A educação e a formação profissional são duas vítimas colaterais da crise da covid-19. Abandono escolar, formações interrompidas e difícil integração no mercado de trabalho são fatores que vão penalizar as pessoas para o resto da vida.
Os danos serão ainda mais dramáticos nos países em vias de desenvolvimento. Dezenas de milhões de pessoas vão cair na pobreza extrema este ano. Nos países emergentes, muitos terão de abandonar os seus sonhos de ascender a uma classe média. A pandemia também pôs um travão à migração dos trabalhadores. Trata-se da transferência de mão-de-obra para setores mais produtivos no mesmo país e a nível internacional.
Por último, a empregabilidade de uma pessoa em paragem forçada diminui rapidamente. O desemprego elevado desencoraja a procura de emprego. Com a crise, muitas pessoas deixarão o mercado de trabalho e as competências serão perdidas.
Colapso do investimento
A crise também afeta o capital físico. Este ano, o investimento diminuiu drasticamente. A crise mudou radicalmente as perspetivas e a rentabilidade de certas atividades. Alguns projetos foram adiados, outros foram permanentemente enterrados e levará tempo para que surjam novos a assumir o seu lugar. Esta situação é particularmente prejudicial nos países emergentes.
Para combater a fraca produtividade, as necessidades de investimento são enormes e essenciais para o desenvolvimento económico. Acresce ainda que o colapso do investimento não tem a ver apenas com os equipamentos. Também abrandou a investigação, o progresso tecnológico e a adoção de processos produtivos mais eficientes.
Crescimento enfraquecido
A procura global permanecerá enfraquecida durante vários anos. Nos países desenvolvidos, é provável que as famílias aumentem as suas poupanças de precaução em detrimento do consumo.
Os países pobres e em vias de desenvolvimento sofrerão uma enorme diminuição das remessas dos emigrantes. A pandemia também terá um impacto a longo prazo na produtividade.
Desde 2000, as várias epidemias (gripe H1N1, ébola) reduziram a produtividade do trabalho nos países afetados em 6%, cinco anos após a crise sanitária. É o resultado de um menor investimento e da perda de capital humano.
Numa escala sem precedentes na história recente, a pandemia, através da erosão da produtividade, reduz o potencial crescimento económico a longo prazo.
Evolução do PIB mundial (%)
Consequências para o investidor
Em primeiro lugar, a menor procura pesará sobre os preços das matérias-primas. Uma recuperação do barril para mais de 100 dólares, não está na ordem do dia.
Não se antecipa uma recuperação acentuada das cotações que conduza a pressões inflacionistas. A persistente debilidade dos preços permitirá aos bancos centrais prosseguir a política altamente acomodatícia. Não devemos esperar um aumento significativo das taxas de juro nos próximos anos.
No entanto, ainda que não ofereçam rendimentos atrativos, as obrigações são úteis para reduzir o risco de uma carteira. A valorização deverá ser procurada do lado das ações, mesmo que seja desafiante.
Numa economia menos dinâmica, os lucros das empresas estarão sob pressão. Pode apostar no mercado global, através de um fundo ou ETF, mas a melhor opção passa por uma seleção mais fina dos mercados que merecem um investimento. Veja as nossas estratégias.