extrato de musgo de carvalho
Tree moss Extrato de musgo de árvore

Os compostos odoríficos e aromáticos e as respetivas matérias-primas são referidos pelos termos “parfum” ou “aroma”. Na prática, o consumidor não tem informações sobre o que está a usar, porque o fabricante não tem de identificá-los no rótulo. Apenas se forem utilizadas as fragrâncias acima indicadas, em determinada concentração, é obrigatória a sua menção. Uma maior transparência nos rótulos permitiria um melhor diagnóstico nos casos de dermatite de contacto, por exemplo. 

“Hipoalergénico” não é garantia

“Hipoalergénico” é uma alegação frequente, mas não significa que o produto seja inócuo. De acordo com as orientações da Comissão Europeia, esta alegação apenas pode ser utilizada quando o produto cosmético foi formulado de forma a minimizar o seu potencial alergénico. As fragrâncias alergénicas anteriormente listadas, por exemplo, não podem fazer parte da composição destes produtos.

No entanto, qualquer substância presente na composição de um produto cosmético pode ser responsável por uma reação alérgica: emulsionantes, antioxidantes, excipientes, entre outros.

O uso da alegação "hipoalergénico" não garante uma completa ausência de risco de uma reação alérgica, e o produto não deve dar a impressão de que o faz.

Conselhos para não arriscar

  • Antes de comprar um cosmético, leia atentamente o rótulo e verifique se não existem componentes aos quais é sensível ou alérgico. Caso tenha uma pele sensível, opte por produtos sem perfume ou corantes.
  • Lave as mãos antes de aplicar um creme. Mantenha limpos os acessórios em contacto com a maquilhagem, como pincéis, esponjas e espátulas, entre outros. Lave-os com alguma periodicidade com água e sabão e deixe-os secar por completo antes de voltar a usar.
  • Aplique perfume na roupa, em vez de diretamente na pele.
  • Respeite os prazos de validade, sobretudo os das embalagens abertas, e mantenha os produtos nas embalagens originais.
  • Guarde os produtos cosméticos em lugar fresco, seco e ao abrigo da luz.
  • Se ocorrer alguma alteração de coloração, textura ou cheiro, não use o produto.
  • Antes de aplicar coloração no cabelo, teste: coloque um pouco do produto atrás da orelha, deixando secar sem lavar. Se nas 48 horas seguintes não houver alterações na pele, pode avançar. Siga as instruções do folheto na preparação da tinta. Se sobrar tinta, não guarde para futuras aplicações, porque estes produtos perdem rapidamente as suas propriedades.
  • Se sofrer um efeito indesejável, lave a área atingida com água fria e aplique compressas frias, para aliviar a comichão, sem esfregar.
  • Não arranhe, nem exponha ao sol a zona afetada.
  • Caso suspeite de determinado produto, não o use. Consulte um dermatologista e leve o produto em questão. Assim, o médico pode identificar o alergénio e evitar que o episódio se repita com outros produtos.
  • Se ocorrer um efeito indesejável após utilizar um produto cosmético, notifique o Infarmed, através do sistema de cosmetovigilância.

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