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André
Gouveia, CFA
Analista financeiro independente, certificado pelo CFA Institute e registado na CMVM.
Mestre em Finanças pelo ISEG.
Fundo de investimento utiliza swap para garantir capital
Há 2 anos - 4 de dezembro de 2020
André
Gouveia, CFA
Analista financeiro independente, certificado pelo CFA Institute e registado na CMVM.
Mestre em Finanças pelo ISEG.
O Bankinter PROTECCIÓN 2 não se trata de um fundo tradicional. De facto, apresenta como característica distintiva algo que parece muito aliciante: o fundo tenta assegurar (não garante formalmente) 90% do maior valor atingido pelo fundo até à data. Embora seja algo apelativo, e pode resultar num fundo de menor risco, naturalmente que há um reverso da medalha.
Esta “garantia” é obtida por intermédio de um contrato de swap entre instituições financeiras. Um swap é uma troca de pagamentos. Neste caso, presume-se que o fundo faz pagamentos constantes à outra parte do swap, e em troca receberá pagamentos caso o valor do fundo desça abaixo do estabelecido.
Pode pensar nisto como um seguro: faz-se pagamentos regulares e só se recebe em caso de “desgraça”, ou seja, se o fundo desvalorizar. É essa a contrapartida da garantia: os custos deste contrato vão ser deduzidos à rentabilidade do fundo, limitando os ganhos deste.
Imagine, por exemplo, que o gestor do fundo obtém um ganho anual de 6% para o investimento, mas os custos da cobertura deduzem 2% a este rendimento, resultando num fundo que rende só 4% ao ano. Por outras palavras, não irá atingir valores tão altos como os fundos sem garantia, mas evita perdas catastróficas a partir desses valores.
Demasiadas incógnitas
Os valores referidos são totalmente a título de exemplo, já que não sabemos o rendimento que o fundo poderá obter. Note contudo que, ao atribuir no mínimo 30% do investimento a liquidez (dinheiro, depósitos e outros produtos de curto prazo e baixo risco, e com rendimento igualmente baixo), o risco e o ganho potencial serão à partida bem menores que o de um fundo “puro” de ações.
Em resumo, este tipo de garantia é uma vantagem porque limita a perda mas, obviamente também impede que o produto obtenha todo o potencial dos mercados. Esta configuração introduz um risco adicional: o risco da contraparte, a possibilidade de que a instituição financeira do outro lado do swap não possa cumprir as suas obrigações. Embora na verdade este risco tenda a ser pouco significativo.
Dado que não tem histórico, não dá para avaliar se a gestão consegue bons resultados neste enquadramento. A política de investimento definida também é muito vaga para dar margem de manobra à gestora, pelo que o desempenho potencial deste fundo é uma incógnita. Mas, por norma, não aconselhamos este tipo de produtos estruturados. É preferível uma exposição clara ao mercado e numa ótica de longo prazo.
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