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Já há acordo para a taxonomia verde dos produtos financeiros
Há 3 anos - 9 de dezembro de 2019O vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, anunciou na semana passada, por ocasião da cimeira do clima da ONU (COP25), em Madrid, que as instituições financeiras haviam chegado a um compromisso sobre a “lista verde” (ou taxonomia) para as atividades económicas verdes.
De acordo com este responsável, citado pela imprensa, este sistema irá ajudar a determinar se um investimento é "realmente verde", o que permitirá lutar contra o "greenwashing" (instrumentos financeiros que se dizem verdes, mas no fundo não o são).
Em junho, a Comissão Europeia já havia produzido um relatório onde estabelecia a base para uma futura regulação do tema e, entre outros pressupostos, definia que para se estar alinhado com esta taxonomia eram necessários 3 tipos de informação: despesa ou receita discriminada de acordo com as atividades definidas nesta taxonomia; desempenho da atividade face aos critérios estabelecidos ou dados de gestão sustentável a serem usados como proxy dos critérios DNSH (Doing No Significant Harm); e, por último, informação sobre questões sociais, incluindo políticas de direito de trabalho, sistemas de gestão, auditorias e relatórios.
Faltam medidas vinculativas
É necessário, porém, questionar a sinceridade desta nova vocação ambiental. Por exemplo, o caso da gigante brasileira de carne JBS, que dedica parte de seu relatório anual à sustentabilidade dos seus negócios, mas que, ao mesmo tempo, está envolvida num caso de corrupção onde é acusada de financiar a desflorestação da Amazónia.
Para já, o problema reside no facto de o compromisso dessas empresas com o ambiente não ser acompanhado por nenhuma medida vinculativa. Além disso, a análise ESG (Environmental Social Governance) utiliza documentos informativos desenvolvidos pelas próprias empresas. Como não há regras ou obrigações a esse respeito, existe margem para interpretar o termo sustentável. E o que é sustentável para uns, não é necessariamente para outros.
Por enquanto, a falta de uniformidade dos critérios ESG torna impossível compará-los entre si atribuindo um rótulo de total credibilidade. Mas o caminho faz-se caminhando. E esta recente notícia do acordo alcançado pelas instituições financeiras é um bom sinal.
A introdução deste novo padrão deverá permitir uma clara melhoria na qualidade dos critérios ESG. Por outro lado, irá evitar que as empresas, naturalmente inclinadas a se apresentarem da melhor maneira possível junto dos investidores, enviesem a realidade. Finalmente, vai permitir ao investidor estimar os riscos a que se expõe em caso de má conduta da empresa.
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