- Investimentos
- Mercados e Moedas
- Investir em bitcoins e outras criptomoedas
- Como funciona a Bitcoin?
Como funciona a Bitcoin?
Há 4 anos - 15 de dezembro de 2017A Bitcoin foi criada com o “objetivo de facilitar pagamentos entre duas partes sem recorrer a instituições financeiras”. A mesma foi apresentada para resolver o problema das “despesas” que as instituições cobram para executar e validar essas transações, descreve o artigo original da Bitcoin, que está assinado por “Satoshi Nakamoto” (ainda não se sabe a verdadeira identidade de Satoshi Nakamoto).
O que é a Blockchain?
A Bitcoin funciona graças a uma plataforma chamada “blockchain”, que é uma tecnologia criada para tirar partido dos avanços da encriptação de dados (criptografia). Essa blockchain é, literalmente, uma “corrente de blocos”. De cada vez que uma bitcoin é “minada”, acrescenta-se mais um “bloco” de informação à “corrente” existente que vai armazenar nova informação referente às transações mais recentes.
As bitcoins propriamente ditas são linhas de código informático encriptado (ou cifrado). Mais concretamente são, grosso modo, uma lista de transações entre carteiras de bitcoins (“bitcoin wallet”), que correspondem a endereços informáticos. Os detentores de “wallets” possuem dois tipos de chaves criptográficas: as públicas e as privadas.
As privadas são utilizadas pelo utilizador como assinatura da transação, ou seja, provam que esse utilizador possui de facto as bitcoins que está a transacionar. Através da chave pública, os outros membros da rede conseguem verificar que de facto a transação foi corretamente autorizada. Sem, contudo, terem acesso à chave privada (isto é possível graças ao sistema de criptografia assimétrica).
Confuso? Vejamos o seguinte exemplo
Imagine um grupo de amigos que resolvem criar uma “PAPELCoin” para pagar coisas entre eles. O André pega num papel e escreve: “cedo esta PAPELcoin à Beatriz”, e escreve a sua assinatura em código. Uma cópia é enviada para todos os amigos deles, que verificam que o código — depois de descodificado — bate certo com a assinatura pública. Portanto, toda a gente confirma que a “PAPELCoin” é agora da Beatriz.
A Beatriz quer agora passar a “PAPELcoin” ao Carlos. Acrescenta então outra folha de papel onde escreve: “cedo esta PAPELCoin ao Carlos” e assina com o seu código. Todos os amigos recebem uma cópia das duas folhas, e confirmam que a “PAPELCoin” passou efetivamente do André para a Beatriz, e dela para o Carlos. Quando o Carlos pagar a alguém, acrescenta uma terceira folha em termos semelhantes, e assim se vai adicionando folhas (os “blocos”) com informação atualizada à “corrente”( a blockchain).
Como se “minam” bitcoins?
Voltando ao nosso exemplo, é notório que, como a lista de folhas é cada vez maior, dá cada vez mais trabalho verificar. É o que acontece com as bitcoin: à medida que são transacionadas, é preciso cada vez mais capacidade informática para descodificar toda a cadeia e verificar que as transações são autênticas.
Ora, é aqui que entram os “mineiros” que são todos aqueles que disponibilizam capacidade de processamento para resolver o puzzle do código encriptado e confirmar as transações, acrescentando-as à “corrente”. Como recompensa, os “mineiros” recebem novas bitcoin – um incentivo à participação que permite manter a rede Bitcoin em funcionamento.
À medida que o número de transações aumenta, cresce o valor da criptomoeda e aumenta toda a cadeia tornando cada vez mais custoso “minar” novas moedas (ainda que a rede se ajuste à capacidade de processamento disponível).
Segurança (quase) inviolável
Num artigo que, de uma certa maneira, ditou o nascimento da Bitcoin em 2009, “Nakamoto” assegura que o sistema é seguro, quase inviolável, supondo que um atacante ou um grupo de atacantes não consegue controlar a maioria da cadeia de processamento da rede (blockchain). Ora, se isso fosse possível, a “versão” da cadeia das bitcoin — lançada pelos atacantes, seria considerada pela blockchain de “verdadeira”. Assim, o atacante poderia gastar duas vezes as mesmas bitcoins, rejeitar transações feitas por outras pessoas ou até desestabilizar toda a rede.
Este cenário parece à partida pouco provável pois, para controlar a rede maioritariamente, uma pessoa ou grupo, teria que investir em tanta capacidade de processamento como os restantes participantes da rede. À medida que esta vai crescendo, esse limiar vai-se tornando cada vez mais difícil de alcançar.
Contudo, já se esteve perto de tal acontecer. Em julho de 2014, um grupo de “mineiros” (GHASH) que agrupa seus recursos superou esse limiar (51% da capacidade da rede). Ao que se sabe, foi uma situação circunstancial, não tendo havido intenção maliciosa em tal ato.
Não podemos contudo descartar que a situação se venha a repetir sobretudo à medida que o sucesso da Bitcoin vai aumentando. O dispêndio de energia e necessidade de equipamento especializado levou a que a “mineração” de bitcoins esteja cada vez mais reservada a grupos restritos, com recursos em escala suficientemente capazes de manter a criptomoeda economicamente viável, criando uma espécie de oligarcas da Bitcoin.
O valor elevado da Bitcoin deve-se à complexidade da Blockchain?
Esta é uma confusão recorrente. Cada Bitcoin é apenas um produto da blockchain específica da Bitcoin e beneficia da segurança que a blockchain lhe dá, mas não confere nenhuns direitos ou qualquer vantagem em relação à tecnologia. Para alguém com os conhecimentos informáticos adequados criar uma “nova bitcoin” nada tem de complexo.
Uma boa analogia é uma página da Internet. Lá porque a Internet é ótima não quer dizer que todas as páginas sejam valiosas. Dito assim parece óbvio, mas na bolha tecnológica do ano 2000 havia empresas a negociar por valores astronómicos quando por vezes não passavam de meras ideias para sites.
De forma correspondente, a tecnologia blockchain veio para ficar, mas as aplicações individuais vão vingar ou falhar com base no valor que venham a criar para os utilizadores.
Por isso, apesar de na PROTESTE INVESTE reconhecermos o potencial revolucionário da blockchain, temos defendido que o investimento na Bitcoin é sobretudo motivado pela especulação, com todos os riscos que daí advém.
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTESTE, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.