Petróleo: para onde caminha o barril?

O primeiro semestre foi marcado por um mercado petrolífero onde a procura evolui mais depressa do que a oferta, impulsionando os preços. De acordo coma AIE, a história pode muito bem ser diferente no resto deste ano.

Por um lado, a variante Delta está a progredir e a forçar algumas economias (particularmente na Ásia) a impor restrições à atividade, o que inevitavelmente pesa sobre a procura global de crude. Por outro, os membros da OPEP concordaram em aumentar a produção para alinhar melhor a sua oferta com a procura esperada. Isto deverá resultar em mercados mais próximos do equilíbrio ao longo do ano e, consequentemente, preços menos elevados do barril.

Para 2022, a AIE espera um regresso significativo da produção de certos países, em particular dos Estados Unidos. Atingidos pela queda dos preços dos barris para níveis negativos na primavera de 2020, os produtores venderam a sua produção de 2020 e 2021 a preços descontados nos mercados de derivados para garantir a sua sobrevivência. Gradualmente libertados destes contratos, os produtores americanos terão todo o gosto em vender novamente aos preços de mercado, incentivando-os a tornarem-se mais ambiciosos e a produzirem mais.

E como a evolução da pandemia e das novas variantes permanece uma incógnita, a AIE não descarta uma produção excedentária de hidrocarbonetos em 2022, o que colocaria os preços do barril sob pressão.

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O regresso dos preços do petróleo a níveis mais baixos nos próximos trimestres é uma boa notícia para os investidores que estão preocupados com a subida da inflação. Assim, os principais bancos centrais podem ser ainda mais cautelosos na sua estratégia de saída, retirando o apoio às economias (e aos mercados financeiros) apenas de forma muito gradual. Certamente boas notícias para as valorizações das bolsas. Ao invés é negativo para o setor petrolífero, um setor que não recomendamos até porque a médio prazo a transição energética cria muita incerteza sobre evolução do preço do crude.