Previsão de crescimento da economia portuguesa de 6,4% em 2022

Apesar de parecer elevada, a nova previsão de crescimento não é demasiado ousada. Vejamos porquê.

De acordo com o INE, o PIB português estagnou no segundo trimestre deste ano. E mesmo que assim continue no terceiro e quarto trimestres de 2022, a comparação com riqueza gerada em 2021 revela um crescimento de 6,3%.

Logo, a previsão do Governo apenas assume sobretudo que não haverá uma queda do PIB até ao final do ano.

Alguns dados do terceiro trimestre parecem confirmar este cenário. Por exemplo, o setor do alojamento turístico registou 3 milhões de hóspedes em julho de 2022, o que já está acima dos valores pré-pandemia de 2019 (+6,3%).

O índice volume de negócios na indústria registou uma variação mensal de 1,1%. Nos serviços avançou 0,7%. Até o indicador de confiança dos consumidores estabilizou em agosto, mantendo-se num patamar relativamente estável desde a forte queda registada em março.

Por fim, em julho, a taxa de desemprego situou-se em 5,9%, próximo do observado em fevereiro (5,7%), o valor mais baixo dos últimos 10 anos.

Em suma, não há sinais de recessão económica no presente. Já a reta final do ano poderá ser mais desafiante. Os problemas de fornecimento energético em países europeus nossos parceiros poderão ter um impacto negativo nas exportações e consequentemente no PIB português.

Se a indústria germânica ficar paralisada é improvável que o resto da Europa não seja arrasta pela crise, mesmo que de menor dimensão.

Por cá, a subida dos juros e da inflação também vai acabar por atingir os bolsos dos portugueses e fazer vacilar o consumo. O que resta é um elevado nível de incerteza sobre a dimensão desses impactos externos e internos.

A bolsa de Lisboa já tem beneficiado do melhor desempenho relativo da economia nacional. Mas a presença de várias empresas do setor energético na praça lisboeta também contribui significativamente para esse resultado.

O índice PSI valoriza 8,2 % em 2022, enquanto a o índice pan-europeu Stoxx cai 7%. É uma inversão do que sucedeu na última década, em que o nosso mercado ficou claramente para trás.

Há empresas nacionais ainda com boas perspetivas de valorização a longo prazo: veja os nossos conselhos.